Amplie e facilite os seus desenhos com a técnica do quadriculado

Técnica que surgiu no Renascimento é um dos recursos que desenhistas e pintores podem utilizar para facilitar o desenho tanto em grande ou menor escala.

Inventada pelo artista alemão Albrecht Durer, a técnica do quadriculado foi concebida através de um vidro quadriculado colocado entre o artista e o modelo. Com o auxílio desta quadrícula, o artista traçava quadrados e transpunha o desenho para o papel mantendo o mesmo ângulo de observação. Desta maneira simples conseguia manter a proporcionalidade dos objetos representados.

O invento de Albrecht Durer, artista que não à toa também se destacou nas áreas da matemática e arquitetura, resolveu um problema ao qual os renascentistas davam bastante importância que era a proporção mais próxima da realidade ao se retratar uma figura.

O conceito do quadriculado pode ser utilizado para ampliar fotografias e desenhos em geral, para isto, basta fazer uma série de quadrados no desenho que se deseja reproduzir, mantendo a proporção entre eles, como por exemplo, quadrados com o tamanho 1cm x 1cm e no papel em que o desenho será reproduzido traçar a mesma quantidade de quadrados do original, porém em tamanho maior. Facilitando desta maneira a observação e reprodução das figuras, pois o desenhista irá desenhar quadrado por quadrado, mantendo a proporcionalidade dos objetos.

A técnica do quadriculado é um excelente recurso para artistas iniciantes treinarem e desenvolverem as suas habilidades de observação das proporções e reprodução de um desenho em grande escala. Também é possível fazer uma melhor elaboração do planejamento do desenho para que este sempre caiba no papel.

Édouard Manet – Arte inovadora com toques de realismo e impressionismo

Considerado uma das figuras artísticas mais importantes do século XIX, Manet dedicou-se a trazer para as suas obras técnicas e temas que desafiavam o conservadorismo de sua época. Dono de um estilo marcante, o pintor francês foi responsável por influenciar diversos artistas, principalmente o grupo de pintores que iniciou o movimento impressionista.

Nascido em 1832, em Paris, Édouard Manet descendia de uma família da alta burguesia francesa. Seu pai, Auguste Manet, um funcionário de alto escalão do Ministério da Justiça queria que ele seguisse carreira em Direito, mas por influência de seu tio materno, Edouard Fornier, interessou-se por arte desde cedo. Sua fracassada experiência na vida acadêmica fez com que buscasse também uma malfadada tentativa de entrar na Escola Naval. Após este episódio conseguiu apoio para estudar no ateliê do pintor Thomas Couture. Dedicou-se então a aprender as técnicas acadêmicas da pintura, como também a copiar os grandes mestres expostos no Museu do Louvre. Algumas viagens pela Europa também lhe forneceram a base para conhecer outros pintores e desenvolver as suas habilidades artísticas.

A natureza sociável de Manet fizera com que ele fosse bem aceito no círculo de intelectuais parisiense. Suas primeiras obras seguiam as normas clássicas da pintura, porém tudo mudou em 1863 quando apresentou para o Salão dos Artistas Franceses o quadro Almoço na Relva.

A obra, que foi exposta no Salão dos Recusados, marcou a ruptura de Manet com a pintura clássica e também causou um grande alvoroço na sociedade parisiense devido a sua composição considerada vulgar, pois até então os nus eram representados de maneira idealizada e não realista como Manet propunha. Contudo o quadro foi de extrema importância para o desenvolvimento da arte moderna. A luminosidade nunca antes explorada daquela maneira, foi considerada como precursora do movimento impressionista.

No ano de 1865, Édouard Manet provocou um escândalo maior ainda ao expor a obra Olympia em que retrata uma jovem prostituta nua. A partir de então, seus trabalhos foram marcados por uma série de recusas pelo salão oficial, obrigando-o a fazer a sua própria exposição.

Apenas em 1881 o seu trabalho passou a ser compreendido e bem aceito, ganhando o direito de participar do salão oficial sem sequer um julgamento prévio. Entretanto, Manet faleceu em 1883, em Paris.

