Tomie Ohtake – o abstracionismo na arte brasileira

Consagrada como uma espécie de embaixatriz da arte e cultura no Brasil, a japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake é um exemplo de que se pode obter êxito na carreira artística mesmo iniciando-a tardiamente. Representante do movimento abstracionista, a artista destacou-se na pintura, gravura e escultura, contabilizando mais de 120 exposições individuais, outras centenas coletivamente e diversas premiações em seu currículo.

Tomie Nakakubo nasceu em 21 de novembro de 1913 na cidade de Kyoto, no Japão. Em seu país natal, a jovem Tomie sempre teve contato com a arte da caligrafia, tão valorizada nos países orientais. Assim, mesmo que informalmente, não demorou a começar a desenhar.

Aos 21 anos veio ao Brasil para visitar um de seus irmãos, entretanto este adiou o retorno da irmã ao Japão devido às tensões políticas vividas pelo país na época. Tomie então conheceu o engenheiro agrônomo Ushio Ohtake com quem se casou em 1937 e o que inicialmente era para ser uma breve visita ao Brasil, tornou-se sua residência definitiva.

Diferente de outros artistas famosos, Tomie começou a pintar quando já estava com 40 anos e atingiu o seu auge artístico por volta dos 50 anos. Incentivada a pintar pelo artista Keiya Sugano, começou a explorar nas suas primeiras telas imagens que lembram nebulosas, com a preferência no uso de duas ou três cores predominantemente.

Dois anos após começar a pintar, passou a integrar o Grupo Seibi, prestigiada associação japonesa situada na zona sul de São Paulo que tinha como objetivo ser um espaço para produção, divulgação e discussão sobre obras produzidas por japoneses e descendentes de japoneses. Esta foi a primeira ocasião em que as telas de Tomie Ohtake puderam ser notadas, rendendo-lhe até mesmo uma menção honrosa.

Quando a sua obra floresce, em meados da década de 60, há a recorrência do uso de tons contrastantes com pinceladas que exploram a transparência e equilíbrio das cores, através de uma tinta muito diluída. Em suas pinturas dessa época, a artista busca expressividade ao destacar figuras geométricas coloridas. Nesta década, foi premiada no Salão Nacional de Arte Moderna e abençoada com a Ordem do Rio Branco pela concepção da obra comemorativa aos 80 anos da imigração japonesa, em São Paulo.

Já em 1970, Tomie Ohtake inicia a sua produção de gravuras com serigrafia e litogravura. Já em seus quadros, mesmo que de caráter abstrato, há a insinuação de paisagens com destaque para linhas curvas e formas orgânicas. Ainda na década de 1970, a artista foi convidada a participar da Bienal de Veneza.

Enfim, é na década de 1980 que os tons mais quentes e os contrastes mais intensos de cores permeiam as suas obras, também há uma intensa produção de obras e monumentos públicos. Em 1983 o MASP realiza uma grande retrospectiva sobre artista, tornando o nome de Tomie Ohtake reconhecido pelo grande público. É desta época a escultura Estrela do Mar (1985) obra que se situava no espelho d’água da Lagoa Rodrigo de Freitas e posteriormente foi desmontada e perdida na década de 1990.

As criações de Tomie Ohtake continuaram a todo vapor na década de noventa. Suas telas voltaram a exibir as pinceladas delicadas e harmoniosas, além do uso de cores uniformes. Em 1991, criou os quatro painéis em pastilha vitrificada da Estação Consolação do Metrô. E na 23ª Bienal de São Paulo, em 1995, ganhou uma sala especial apenas com suas esculturas.

Nos anos 2000 foi criado o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, com o intuito de ser um espaço que pudesse abrigar mostras nacionais e internacionais de artes plásticas, arquitetura e design. Embora já na casa dos 90 anos, a artista não parou de produzir as suas obras com regularidade. Tomie Ohtake faleceu em 2015, aos 101 anos de idade.

Para conhecer mais obras do artista acesse a pasta que criamos:  https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-matérias-do-site/tomie-ohtake/

Crédito Imagens:

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https://www.institutotomieohtake.org.br
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