Ticiano – Um dos grandes mestres do Renascimento

Ticiano é considerado um dos nomes mais importantes do Renascimento. O artista italiano viveu durante quase um século e o conjunto de sua obra antecipou muitos aspectos do  Barroco e até mesmo do modernismo, tornando-o fonte de inspiração para diversos pintores que vieram posteriormente. Seu trabalho é notadamente reconhecido pelos retratos de importantes figuras da época, além de paisagens, cenas religiosas e mitológicas.

Ticiano Vecellio ou Vecelli nasceu por volta de 1488 na comuna italiana de Pieve di Cadore. Filho de Gregorio Vecelli, um destacado funcionário do governo, demonstrou o seu talento para as artes precocemente e por este motivo foi enviado à Veneza aos 9 anos de idade para ser pupilo de Sebastiano Zuccato, famoso mosaicista da época.

Cerca de três anos depois, se transferiu para o ateliê de Gentile Bellini, cujo estilo e técnica não agradaram muito Ticiano. Assim, ele logo recorreu a Giovanni Bellini, irmão de Gentile e um dos primeiros mestres da escola veneziana e que teve grande influência sobre o desenvolvimento do estilo de Ticiano.

Um dos primeiros trabalhos que se atribui a Ticiano são os afrescos do edifício Fondaco dei Tedeschi, em Veneza. O trabalho de decoração fora encomendado pelos alemães para o pintor Giorgione que também havia sido discípulo de Giovani Bellini e Ticiano colaborou elaborando os afrescos da fachada.

Após a morte precoce de Giorgione, em 1510, Ticiano já havia conquistado prestígio e uma fiel e abastada clientela que disputava espaço na concorrida agenda do pintor veneziano. Com a morte de Giovanni Bellini em 1516, no entanto, Ticiano assumiu o posto de pintor oficial da República. Naquele mesmo ano foi contratado para pintar A Assunção de Nossa Senhora para o altar-mor da Igreja de Santa Maria dei Frari.

Ticiano atingiu a maturidade de sua obra por volta de 1530. Seu estilo tornou-se muito mais dramático, suas pinceladas livres e expressivas se destacavam pelo emprego de uma tinta sutil. Entre suas principais obras estão O Nascimento de Adonis (1510), Adoração de Vênus (1520), A virgem com o coelho (1530), O imperador Carlos V em Muhlberg (1548) e O retrato de Felipe II com armadura (1551).

Apesar de ser acusado de trabalhar de maneira muito lenta, Ticiano despertava a admiração e amizade de pessoas bastante influentes, como o Duque Federico II Gonzaga, sobrinho de Alfonso d’Este que o apresentou ao rei da Espanha Carlos V a quem o artista retratou em diversas ocasiões. Já em 1545 foi convidado e recebido pelo próprio Papa Paulo III em Roma e nesta ocasião também conheceu Michelangelo.

Os últimos anos de Ticiano foram dedicados mais ao trabalho como retratista, mesmo com a sua visão já enfraquecida e a mão já não tão firme por conta da idade. O artista, porém, continuava incumbido da finalização de muitos trabalhos que eram tidos como de sua autoria. Ticiano faleceu em 27 de agosto de 1576, vítima da peste.


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As paisagens intensas do impressionista Armand Guillaumin

Embora não tenha atingido a mesma projeção artística que seus amigos impressionistas, o pintor francês Armand Guillaumin exerceu certa influência sobre os trabalhos de Paul Cézanne e participou de 8 exposições impressionistas. Com quadros espalhados pelos principais museus do mundo, o artista é reconhecido pelo uso de cores intensas e pelo retrato das paisagens parisienses.

Jean-Baptiste Armand Guillaumin nasceu em 16 de fevereiro de 1841, em Paris, França. Sua família era oriunda da classe trabalhadora de Paris, por isso, Guillaumin começou a trabalhar aos 15 anos na loja de lingeries de seu tio e a noite estudava desenho e pintura.