 

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Das Savanas às Florestas Tropicais – Conheça quatro animais importantes de diferentes biomas

Lobo-Guará – Símbolo da Conservação dos Cerrados

O Cerrado corresponde ao segundo maior domínio brasileiro, com alta biodiversidade, clima quente, períodos de chuva e seca. A vegetação é constituída de gramíneas, arbustos e árvores esparsas. É neste cenário que se encontram uma ampla variedade de espécies de animais, entre elas, o elegante lobo-guará.

Animal típico do Cerrado, o lobo-guará atinge entre 20 e 30 kg e é o maior canídeo das Savanas sul-americanas, possui pernas longas e finas e característica pelagem avermelhada. Além do Brasil, pode ser encontrado no Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai. De hábitos solitários e crepusculares, os lobos-guarás são onívoros, ou seja, possuem capacidade para digerir diferentes grupos alimentares. Além disso, exercem um papel importante na disseminação de sementes e frutos do cerrado, por isso, a preservação da espécie é muito importante para a conservação deste bioma.

Bicho-Preguiça – Um dos animais mais simpáticos da Mata-Atlântica

A Mata Atlântica localiza-se na costa leste, sudeste e sul do Brasil e pertence ao bioma de floresta tropical. Curiosamente é onde reside cerca de 70% da população brasileira, corroborando para um acentuado desmatamento da área. Calcula-se que atualmente exista apenas 15,3% de área natural onde é possível encontrar cerca de 20 mil espécies vegetais, 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes.

É neste ambiente de rica biodiversidade que se encontra a Folivora, popularmente conhecida como bicho-preguiça. O nome popular decorre de seu metabolismo lento, responsável pelos igualmente lentos movimentos. Aparentando estar sempre com um sorriso faceiro, as preguiças são animais herbívoros e inofensivos que dormem por cerca de 14 horas por dia e preferem viver nas copas das árvores de onde descem apenas a cada sete dias para fazer as suas necessidades fisiológicas. Possuem pelagem longa, responsável por uma eficiente camuflagem, e garras longas que ajudam a se fixar nas árvores.

Onça-Pintada – O terceiro maior felino do mundo

Predominantemente encontrada no Pantanal, a onça-pintada tem ocorrência também na Amazônia e Mata Atlântica e em tamanho só perde para o tigre e o leão. Pertence à família Felidae e apresenta padrão característico de pintas em sua curta pelagem, seu peso varia de 56 a 92 kg, mas pode chegar a 158 kg com 1,12 a 1,85 m de comprimento. Mamífero carnívoro, possui hábitos predatórios com grande preferência por animais herbívoros. Carrega também um papel importante no equilíbrio dos ecossistemas e regulação das espécies de presas dos seus habitats.

O Pantanal é um bioma praticamente exclusivo do Brasil, situado no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Caracterize-se por um terreno plano e pouco permeável, que é acometido por inundações de longa duração, clima quente e úmido. Apresenta por volta de 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas.

Sofre influência também da Amazônia, o maior bioma brasileiro e a maior reserva de biodiversidade, de onde provém 20% da água doce do mundo. Ocupa quase metade do território nacional e cobre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. Com clima quente e úmido, chuvas torrenciais, rios com fluxo intenso e vegetação onde predominam árvores altas.

Chimpanzé – Semelhança genética de 99% com os humanos

Oriundo das Florestas da África Central e Ocidental, o chimpanzé é um primata que pertence à família Hominidae. Medem entre 75 cm e 95 cm, com peso entre 30 e 55 kg, sua força equivale de 2 a 3 vezes mais a de um homem adulto. São animais de dieta variada em que predomina o consumo de frutas, possuem hábitos diurnos e arborícolas.

Vivem em grupos de cinco até mais de cem indivíduos, com um macho dominante, nas florestas e matas secas de savana e nas florestas tropicais em áreas baixas e até montanhosas no continente africano. São dotados de inteligência comparada a de uma criança humana de 3 anos, além de possuírem ótima memória, em alguns estudos realizados por cientistas chegaram a aprender até mesmo a linguagem dos surdos.

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Michelangelo, Rafael e Da Vinci – Sanguínea, a técnica de desenho usada por grandes mestres do Renascimento

Técnica de desenho bastante utilizada no período Renascentista, a sanguínea é um material de dureza semelhante ao giz e está presente em trabalhos dos aclamados pintores Michelangelo, Leonardo e Rafael. Embora tenha caído um pouco em desuso, atualmente é comum que a técnica sanguínea seja explorada por artistas iniciantes.

