Fernando Botero – arte e crítica social

Pintor e escultor, Fernando Botero é um artista figurativista colombiano reconhecido principalmente por seus trabalhos em que representa personagens volumosos e que carregam um viés de crítica à ganância humana.

Fernando Botero Ângulo nasceu em 19 de abril de 1932, em Medelín, na Colômbia. Desde cedo se interessou por arte, especialmente pelo estilo barroco que dava forma às igrejas coloniais de sua cidade e aos 15 anos começou a vender os seus primeiros desenhos. Seu primeiro emprego foi em 1948 como ilustrador do El Colombiano e ainda naquele ano realizou a sua primeira exposição coletiva.

Artista precoce, Botero realizou a sua primeira exposição individual no ano de 1951, em Bogotá. Ganhou o segundo lugar ao participar do São dos Artistas Colombianos e no ano seguinte, o artista mudou-se para a Espanha, onde frequentou a Academia de San Fernando de Madri. Erradicado na principal cidade espanhola, costumava frequentar o Museu do Prado e copiar as obras de Velásquez e Goya.

Nesta ocasião, Botero também começou a se interessar pelos temas políticos dos muralistas mexicanos, como Diego Rivera, fato que veio a influenciar as suas obras posteriores. Outra grande influência ao seu estilo veio em 1953, quando ingressou na Academia de San Marco, em Florença, e teve contato com a arte renascentista italiana.

Dois anos depois retornou para o seu país natal e realizou uma exposição na Biblioteca Nacional, além de ser nomeado professor da Escola de Belas Artes da Universidade Nacional. Foi a partir de 1955 que Fernando Botero começou a expandir a forma de suas figuras e deu início ao que seria o seu estilo único e inconfundível.

Botero partiu para os Estados Unidos em meados de 1957 e ainda naquele ano realizou a sua primeira exposição no país. Na década seguinte começou a realizar exposições em diversos lugares do mundo. Já em 1971 passou a dividir residência em Paris, Bogotá e Nova York. Foi no ano de 1973 que o artista elaborou a sua primeira escultura

Pintor obstinado, Botero traz em suas produções um compilado de influências artísticas que culminam em um resultado singular e muitas vezes polêmico. A cor em suas obras possui um papel fundamental, sendo utilizada em tons vivos que iluminam a pintura.

Os números de Botero são impressionantes. O artista possui mais de 3 mil pinturas, 200 esculturas e coleciona em seu currículo mais de 50 exposições individuais. Em suas obras mais reconhecidas, Botero revisitou importantes artistas e obras da história da arte. Assim, a Mona Lisa, de Da Vinci, ganhou formas mais arredondas, tal como o famoso O Casal Arnolfini, de Jan van Eyck. Seu traço facilmente reconhecível ganhou o nome de “boterismo”.

Atualmente, Botero mantém dois ateliês, um na Itália e outro em Mônaco. O pintor de 87 anos é um dos artistas contemporâneos mais politizados e permeia em algumas de suas produções artísticas o retrato da violência na América Latina.

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Alfred Sisley – as sutilezas das paisagens sob o olhar impressionista

Famoso especialmente por suas paisagens impressionistas, Alfred Sisley foi um pintor francês de ascendência britânica. Ao lado de importantes pintores como Renoir e Manet, o artista ajudou a dar voz ao Impressionismo na França do final do século XIX.

Nascido em 30 de outubro de 1839, em Paris, Alfred Sisley era filho de ingleses que haviam se erradicado na capital francesa. O pai de Sisley era diretor de uma empresa que atuava no comércio de exportação de flores artificiais para a América do Sul. Por isto, aos 18 anos, Sisley foi enviado para Londres para estudar comércio entre 1857 a 1861.

Entretanto, o jovem aproveitou a viagem para visitar diversos museus ingleses e copiar obras de artistas como Constable, Turner e Bonington. Ao regressar a Paris, foi estudar arte no ateliê de Gleyre onde conheceu Renoir, Bazille e Monet. Revolucionários, estes artistas buscavam retratar na pintura os efeitos da luz e saíam para elaborar suas obras ao ar livre, reunindo-se no bosque de Fontainebleau.

A principal influência de Sisley foi o pintor realista Jean-Baptiste Camille Corot, não à toa, suas primeiras obras eram pintadas em tom mais escuro. Posteriormente, o artista francês começou a empregar cores mais claras e vivas, concebidas com leveza e pinceladas mais livres. Assim como Camille Pissarro, foi um dos pintores que mais se dedicou às técnicas características do impressionismo, focando-se principalmente em paisagens que assumiam um tom lírico e de beleza em suas representações. Desta época, destaca-se uma série de pinturas às margens dos rios.

