Pioneiro na utilização do tema regionalista em suas telas, o artista plástico brasileiro Almeida Junior é dono de uma obra aclamada pela originalidade. Em seus trabalhos a cultura caipira ganhou espaço com personagens anônimos, porém que representavam com fidelidade os costumes principalmente do interior paulista.
Oriundo da cidade de Itu, interior do estado de São Paulo, José Ferraz de Almeida Junior nasceu em 8 de maio de 1850. De família humilde, o jovem recebeu ajuda do pároco Miguel Correia Pacheco, para quem produziu algumas obras sacras, para viajar ao Rio de Janeiro em 1869 e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes.
Durante o curso foi aluno de pintores renomados como Pedro Américo, Jules Le Chevrel e Victor Meireles. O talento de Almeida Junior começou então a chamar a atenção, rendendo-lhe algumas premiações como a medalha de ouro em 1874 na Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial, com a obra A Ressurreição.
Findado os seus estudados na Academia, Almeida Junior retornou à sua cidade natal onde abriu o seu próprio ateliê. O ano era 1876 e coincidiu com uma visita do Imperador Dom Pedro II ao interior paulista. Admirado com o trabalho do jovem artista, o imperador custeou o estudo de Almeida Junior em Paris.
Dessa maneira, no final de 1876, Almeida Junior se matriculou na École National Supérieure des Beaux-Arts onde aperfeiçoou o desenho anatômico e de ornamentos. Entre 1879 e 1882 participou de quatro exposições no Salão de Paris. Já em viagem à Itália em 1882, conheceu os irmãos e artistas naturalizados brasileiros Rodolpho e Henrique Bernadelli.
A primeira exposição de destaque de Almeida Junior no Brasil ocorreu após o seu retorno em 1882. Na ocasião o pintor brasileiro expôs a sua produção parisiense na Academia Imperial de Belas Artes. Posteriormente o artista mudou-se para São Paulo onde abriu um ateliê na Rua da Glória. Ali começou promover vernissages para imprensa e potenciais compradores, o que ajudou a garantir um lugar de destaque no cenário artístico brasileiro.
Em 1884 o governo imperial lhe concedeu o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa. Sua obra até então fora construída em sua maior parte com temática religiosa e histórica, porém em sua última fase, Almeida Junior passa a explorar o regionalismo em seus quadros, trazendo algumas inovações artísticas como a escolha de uma paleta mais luminosa e traços mais gestuais que reproduziam de forma lírica a simplicidade e os costumes da vida interiorana.
Entre suas obras de maior destaque estão Caipira Picando Fumo (1893), A Partida da Monção (1897), Caipiras Negaceando (1888), O Descanso do Modelo (1882), Leitura (1892), Saudade (1899), A Pintura (Alegoria) (1892), A Fuga para o Egito (1881). Almeida Junior faleceu aos 49 anos, vítima de um crime passional.
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