Em 1860 Armand Guillaumin se tornou empregado do governo ao ser contratado para trabalhar na construção da linha férrea de Paris-Orleans. Em seu tempo livre, continuava a se dedicar ao desenho. Entretanto, foi apenas em 1861 que ele ingressou na Academia Suisse onde conheceu Paul Cézanne e Camille Pissarro que se tornaram seus amigos.

A proximidade com os fundadores do movimento impressionista propiciou que ele participasse do Salão dos Recusados, em 1863, exposição que aconteceu paralela ao Salão Oficial de Paris. Guillaumin também marcou presença nas primeiras exposições impressionistas nos anos que se sucederam.

Foi na década de 1870 que ele e o colega Pissarro se refugiaram no vilarejo Pontoise que, pouco afetado pela industrialização, era o cenário perfeito para os seus experimentos impressionistas. Cézanne juntou-se a eles apenas em 1872. As pinturas dessa época transportam para tela toda a magia dos efeitos da luz sobre as paisagens, ganhando diferentes tonalidades e nuances para retratar a impressão de um momento.

Já no final de 1886 tornou-se amigo de Vincent Van Gogh além disso, Theo Van Gogh atuou como seu marchand, comercializando alguns dos quadros de Guillaumin. Porém, o artista continuou com seu emprego formal até 1891 quando recebeu 100 mil francos na loteria federal, o que lhe permitiu dedicar-se exclusivamente à vida artística.

É na década de 1890 em que, antecipando a arte fauvista, Guillaumin recorre a um estilo mais subjetivo, marcado por cores mais intensas, escuras e expressivas. Entre as suas principais obras se destacam O Sene (1867), Pôr-do-sol em Ivry (1873), Valhubert (1875) e Os Palheiros (1890-95). O pintor francês impressionista faleceu aos 86 anos.


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Johannes Vermeer – o barroco holandês que destaca as cenas cotidianas

Representante do barroco holandês, Johannes Vermeer consagrou-se pelas suas pinturas de gênero que retratavam as cenas cotidianas domésticas, através de uma composição inteligente e admirável uso da luz por meio de cores brilhantes, transparentes e iluminadas. O artista viveu a chamada era de ouro da pintura holandesa e destaca-se na história da arte como um dos mais importantes pintores de seu país, ao lado de Rembrandt.

Nascido em 31 de outubro de 1632, em Delft, nos Países Baixos, Johannes Vermeer teve contato com a arte desde o berço. O pai era um comerciante do ramo artístico, o que influenciou na carreira do filho. Pouco se sabe sobre a vida pregressa do artista holandês, no entanto, algumas fontes citam que Vermeer estudou, entre 1652 e 1654, com Carel Fabritius, pintor holandês que foi aluno de Rembrandt.

Vermeer viveu em uma época de grande explosão artística e cultural, compreendida entre os anos de 1584 e 1702 e que ficou conhecida como Idade do Ouro Holandês. Neste período também ocorreu um grande desenvolvimento científico e comercial que elevou o país à categoria dos mais ricos do mundo.

Assim, o pintor holandês aproveitou para desenvolver uma arte que usava com singular habilidade o contraste entre luz e sombra tão característico da pintura barroca, especialmente de origem italiana. Porém, sua técnica se destacou principalmente pela iluminação que dava às suas pinturas, motivo pelo qual o artista ficou conhecido como “pintor da luz”.

Em suas obras mais reconhecidas, como Moça com Brinco de Pérola (1665) é possível ver como Vermeer trabalha a sua técnica de iluminação. Neste quadro, que inspirou até mesmo um filme sobre a vida do pintor e que ficou conhecido como A Monalisa do Norte, o ponto focal da pintura está no brinco usado pela moça que encara o espectador com intimidade.