Entre as principais obras de Sisley estão também O canal Saint-Martin em Paris (1870), A ponte em Argenteuil (1872), Ponte no Villeneuve-la-Garenne (1872), Regata em Hampton Court (1874), Neve em Louveciennes (1875), As cheias em Port-Marly (1876), As margens do Oise (1877-78) e Neve em Véneux (1880).

Após a falência de seu pai em decorrência da guerra franco prussiana, Sisley começou a enfrentar dificuldades financeiras, uma vez que passou a viver exclusivamente de sua arte. No ano de 1874 participou da exposição independente ao Salão Oficial de Paris, porém não conseguiu vender nenhuma das cinco telas que expôs. O artista vendeu algumas de suas telas apenas na exposição que ocorreu no ano seguinte, junto com os colegas impressionistas.

Em 1877, Sisley mudou-se para a comuna francesa de Sèvres, onde registrou a aldeia em uma série de telas. O artista continuava enfrentando dificuldade de encontrar compradores para as suas obras, amargando fracassos em exposições ano após ano.

Apenas em 1890, quando participou da exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes que pode experimentar algum reconhecimento ainda em vida. Alfred Sisley faleceu em 29 de janeiro de 1899, aos 59 anos.

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Yoko Ono – a força feminina no cenário artístico do século XX

Um dos nomes mais influentes do cenário artístico do século XX, a japonesa Yoko Ono é uma artista plástica vanguardista, cantora, compositora e cineasta. A artista traz à tona temas como feminismo, arte conceitual e questionamentos sobre a própria arte. Seu nome ganhou projeção mundial a partir da ligação profissional e amorosa com John Lennon e polêmicas à parte, o fato é que sua obra nunca poderia passar despercebida.

Nascida em 18 de fevereiro de 1933, em Tóquio, no Japão, Yoko Ono é a primeira filha do casal Isoko e Yeisuke Ono, ambos de linhagem abastada. Além da excelente educação que a origem rica lhe proporcionou, desde cedo Yoko teve contato com as artes, pois o pai havia sido pianista e mãe era budista e pintora clássica.

Assim, Yoko cresceu em um ambiente repleto de criatividade, onde aprendeu piano e canto. Foi alfabetizada em inglês e japonês, estudando na exclusiva escola de Gakushuin, no Japão e também na faculdade de música Sarah Lawrence, nos Estados Unidos. Yoko também foi a primeira mulher a ser admitida no curso de Filosofia em seu país natal, aos 18 anos de idade.

Entretanto, em meados de 1956, ao se formar na faculdade de música, Yoko decidiu galgar o caminho artístico sem o auxílio financeiro de sua família. Em um loft alugado em Manhattan, começa a fazer experiências sonoras ao lado do colega John Cage e do coreógrafo Mercy Cunningham. Juntos participam do grupo chamado Fluxus que passa a influenciar diversos artistas vanguardistas.

Na década de 1960 a artista japonesa começou a produzir filmes experimentais, além de explorar a arte conceitual. Em 1964 criou uma das suas performances mais famosas: Cut Piece, em que se expôs imóvel diante do público que podia usar uma tesoura para cortar de qualquer maneira pedaços da roupa da artista. Nesta obra, além de explorar a relação de confiança entre artista e expectador, Yoko propõe uma reflexão sobre a maneira como as mulheres são tratadas.

É no ano de 1966 que se dá o encontro entre o casal mais icônico da cultura pop. John Lennon se vê encantado com a produção artística de Yoko, a qual teve a oportunidade de conferir em uma exposição em Londres. Os dois então iniciam uma amizade com direito a diversas colaborações artísticas e por fim, os dois terminam seus atuais relacionamentos para viver um intenso romance.

Yoko chega a contribuir artisticamente em algumas produções dos Beatles, porém Lennon decide abandonar a banda que se desfez em meados do ano de 1970. Durante muito tempo Yoko foi apontada como o pivô da separação, fato que foi desmentido em entrevista pelo próprio Paul McCartney.

Após a trágica morte de Lennon em 1980, Yoko viveu alguns anos reclusa, porém voltou a dedicar-se especialmente à música nos anos 1990 e 2000. Em 1917, o Instituto Tomie Otake reuniu obras do início da carreira de Yoko Ono na Exposição “O Céu Ainda é Azul, Você sabe…”. Trazendo produções interativas, a exposição propunha uma reflexão sobre temas críticos como também levar o público a participar e não apenas observar as obras.