A sanguínea data do Paleolítico e consiste em utilizar para desenhos uma mistura de caulim e hematita sob forma de lápis de madeira e varas que proporcionam um tom de sangue seco – de onde advém o seu nome. É encontrada também em outras tonalidades como marrom, laranja, cobre e bege. Sua aplicação é indicada em papel com textura, pois estes “seguram” mais o pigmento da sanguínea, contudo em muitos casos o uso moderado de um material fixador é indicado após a finalização do desenho.

Durante o Renascimento, a sanguínea servia como um material de transição para a pintura, sendo encontrada também em esboços e estudos de anatomia realizados por Leonardo da Vinci. O uso dessa técnica pode ser claramente observado no desenho Feto no Útero, em que Leonardo explora a sua veia científica ao mostrar um útero durante a gravidez.

Michelangelo, assim como Leonardo, também aderiu ao uso da sanguínea em seus desenhos – a maioria esboços em que ele treinava e desenvolvia as suas habilidades artísticas incansavelmente. A precisão de seus traços, pode ser conferida em Estudo para o Adão da Capela Sistina, um dos poucos trabalhos dessa espécie que foram conservados ao longo do tempo, uma vez que muitos foram queimados pelo próprio artista.

Rafael, outro famoso pintor renascentista ao usar a técnica sanguínea, se consagrou pela perfeição e suavidade de suas pinturas. Para chegar ao tão aclamado efeito de suas obras, utilizava a sanguínea para esboçar as suas telas. Um exemplo é o desenho Retrato de um Jovem que deu origem ao quadro homônimo.


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Leonardo Da Vinci e o Sfumato – A técnica por trás de um dos sorrisos mais famosos da história da arte

A incontestável versatilidade da mente genial de Leonardo da Vinci foi responsável por criar e desenvolver estudos em diversas áreas do conhecimento. Suas técnicas artísticas atravessaram os séculos e continuam inspirando gerações de artistas. Entre as mais famosas destaca-se o sfumato, efeito que conferiu o impressionante acabamento de algumas de suas mais célebres obras.

A intrigante Mona Lisa de Leonardo foi a obra que deu origem ao sfumato, em 1503. Com a técnica, Leonardo da Vinci queria criar um efeito mais próximo à realidade em suas pinturas, nas palavras do próprio artista “sem limites ou bordas, à maneira da fumaça”. Desta forma, o sfumato gera graduações entre as tonalidades, principalmente entre as passagens de luz para a sombra, proporcionando uma maior sensação de volume. No quadro Mona Lisa, as pinceladas são quase imperceptíveis. O mesmo ocorre na bruma que envolve as figuras centrais da obra Virgem dos Rochedos e nos detalhes do retrato de Cecília Gallerani, intitulado Dama com Arminho.

Influenciado pelas técnicas de Leonardo, Rafael outro grande nome do Alto Renascimento, empregou com maestria o sfumato em suas pinturas. A técnica pode ser observada em diversos dos seus quadros, como em A Sagrada Família Canigiani.  Outros nomes expressivos da história da arte a empregar o sfumato foram Correggio e Giorgione.

Para se obter efeito de sfumato, pode-se esfregar o dedo pela superfície do desenho até chegar ao degradê desejado. Muitos artistas também utilizam o esfuminho, material semelhante a um lápis, porém feito com papel jornal compacto enrolado que serve para esfumar as áreas de contorno do desenho, criando sombreados. Também é possível encontrar esfuminhos de feltro e couro.

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A Origem da Festa Junina – De Celebração Pagã à Festa dos Santos Populares

O Sol, como astro supremo, desde que se tem registro foi cultuado por diversas civilizações ao longo da história da humanidade. O que muita gente não sabe, é que uma das mais famosas e tradicionais celebrações, a Festa Junina, tem suas raízes em decorrência do Solstício de Verão (no hemisfério norte). Incorporada pelo cristianismo como celebração a São João, a Festa Junina ganhou o mundo. No Brasil, desembarcou durante a colonização e o festejo recebeu influências dos povos indígenas, africanos e europeus.