O fundo escuro dá maior destaque para o semblante terno da jovem, além disso, o pintor também realçou o brilho em seus olhos e lábios. Com naturalidade, o artista ilumina as cenas cotidianas e realça a beleza dos momentos simples. Outros dos quadros mais importantes de Johannes Vermeer são A Alcoviteira (1656), A Leiteira (1658-1660), O Astrônomo (1668) e A Carta de Amor (1670).

Embora dono de uma técnica meticulosa e realista, Veermer também se situa no hall dos artistas que não obtiveram reconhecimento em vida. Assim como o pai, ele acabou entrando no ramo do comércio de obras de artes, visto que mal conseguia vender os seus próprios quadros. Morreu aos 43 anos deixando a mulher Catharina Bolenes e 11 filhos. Sua arte só foi redescoberta cerca de 200 anos depois, chamando a atenção de diversos críticos e estudiosos de arte. Contudo, atualmente apenas 32 obras são realmente reconhecidas pela autoria de Veermer, pois o pintor não costumava assiná-las.


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As paisagens brasileiras nas pinturas de Frans Post

Ao lado de alguns nomes expressivos da arte paisagista, Frans Post foi responsável pelos primeiros registros do Brasil em meados do século XVII. Integrando a comitiva do conde Maurício de Nassau, desembarcou no nordeste brasileiro, onde passou a documentar a topografia, arquitetura militar e civil, cenas de batalhas navais e terrestres.

Originário dos Países Baixos, Frans Janszoon Post nasceu em 1612 na cidade de Leyden. Post criou-se em Harleem, cidade próspera onde obteve uma boa formação artística, sendo um dos seus primeiros mestres o seu irmão mais velho, Pieter Post, que veio a se tornar um arquiteto renomado. Pieter Post foi o responsável por apresentar o irmão mais novo ao conde de Nassau, dando início a um dos mais importantes capítulos na vida artística de Frans Post.

Assim, Post chegou ao Brasil aos 25 anos de idade e no Novo Mundo ficou por volta de 8 anos. Durante a longa estadia encheu diversos cadernos com esboços das paisagens que observou e sob encomenda de Nassau pintou 18 telas em grandes dimensões, das quais apenas 7 se tem o atual paradeiro. Entre estes trabalhos destacam-se Vista da Ilha de Itamaracá (1637), Vista dos Arredores de Porto Calvo (1639) ou Forte Hendrik (1640).

Contudo, foi de volta ao seu país natal que Post produziu as obras mais significativas de sua carreira, inspirando-se nos esboços concebidos nos anos pregressos. Entre elas, destacam-se as ilustrações para o livro escrito por Gaspar Barléu e publicado a mando de Nassau para celebrar os anos em que passaram no Brasil.

A obra de Frans Post é considerada de grande importância para entender o Brasil do século XVII e é marcada por desenhos simplificados, porém detalhados que se mesclam em reproduções com clara influência do que era produzido pelos artistas holandeses na época. As cores, longe de chegarem aos tons reais, se apresentam delicadamente em tons rebaixados e homogêneos.

Os temas brasileiros se repetiriam ao longo de toda a vida artística de Post, atingindo o seu auge e maturidade entre 1660 e 1669. Sem a preocupação documental, o pintor dá vazão à sua criatividade e domínio da técnica artística. Post faleceu em Haarlem em 1680.


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As pinturas realistas e figurativas de Lee Price

Lee Price é uma artista americana que se dedica ao estilo realista figurativo de pintura. Suas obras procuram retratar a complexa relação entre as mulheres e os alimentos de uma maneira intimista, repleto de sentimentos como culpa, desejo e busca pela alegria. A figura feminina em suas pinturas sempre se encontra em momentos íntimos, cotidianos e solitários, retratada de um ponto de vista aéreo.

Lee cresceu em uma pequena cidade chamada Elmira, no interior de Nova York. Sua mãe era professora de arte do ensino médio e, por isso, Lee Price se interessou por arte desde o jardim de infância. Ela iniciou o curso de arte na Moore College of Art de Filadélfia com foco em ilustração, posteriormente mudou para pintura.