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Edvard Munch – o retrato das profundezas da alma humana

Precursor do expressionismo, Edvard Munch foi um pintor norueguês que encontrou em sua obra uma forma de dar vazão aos sentimentos de uma vida marcada por acontecimentos trágicos. Sua composição artística muitas vezes chocou a sociedade, mesmo assim, o artista alcançou ainda em vida prestígio internacional.

Edvard Munch nasceu em 12 de dezembro de 1863, em Løten na Noruega. Ainda na infância teve que conviver com diversas mortes e doenças em sua família. Perdeu a mãe, vítima de tuberculose, aos 5 anos de idade. Sua irmã mais velha faleceu aos 15 anos e outra faleceu meses após se casar, já a irmã mais nova sofria com transtornos mentais. Seu pai tinha depressão e arroubos de fanatismo religioso, por isso, a educação de Munch ficou a cargo de uma tia que o apresentou às telas e pincéis.

Munch estudou na Escola de Artes e Ofícios de Oslo, tendo como influência a arte naturalista. Já no ano de 1882, Munch exibiu alguns de seus quadros na Exposição de Outono de Oslo. Um de seus mestres à época foi Christian Krogh, influente pintor represente da arte realista norueguesa.

Contudo, entre os anos de 1885 e 1889, em viagem a Paris, teve contato com a obra pós-impressionista, especialmente de Van Gogh e Gauguin, que veio a exercer influência sobre o desenvolvimento do seu estilo artístico.

Em 1892 viu a exposição Verein Berliner Künstler, em Berlim, ser fechada uma semana após a abertura, devido ao choque que os 50 quadros expostos causaram na crítica e no público. Já no ano seguinte, Edvard Munch cria a sua obra mais famosa: O Grito (1893). O quadro tornou-se o ícone do expressionismo e traz em sua composição as principais características do movimento que tinha como objetivo mostra na tela o impacto emocional, os sentimentos e as experiências mais íntimas do artista.

A partir daquele momento, Munch realizou diversas viagens pelo continente europeu, concentrando a maior parte de sua estadia na Alemanha. No ano de 1908 passou por uma temporada em uma clínica de doentes mentais na Dinamarca, após uma crise nervosa provocada principalmente pelo alcoolismo.

Aquele ano também marcou o seu retorno definitivo à Noruega. Já em 1909 realizou uma exposição que foi sucesso de vendas. Munch ganhou ainda um concurso para decorar com painéis o salão nobre da Universidade de Oslo. O artista então passa a pintar quadros mais leves e com uma aura menos pessimista.

A popularidade de Edvard Munch atingiu o ápice, mesmo o artista tendo optado por um estilo de vida mais solitário. O artista tornou-se membro da Academia de Belas Artes em 1923 na Noruega. Entretanto em 1937, sua obra chamou a atenção dos nazistas que a consideraram degenerada e a retiraram dos museus e salões de arte da Alemanha.

Outras das obras mais notáveis de Edvard Munch são A menina doente (1885), Amor e Dor (1893), A madona (1893-94) e Entre o relógio e a cama (1940-42). Munch faleceu em 1944, na Noruega.

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Candido Portinari – a cultura brasileira na pintura modernista

O retrato modernista do Brasil com seus temas sociais, culturais, religiosos folclóricos e festas populares, ganhou projeção internacional através da obra de Candido Portinari. O artista plástico brasileiro pintou ao longo da vida mais de 5 mil obras e é um dos nomes mais prestigiados do cenário artístico nacional do século XX, ganhador de diversos prêmios importantes.

Filho de imigrantes italianos, Candido Portinari nasceu na cidade de Brodowsky, interior do estado de São Paulo em 30 de dezembro de 1903. Desde cedo demostrou interesse artístico, porém sua origem humilde não permitiu que ele sequer completasse o ensino básico.

Seu primeiro contato com as artes foi por volta dos 14 anos quando trabalhou como ajudante de uma trupe de pintores e escultores italianos que passou por sua cidade natal e atuava com restauração de igrejas.

Aos 16 anos, o jovem Portinari foi para o Rio de Janeiro estudar na Escola de Belas Artes, decidido a se tornar um artista profissional. Foi ali que o artista começou a despertar interesse não apenas do corpo acadêmico como também da imprensa.

Com 20 anos de idade, Portinari já era referência dos periódicos da época que ajudavam a projetar o seu nome, além disso, o artista já havia participado de diversas exposições. O jovem pintor, já nesta ocasião, começa a demonstrar interesse pelo movimento modernista.