O dia mais longo do ano recebe o nome astronômico de Solstício de Verão e no Hemisfério Norte ocorre por volta do dia 21 de junho, quando o Sol atinge a maior declinação em latitude em relação à linha do Equador, já no Hemisfério Sul, o mesmo ocorre por volta do dia 21 de dezembro. Na Idade Média, uma das celebrações dos povos pagãos europeus, ocorria durante esta passagem da primavera para o verão através de rituais que exaltavam a fertilidade e uma colheita próspera. Entretanto, durante a consolidação da Igreja Católica na Europa, o feriado pagão foi convertido, entre outros, na homenagem ao nascimento de São João Batista, no dia 24 de junho.

Comemorada durante todo o mês de junho, a Festa Junina no Brasil foi trazida pelos portugueses e a base de sua celebração deriva das Festas dos Santos Populares, sendo estas em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, respectivamente nos dias 13, 23 e 29 de junho. Cada detalhe da festa remete à sua herança multicultural, como por exemplo, a quadrilha que deriva de uma dança francesa de salão, a música típica e seus mais populares instrumentos como a sanfona que foram trazidos também pelos europeus e hoje é um dos sons característicos do forró nordestino.

O ato de pular fogueira na festa junina também é oriundo das celebrações pagãs. Durante os rituais era comum acender fogueiras para limpezas energéticas, atrair prosperidade e fertilidade para o campo. O catolicismo, contudo, recorreu mais uma vez ao nascimento de São João para explicar a presença da fogueira. Segundo as escrituras sagradas, Isabel, mãe de São João, teria acendido uma fogueira para avisar Maria, mãe de Jesus, sobre o nascimento de seu filho. Um detalhe curioso das comemorações atuais é que a fogueira de cada santo possui um formato diferente, sendo a de São João, redonda, a de Santo Antônio, quadrada e a de São Pedro, triangular.

Independentemente de sua origem, é fato que a festa junina já se incorporou às tradições brasileiras, trazendo elementos do folclore popular, comidas típicas e com um colorido característico que a tornam um dos festejos mais animados do ano.

Picasso & Lump – O registro da amizade entre o pintor e seu cão feito pelo fotógrafo David Douglas Duncan

Se engana quem acha que o artista deve estar sempre rodeado de elementos sérios e intrinsecamente artísticos em seu ateliê ou estúdio para que o processo criativo flua. Um exemplo de como a arte pode se desenvolver em ambiente descontraído, em meio a crianças e até animais, é a amizade que o pintor espanhol Pablo Picasso cultivou com um simpático cachorro da raça Dachshund chamado Lump e que foi registrada pelo fotojornalista David Douglas Duncan.

Famoso por seus registros de combates de guerra e da vida íntima do amigo Pablo Picasso, David Douglas Duncan era também apaixonado por animais. Lump era um dos seus animais de estimação, mas em uma visita de Picasso à caso do amigo, surgiu uma conexão tão grande entre o pintor e o cão salsicha que o fotojornalista decidiu deixá-lo com Picasso. Daí surgiu uma parceria inusitada entre pintor e cão e que foi fielmente captada pelas lentes do próprio Duncan ao longo dos anos e resultou no fotolivro Picasso & Lump: O cachorro que comeu um Picasso, em tradução livre.

As fotos de Duncan trazem Picasso e seu cachorro em situações cotidianas e descontraídas. Segundo relatos, o artista espanhol costumava pintar sozinho, sendo Lump o único que podia acompanhá-lo. Para Pablo Picasso, Lump “não era um cachorro, mas sim um homem pequeno”.

Lump viveu ao lado de Picasso durante seis anos, O animal está presente em diversas das obras do co-fundador do cubismo, entre elas, destaca-se a série “Meninas”, em que Lump aparece em 15 das 44 telas que compõem o trabalho inspirado no quadro As meninas do também pintor espanhol Diego Velázquez.

Contudo um problema de coluna que Lump desenvolveu, colocou fim à parceria. Duncan levou o cachorro para ser tratado na Alemanha e o animal não visitou o seu amigo pintor novamente. Lump morreu em 1973 e coincidentemente Picasso faleceu uma semana depois.

#002 Claude Monet – Um mar de impressões

Nenhum artista estudou com tanto afinco os efeitos que a luz provocava sobre as cores da natureza quanto o pintor francês Claude Monet. Em seus quadros, tentava recriar as diferentes nuances que as tonalidades assumiam em determinados horários do dia, sem preocupação em reproduzir coisas belas, mas sim o que via e à sua maneira. Com a obra Impressão, nascer do sol, ele revolucionou a história da arte e ajudou a nomear o movimento em que é um dos principais representantes: o Impressionismo.