As pinturas de Lee são autorretratos em que mostram determinadas compulsões, muitas vezes alimentares, que surgem como uma tentativa de fugir à realidade através de momentos efêmeros de prazer. Assim, suas telas trazem toda a atmosfera anestésica dos subterfúgios que utilizamos para lidar com alguns aspectos do cotidiano. Além de tudo isso, os quadros trazem a mensagem do exagero, do desperdício.

É por este motivo, que a mulher, figura central de sua obra, aparece desnudando toda a repressão que sofreu da sociedade e da família ao serem criadas apenas para se doar. Nas telas de Lee Price a mulher abre as portas de seus segredos e apetites. A vista aérea por sua vez, proporciona a sensação de uma experiência extracorpórea ou mesmo voyeurista.

Primeiramente, as imagens são capturadas pelo fotógrafo Tom Moore e depois Lee Price as reproduz cuidadosamente com tinta óleo sobre tela de linho. Sempre que há a necessidade, a artista dilui a tinta em óleo de linhaça. Atualmente Lee mora no vale Hudson onde instalou seu estúdio, lugar em que passa mais de 70 horas por semana trabalhando em suas pinturas realistas.


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Francesco Guardi – um novo olhar para as paisagens venezianas

A cidade de Veneza na Itália revelou grandes mestres da pintura clássica, entre eles, destaca-se Francesco Guardi, pintor italiano considerado um dos últimos representantes da Escola Veneziana. De origem nobre, o artista ficou famoso como um dos maiores paisagistas do período Rococó.

Filho do pintor Domenico Guardi, Francesco Lazzaro Guardi nasceu em 5 de outubro de 1712, em Veneza. A família de Guardi era de Trentino e possuía certo renome na cidade. Após a morte do patriarca em 1716, o ateliê dos Guardi ficou sob os cuidados de Gian Antonio, irmão mais velho de Francesco.

Apesar de arte correr em seu sangue desde o berço, Francesco Guardi teve como mestre, além do irmão Gian Antonio, também o artista Canaletto, famoso por suas paisagens urbanas de Veneza e que teve grande influência sobre a linha artística que seu pupilo seguiria alguns anos depois. Posteriormente trabalhou na oficina de Michele Marieschi onde se aprofundou no estilo vedute, tipo de pintura que retratava as paisagens de maneira detalhista.

Apesar de suas primeiras obras remeterem ao estilo de seus mestres, Francesco Guardi logo rumou para o desenvolvimento de seu estilo próprio, bem mais solto. Costumava usar com frequência em suas obras o sfumato e pintura di tocco, técnica que se baseava em pequenas e fortes pinceladas pontuais.

A primeira obra assinada por Francesco Guardi foi Santo adorando a eucaristia (1739). Pintou também por ocasião da eleição do doge Alvise IV Mocenigo em 1763 uma série de 12 telas intitulada Festas do Doge. Já em 1778 recebeu do governo veneziano a encomenda de seis telas para comemorar a visita dos arquiduques à cidade e mais duas telas para a visita do Papa Pio VI. Destacam-se também entre as suas telas um olhar diferenciado sobre Veneza. Nestas, o artista italiano faz uma representação da dissipação da República de Veneza e faz uma breve descrição de sua decadência.

Em 12 de setembro de 1782, Francesco já com quase 70 anos foi admitido como membro da Academia de Belas Artes de Veneza. Seu irmão Gian Antonio faleceu em 1760 e desde então, Francesco ficara responsável pelo ateliê da família. O pintor veneziano faleceu em 1 de janeiro de 1793, porém seu estilo livre de pintura apareceria com força quase 1 século depois com o surgimento do movimento impressionista.


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As flores e fadas de Cicely Mary Barker

Cicely Mary Barker foi uma renomada ilustradora inglesa. É frequentemente lembrada por trazer o mundo mágico e florido das fadas em uma série de ilustrações. A artista era especialista em técnica da aquarela, mas também dominava a pintura a óleo e pastéis. Sua arte foi influenciada por Kate Greenaway e pelos pré-rafaelistas, além disso, era extremamente religiosa e chegou a produzir alguns livros com temática cristã.