Em 1928, Portinari conquistou o “Prêmio de Viagem ao Estrangeiro” da Exposição Geral de Belas-Artes o que lhe possibilitou morar em Paris e outras cidades europeias. Durante os dois anos que passou viajando, teve contato com diversos movimentos e artistas como Van Dongen e Othon Friesz.

Por isso, em 1931, regressa ao Brasil com seu estilo renovado. Aos poucos as telas a óleo cedem espaço para murais e afrescos, além disso, Portinari se vê ainda mais próximo da cultura brasileira, valorizando as cores e a ideia da pintura. Assim, mais uma vez Portinari ganha destaque na imprensa brasileira.

Em 1939, expôs três telas no Pavilhão do Brasil da Feira Mundial de Nova York e no ano seguinte, sua tela Morro do Rio é comprada por Alfred Barr, diretor geral do Museu de Arte Moderna de Nova York, e exposta no MoMA.

A fama internacional veio na década de 1940. Após ter sua obra exposta no MoMA ao lado de artistas mundialmente reconhecidos, Portinari expôs individualmente no Instituto de Artes de Detroit e no MoMA.

Um artista que serviu como inspiração e exerceu influência na produção artística de Portinari foi Picasso. O artista brasileiro encantou-se pela obra Guernica, de Picasso, ao vê-la exposta no MoMA. A partir deste momento, passa a empregar mais dramaticidade ao retratar as mazelas do povo brasileiro, como pode ser observado na obra Os retirantes (1944).

A convite de Oscar Niemeyer, em 1944 suas obras são incluídas na decoração do complexo arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. E em 1947 o artista expõe na Galerie Charpentier, em Paris. Além disso, suas obras também são expostas em salões de Buenos Aires e Montevidéu.

Já na década de 1950 recebeu medalha de ouro do Prêmio Internacional da Paz e é o nome de destaque da 1ª Bienal de São Paulo. E em 1955 é premiado com a medalha de ouro do Internacional Fine-Arts Council de Nova York, como melhor pintor do ano.

Entre as obras mais conhecidas de Portinari se destacam Serenata (1925), Mestiço (1934), Café (1935), Cana de Açúcar (1938) e O Lavrador de Café (1939). O artista faleceu em 1962 em decorrência de intoxicação provocada pelas tintas que utilizava.


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Carybé – um novo olhar para a cultura baiana

Famoso por seu retrato singular da cultura, arquitetura e belezas naturais baianas, além da capoeira e dos rituais afro-americanos, Carybé foi um artista versátil e se destacou como pintor, gravador, desenhista, ilustrador, escultor, muralista, pesquisador, historiador e jornalista.

Carybé é o nome artístico de Hector Julio Páride Bernabó, nascido em 7 de fevereiro de 1911 na província argentina de Lanús. Quinto filho do casal Enea Bernabó e Constantina González de Bernabó que tinham origem, respectivamente, italiana e brasileira. Como o casal costumava viajar com frequência, tiveram o filho primogênito no Brasil, as filhas Zora e Delia, no Paraguai e os caçulas Roberto e Hector, na Argentina.

Assim, aos 6 meses de vida, Hector mudou-se com a família para a Itália, onde viveu até 1919, até que embarcaram para o Brasil, devido à difícil situação pós-guerra no continente europeu.

Contudo, a vida no Brasil mostrou-se igualmente difícil, o pai de Hector demorou a conseguir emprego, por isso, a mulher teve que ensinar suas artes aos filhos para que estes pudessem ajudar no sustento da família. O jovem Hector tornou-se escoteiro do Clube de Regatas do Flamengo que costumava dar nome de peixes aos escoteiros, foi então que assumiu o nome de Carybé, pequeno peixe amazônico.

Ademais, Carybé começou a trabalhar cedo em uma farmácia, depois se tornou ajudante no ateliê de cerâmica do irmão Arnaldo Bernabó. Em 1928 iniciou os estudos na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, que frequentou por dois anos.

No ano seguinte, o irmão de Carybé, Roberto, conseguiu um contrato para fazer as decorações de carnaval dos hotéis Glória e Copacana Palace e o dinheiro que recebeu possibilitou que a família viajasse para a Argentina.

Porém, em seu país natal Carybé e a família encontraram novamente dificuldades financeiras, desta feita, por conta da crise econômica mundial. Por isso, Carybé começou a desenvolver trabalhos como desenhista publicitário, chargista e ilustrador em jornais.

