Lygia Clark – as obras interativas de uma “não artista”

Com uma arte atemporal e que foge de classificações, a artista plástica Lygia Clark conquistou um lugar de destaque no cenário artístico brasileiro. Sua obra não é algo estático, pelo contrário, transmite ao expectador um mundo de possibilidades e de transformação.

Lygia Clark é o pseudônimo de Lygia Pimentel Lins, nascida em 23 de outubro de 1920, em Belo Horizonte. Proveniente de uma família tradicional de juristas, era a terceira dos quatro filhos de Jair Pereira Lins e Ruth Mendes Pimentel.

Lygia iniciou os seus estudos em artes quando já estava com 27 anos, casada e mãe de três filhos. Tornou-se então aprendiz e aluna de Roberto Burle Marx. Já aos 30 anos, viajou para Paris, onde estudou com Arpad Szènes, Dobrinsky e Léger. Dois anos depois, realizou a sua primeira exposição individual no Institut Endoplastique. De volta ao Brasil, expôs no Ministério da Educação e Cultura.

Em 1954 participou da criação do Grupo Frente, marco histórico do movimento construtivo brasileiro, dedicando-se ao estudo do espaço e da materialidade do ritmo. Ainda naquele ano participou da Bienal de Veneza com a série Composições. Lygia também trabalhou com instalações e body art, além de dedicar-se a pesquisas da linha orgânica.

O preto e branco é incorporado aos seus trabalhos entre 1957 e 1959, utilizando para isto placas de madeira justapostas, recobertas com tinta industrial aplicada com pistola.

Assim, em 1959 assinou o Manifesto Neoconcreto em parceria com Amílcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis. Propõs uma ruptura com os suportes tradicionais na pintura. Na década de 1960 utiliza em suas criações materiais como metal e borracha, abandonando a dureza de materiais como a madeira.

Lygia encarava a arte como terapia e por este motivo se intitulava como “não artista”. Pregava fortemente a desmistificação da arte e do artista, cabendo ao expectador uma espécie de partilha na criação da obra. A psicanálise também foi elemento de grande influência para a obra de Lygia.

A artista levou tinta às molduras de alguns de seus quadros com o intuito de quebrar paradigmas. A proposta pode ser observada, por exemplo, na obra Unidades de 1959. Entre os anos de 1960 e 1964 cria a obra Bichos, em que propõe a participação do público. Lygia elaborou diversas esculturas de bichos em alumínios que o expectador poderia manipular e descobrir seus formatos. Por este trabalho, em 1961, a artista recebeu o prêmio de melhor escultora na Bienal Internacional de São Paulo.

Destacam-se também entre as principais produções de Lygia Clark, Obra Mole (1964), Nostalgia do Corpo: Diálogo (1968) e Babá Antropofágica (1973). Estes exemplos se caracterizam pela exploração sensorial do púbico, uso de diversas matérias-primas como metal, madeira e borracha, compondo objetos tridimensionais. A artista faleceu em 25 de abril de 1988, no Rio de Janeiro.

Crédito Imagens:

https://www.wikiart.org/
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