Cicely nasceu em 28 de junho de 1895 Croydon, uma grande cidade localizada ao sul de Londres, na Inglaterra. Era a segunda filha do casal Walter Barker e Mary Eleanor Barker. Por ser epilética, Cicely era cuidada em casa e passou um tempo considerável de sua infância na cama, na companhia de livros e materiais de pintura.

Boa parte de sua formação artística foi através de cursos por correspondência, contudo, ela ingressou aos 13 anos na Croydon School of Art onde teve aulas até 1940 e inclusive chegou a lecionar na institução. Foi por volta de 1911 que Cicely começou a comercializar alguns de seus desenhos para Raphael Tuck & Sons que os transformou em cartões postais.

Após o falecimento de seu pai, Cicely Baker passou a enviar seu trabalho para diversas revistas ao mesmo tempo em que sua irmã abriu um jardim de infância na casa da família, um dos motivos que levou a artista a querer desenvolver trabalhos para o público infantil.

Entretanto, foi apenas em 1918 que o fantasioso mundo das fadas começou a integrar o seu trabalho através de uma série de postais que incluía também duendes. Cinco anos depois, a artista publicou ilustrações de fadas acompanhadas de versos e poemas e também a obra Flower Fairies of the Spring. Curiosamente suas personagens tinham como inspiração os alunos de sua irmã e as crianças da cidade.

A técnica artística usada por Cicely Barker era basicamente caneta e tinta, mas também continha óleo e pastéis. Frequentemente era vista com um caderno desenho onde capturava os traços de crianças que encontrava. Embora fosse influenciada pela famosa artista Kate Greenaway, as crianças de suas ilustrações eram menos melancólicas e com traço menos plano.

Cicely conquistou reconhecimento por seu trabalho com a série das fadas que persiste até os dias atuais. Contudo no final da década de 1920 ela decidiu contribuir para a comunidade religiosa criando obras de cunho sagrado. Sua irmã encerrou as atividades do jardim de infância em 1940 e em 1954 faleceu de ataque cardíaco. Após a morte da mãe, em 1960, a saúde da artista começou a deteriorar até o seu falecimento em 1973, aos 77 anos.

Muitos de seus esboços, pinturas e desenhos de crianças foram convertidos em doações para instituições de caridade quando a artista ainda estava viva. Os direitos da série Flower Fairies foi adquirido por uma divisão da Penguin Books e algumas de suas obras foram publicadas postumamente, como A Little Book of Prayers and Hymns (1994) e A Flower Fairies Treasury (1997).


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As pinturas hiper-realistas do austríaco Gottfried Helnwein

Gottfried Helnwein é um artista austríaco que ficou famoso por suas pinturas perturbadoramente hiper-realistas através das quais expõe os horrores que muitas vezes são tratados como tabus na sociedade, como guerras e violências diversas, especialmente a crueldade humana nestas situações.

Gottfried Helnwein nasceu em 08 de outubro de 1948 em Favoriten, um distrito de Viena, na Áustria. O jovem Helnwein cresceu sob o pesado clima que rodeava a sua cidade após o fim da Segunda Guerra Mundial. Todas as pessoas que conhecia estavam tentando passar a borracha sobre os aterradores acontecimentos vividos durante a guerra, o que despertava a curiosidade do jovem, justamente porque nunca tinha os seus questionamentos respondidos.

Foi assim, que cansado de não obter respostas, Helnwein decidiu se expressar por meio da arte. Em suas telas começou a dar vazão a todas as atrocidades que tinha conhecimento como também à ansiedade psicológica e sociológica. Um de seus primeiros trabalhos Life not Worth living (1979) foi inspirado em uma barbárie cometida durante o regime nazista. Também conseguiu ser aceito na Academia de Belas Artes de Viena ao submeter uma pintura em que mostrava um ato de violência.