Oscar-Claude Monet nasceu em Paris, em 1840. Sua família tinha uma modesta mercearia para a qual Monet estava destinado, porém a sua paixão pela arte surgiu desde cedo mudando o seu destino para o de um bem-sucedido pintor impressionista. Em 1851 ele cursou a escola secundária de artes e já era famoso por suas caricaturas. Alguns anos depois, na Normandia, conheceu o artista Eugène Boudin que lhe despertou o interesse pela pintura ao ar livre.

Para aprimorar a sua arte, em 1859 ele passou a frequentar a academia suíça de Paris, porém já avesso às normas clássicas da pintura acadêmica, foi estudar artes em 1862 com Charles Gleyer onde é introduzido ao círculo de outros artistas com ideias vanguardistas e que viriam a se juntar ao futuro movimento impressionista, como Camille Pissarro e Renoir.

Os primeiros anos artísticos de Monet foram marcados por forte rejeição da crítica e do público. Muitos diziam que seus quadros pareciam esboços, que causavam a impressão de não estarem terminados. Longe de se intimidar com tais comentários, o pintor francês seguiu desenvolvendo as suas técnicas de pintura que buscavam transmitir impressões de um momento efêmero, fugidio e eram marcadas pela ausência de contorno, pinceladas rápidas e soltas, sombras retratadas de maneira luminosa e colorida, além do uso de cores puras e que não são misturadas na paleta, o que ocasiona um efeito decomposto e que só toma forma à certa distância.

Quando se estabeleceu em Giverny, na Normandia, na década de 1890 com sua segunda esposa, Claude Monet já era bastante reconhecido por sua contribuição artística e sua genialidade. Em sua residência, o pintor francês impressionista criou um jardim aquático magnífico com a ajuda de um jardineiro japonês. No local foram colocadas flores de diversas espécimes e uma ponte japonesa. Monet ficava fascinado com a composição das cores e a luz que incidia sobre o Jardim de Águas, o que serviu de inspiração para diversas de suas obras, entre elas está uma série intitulada as Nenúfares.

As Nenúfares de Monet são compostas de aproximadamente 250 pinturas a quais ele se dedicou até o fim da vida em 1926. Muitas destas telas foram pintadas quando ele já sofria de catarata e assumem a impressão de estarem sendo observadas embaixo d’água. As Nenúfares do Orangerie são um conjunto de oito painéis com 2 metros de altura cada, projetados para serem expostos em um círculo um ao lado do outro para que o espectador tenha a sensação de estar observando a passagem das estações ou o decorrer de um dia.

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#003 Margaret Mee – Arte e Ciência em foco

Os mistérios e riquezas tropicais da floresta amazônica foram amplamente reproduzidos através das ilustrações da botânica Margaret Mee a partir de 1964 até meados de 1988. Considerada uma mulher à frente de seu tempo e uma das mais notáveis do século 20, a artista inglesa dedicou seu trabalho a estudar e pintar a flora brasileira com o intuito de preservá-la.

Nascida em 1909 em Chesham na Inglaterra, Margaret Ursula Mee, estudou arte na St. Martin’s School of Art, no Centre School of Art e na Camberwell School of Art em Londres. Antes de desembarcar no Brasil, aos 42 anos de idade com o seu segundo marido, ela era uma artista plástica modernista. Já estabelecida em São Paulo, lecionou arte na escola Saint Paul’s School e tornou-se artista botânica pelo Instituto de Botânica de São Paulo em 1958. Influenciada por sua amizade com Burle Marx, foi morar no Rio de Janeiro onde viveu por quase 30 anos. Faleceu em 1988 na Inglaterra em um acidente de automóvel.

Sua paixão pela biodiversidade do Brasil nasceu a partir das explorações que realizou entre 1958 e 1964 às selvas brasileiras. Dona de compleição frágil, Mee surpreendia por sua coragem ao realizar longas viagens para chegar até os espécimes de plantas mais raros. A ilustradora botânica realizou ao longo de sua vida 15 expedições à Amazônia e se envolveu profundamente nas questões de preservação do meio ambiente ao presenciar situações aterradoras de desmatamento e a consequente destruição dos ecossistemas.

