Gênero da arte japonesa que emergiu entre os séculos XVII e XIX, o ukiyo significa em tradução livre “retratos de um mundo flutuante”. O estilo influenciou a cultura ocidental, inclusive os artistas do impressionismo e pós-impressionismo, como Claude Monet e Van Gogh. Apesar de ter entrado em declínio, as pinturas e gravuras ukiyo-e encantam e chamam a atenção pela leveza e delicadeza das figuras retratadas e o emprego sofisticado de técnicas de gravura japonesa.
Os artistas do ukiyo-e buscavam retratar o sentimento hedonista vivido pela classe mercante da antiga capital japonesa, Edo, região onde hoje é Tóquio. Por isso, os temas mais comuns retratados nas obras eram a beleza feminina, o teatro kabuki, os lutadores de sumô, as paisagens e cenas lendárias e folclóricas – tudo que encantava a nova burguesia que provinha da urbanização do Japão do final do século XVII.
Os procedimentos para a realização das gravuras ukiyo-e começavam com o editor que encomendava um determinado projeto a um artista que o desenhava primeiramente a tinta e em papel transparente. Após a aprovação, o desenho era transferido para uma prancha de madeira de cerejeira que era talhada até se obter as formas propostas em relevo. Em seguida a prancha era entintada e pressionada sobre papel japonês para se obter a impressão. A intensidade da pressão da prancha sobre a folha de papel poderia ser variada nas demais impressões para que se obtivesse efeitos diferentes.
As primeiras xilogravuras ukiyo-e eram monocromáticas e invariavelmente negras. As cores foram introduzidas conforme a técnica evoluiu e os xilógrafos começaram a usar diversas pranchas para registrar as diferentes cores em uma única gravura, o que ocorreu por volta da segunda metade do século XVIII. O estilo artístico passou por diferentes fases e assumiu temas característicos em cada momento. Assim como outros movimentos de destaque da história da arte, foi influenciado por questões estéticas e até mesmo políticas em cada período.
Entre os nomes mais famosos da arte japonesa ukiyo-e destaca-se o do artista Katsushika Hokusai. A sua obra A grande onda é uma das artes japonesas mais reconhecidas e reproduzidas mundialmente. A gravura faz parte de uma série intitulada “Trinta e seis vistas do monte Fuji”. Na paisagem, o monte Fuji emerge ao fundo com o cume nevado e mais à frente três barcos são levados pelo mar agitado em que uma grande e azulada onda é retratada em todo o seu esplendor. O retrato efêmero de um momento é uma das características que vieram a influenciar os artistas impressionistas.
O japonismo chegou à Paris de 1867 através de uma exposição sobre arte japonesa. Nesta ocasião os artistas que formariam o grupo de impressionistas já começavam a sua própria revolução e o rompimento com os paradigmas da arte clássica. Porém foi ainda no final do século XIX que o ukiyo-e viu o seu declínio. O Japão viveu uma rápida modernização, sofrendo forte influência da cultura ocidental e o estilo tornou-se obsoleto.