Nesta época passou a fazer algumas performances pelas ruas de Viena em que saía envolto por bandagens que simulavam estar ensanguentadas. Como também passou a fotografar crianças igualmente enroladas em bandagens. O tema surgiu posteriormente em suas pinturas a óleo e acrílico, já no estilo hiper-realista, e ajudaram a alçar o seu nome internacionalmente.

De seus autorretratos e performances na década de 1980 resultaram em parcerias na área musical como a capa do álbum Blackout (1982) da banda Scorpions. Posteriormente contribuiu com uma sessão de fotos da banda Rammstein em 1997 e também na coleção The Golden Edge (2003) em que fotografou o músico Marylin Mason e sua esposa na época, Dita Von Teese.

Neste ínterim, a cultura pop se faz presente na arte de Helnwein através dos quadrinhos. Personagens como Pato Donald e animes japoneses são presenças marcantes em diversas de suas obras. Entre seus trabalhos mais significativos vale citar as séries O Murmúrio dos Inocentes e The Disasters of War.

O artista divide-se atualmente entre Los Angeles, onde instalou seu estúdio e a Irlanda, inclusive recebeu a cidadania irlandesa em 2004. Helnwein tem quatro filhos que também seguiram os passos do pai e se tornaram artistas. Em 2013 o Museu Albertina, em Viena, organizou uma exposição com uma retrospectiva de seu trabalho e recebeu mais de 250 mil visitantes.


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Lyonel Feininger – a arte expressionista com um toque de cubismo

Apesar de ter começado a trabalhar como artista plástico apenas aos 36 anos, Lyonel Feininger se desenvolveu no ofício com excelência e escreveu o seu nome na história da arte americana como um dos principais expoentes do expressionismo. Ao longo de sua carreira trabalhou também como fotógrafo, ilustrador e desenhista de história em quadrinhos. Lecionou na Bauhaus e ilustrou a capa do manifesto da Escola de 1919.

Lyonel Charles Feininger nasceu em 17 de julho de 1871 em Nova York. Descendente de alemães, aos 16 anos mudou-se para a Alemanha onde começou a estudar arte na Academia Real de Arte de Berlim onde teve aulas com Ernst Hancke. O jovem teve passagem por outras escolas de Berlin e também em Paris. Seu primeiro trabalho na área foi como caricaturista em importantes publicações de seu país na época como a Harper’s Round Table e Harper’s Young People.

Já aos 23 anos ele começou a trabalhar como cartunista para revistas francesas, alemãs e americanas. Em 1906 ilustrou duas histórias em quadrinhos para o Chicago Tribune, The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie World, oportunidade em que pode mostrar seu humor e experimentos gráficos, principalmente do uso naturalista da cor, o que ajudou a difundir o seu nome.

Aos 36 anos passou a se dedicar às artes plásticas e posteriormente ligou-se a importantes associações de artistas, como o Blaue Reiter e Os Quatro Azuis. Em 1911 expôs no Salão Independente de Paris. Além disso, foi o primeiro convidado a lecionar gravura na Bauhaus, quando Walter Gropius fundou a escola em 1919 é de Feininger a arte da capa do primeiro manifesto da Bauhaus, uma catedral em xilogravura.

A composição estética das obras de Feininger passa a ser enquadrada no expressionismo após o artista ter contato com os preceitos do Cubismo. O artista ficou conhecido por suas paisagens marítimas e por uma arquitetura pura e romântica. Sua natureza versátil fez com que ele também realizasse trabalhos como compositor e pianista, assim como o seu pai, o compositor alemão Kark Feininger. De 1928 a 1950, Feininger um grande número de obras fotográficas que ficaram restritas ao seu círculo íntimo de amigos.

O artista americano foi forçado a deixar a Alemanha em 1937, após os nazistas terem considerado a sua arte degeneradora. Assim, Feininger emigrou para Nova York onde permaneceu até a sua morte, em janeiro de 1956.


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