Misturando com originalidade a beleza da arte e a precisão científica, as obras de Margareth Mee eram concebidas através de rascunhos à lápis e finalizadas com guache diluído ou aquarela. Havia uma preocupação da aquarelista botânica em fazer um registro fiel das cores dos seus objetos de estudo. A sensibilidade da artista se eternizou em ilustrações delicadas e detalhistas que transmitem profundidade e fazem com que o observador visualize a textura da planta retratada.

Perseguiu durante anos o que se concretizou como um dos seus registros mais importantes: o desabrochar da Flor da Lua, um espécime que floresce na lua cheia e morre em apenas uma noite. São famosos também os seus estudos representativos do modo de vida das bromélias, tema destacado no enredo carnavalesco de 1994 da Escola de Samba Beija-Flor de Nilópolis com o nome de Margaret Mee, a dama das bromélias.

O trabalho da ilustradora botânica, Margaret Mee, apresenta mais de 400 ilustrações das florestas tropicais brasileiras e também documentou seus estudos em 40 sketchbooks e 15 diários. No Brasil, algumas destas obras estão no Instituto de Botânica de São Paulo e no Sítio Roberto Burle Marx no Rio de Janeiro, já em Londres, estão expostas no Kew Royal Botanic Gardens.

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#001 Caravaggio – Entre a Luz e a Sombra

Poucos artistas são capazes de evocar tanto fascínio através de suas obras quanto Caravaggio. Misturando traços realistas, dramáticos e o inconfundível contraste entre luz e sombra, características que influenciaram o estilo Barroco no final do século XVI e início do XVII, o pintor italiano fez sua fama retratando temas religiosos em meio a uma controversa vida boêmia, marcada por episódios violentos.

Michelangelo Merisi, um dos nomes mais importantes do barroco italiano e da história da arte, nasceu no Ducado de Milão, em 29 de setembro de 1571, mudando-se posteriormente para Caravaggio. A pequena comuna que emprestou o nome ao artista localiza-se na Província de Bérgamo no norte da Itália, país considerado o berço da pintura barroca. O pintor faleceu com apenas 38 anos de idade em Porto Ercole, região da Toscana.

Ainda adolescente, Caravaggio tornou-se aprendiz no ateliê do pintor Simone Peterzano, onde teve o seu primeiro contato com as artes plásticas. Após a morte de sua mãe, viveu um período em Roma onde passou por alguns ateliês até se estabelecer por conta própria. O começo de sua vida adulta foi marcado por muitas dificuldades, fator que talvez tenha sido decisivo para imprimir um estilo brutal e provocante ao seu trabalho. Porém não demorou a despertar o interesse de pessoas influentes da sociedade italiana da época, como o cardeal Del Monte que ajudou a difundir as suas obras.

Exceto pelas primeiras obras, Caravaggio trouxe para os seus quadros temas fundamentalmente bíblicos. Entretanto buscava no seu cotidiano os modelos mais improváveis para representar os personagens religiosos em suas pinturas, como mendigos, prostitutas e pessoas comuns, muitas vezes, seus amantes. O que refletia a fama de transgressor do artista que chegou a se envolver no assassinato de um nobre italiano.

Dotados de uma dramaticidade pungente, seus trabalhos apresentam um fundo sombrio com foco em personagens expressivos e iluminados em primeiro plano que flertam com questões mundanas e por isso, chocavam muitos observadores. Essas particularidades foram fundamentais para distinguir as suas obras das produções do Renascimento e Maneirismo que precederam o Barroco.

Entre as principais obras de Caravaggio destacam-se A Deposição de Cristo, Cabeça de Medusa, A Ceia dos Emaús, A Crucificação de São Pedro e Jovem Baco. Não raro era possível identificar nas cenas pintadas a imagem do próprio pintor, como acontece em David com a cabeça de Golias, em que ele se retrata como Golias.

O clima obscuro e os efeitos de iluminação que as suas pinceladas criavam ficou conhecido como tenebrismo e suas técnicas de pintura influenciaram diversos pintores que o sucederam, movimento que foi nomeado como caravaggismo. Sua contribuição para a história da arte mundial é imensurável e até hoje é fonte de estudo e inspiração para diversos artistas.

 

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