Então, foi contratado pelo jornal Él Pregon que lhe permitiu viajar o mundo desenhando e escrevendo reportagens sobre cada porto que visitava. Ao desembarcar na Bahia, entretanto, recebeu a notícia de que o jornal havia falido. Encantado com a cultura baiana, Carybé se descobriu verdadeiramente pintor.

Nesse período também trabalhou como ilustrador de obras literárias, traduziu para o espanhol o livro Macunaíma de Mario de Andrade e recebeu o Primeiro Prêmio da Câmara Argentina del Libro por sua ilustração do livro Juvenília, de Miguel Cané.

Em 1950 foi morar definitivamente na Bahia, onde desenvolveu uma forte relação com as manifestações culturais locais e trouxe elementos do candomblé, capoeira e samba de roda para os seus trabalhos. Ao lado de artistas como Jenner Augusto, Mário Cravo e Genaro Carvalho teve papel fundamental na renovação das artes plásticas do estado.

Ainda na década de 1950 naturalizou-se brasileiro e também recebeu o prêmio de melhor desenhista na III Bienal de São Paulo. Já nos anos 1970 conquistou o título de honra do Candomblé, o obá de Xangô. Atualmente parte de sua obra encontra-se no Museu Afro-Brasileiro de Salvador, que abrangem 27 painéis que simbolizam os orixás baianos esculpidos em cedro.

Nesse ínterim, destacam-se entre os seus trabalhos mais expressivos o conjunto de painéis “Os povos afros”, os “Ibéricos” e “Libertadores” de 1988 que se encontram no Museu da América Latina, em São Paulo, além de murais no Aeroporto de Miami. O artista continuou em plena atividade até meados dos anos 1990. Carybé faleceu em 1997, aos 86 anos, na cidade de Salvador.

 

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Athos Bulcão – a arte que engrandece a arquitetura de Brasília

A obra de Athos Bulcão não foi concebida para os olhos acostumados aos museus e galerias, mas sim, para o olhar atento que percorre as ruas de Brasília, seja a caminho do trabalho, escola ou em mero passeio. O artista brasileiro consagrou-se como pintor, escultor e desenhista, especialmente por seus painéis que engrandecem o concreto da capital brasileira.

Nascido no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, Athos Bulcão da Silva Pinto Neto, passou a infância em Teresópolis. Perdeu a mãe antes dos 5 anos e, por isso, foi criado por seu pai Fortunato Bulcão, amigo e sócio de Monteiro Lobato.

Assim, Bulcão cresceu um menino tímido e cheio de imaginação em uma família com muito interesse por arte. Suas irmãs mais velhas costumavam levá-lo em óperas, teatros museus e galerias. Além disso, na juventude contou com a amizade de importantes artistas do cenário brasileiro moderno como Burle Marx, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, entre outros.

Aos 21 anos, desistiu do curso de medicina para se dedicar às artes visuais. Por influência de amigos, Bulcão conheceu Candido Portinari, tornando-se aprendiz e ajudante do artista plástico. Teve a oportunidade, em 1945, de participar da criação do Mural de São Francisco de Assis na Pampulha, Belo Horizonte. Dessa maneira, com Portinari aprendeu sobre desenhos e cores, criando o hábito de planejar meticulosamente as cores que usaria antes de iniciar seus trabalhos.

Em seguida, Athos Bulcão mudou-se para Paris e viveu na cidade entre os anos de 1945 e 1949 com bolsa de estudos concedida pelo governo francês. Estudou desenho na Académie de La Grande Chaumière e litografia no ateliê de Jean Pons.

De volta ao Brasil, trabalhou como funcionário do Ministério da Educação e Cultura e fez ilustrações de catálogos e livros, incluindo O Encontro Marcado e A Cidade Vazia, de Fernando Sabino. Também desenhou capas para a revista Brasil Arquitetura Contemporânea e Módulo de Arquitetura.

Na década de 1950, Bulcão realiza fotomontagens com imagens captadas por ele.  Já em 1955 participa do projeto de transferência da capital para Brasília. Nesse viés, trabalha juntamente com Oscar Niemeyer na Campanha Urbanizadora da Nova Capital, tornando-se um dos principais artistas a desenvolver uma obra integrada à arquitetura. Foram criados murais, painéis e relevos para os edifícios do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Teatro Nacional Claudio Santoro, Palácio do Itamaraty, Palácio do Jaburu, Memorial Juscelino Kubitschek, Capela do Palácio da Alvorada, Hospital Sarah Kubistchek e outros.

Equilibrando arte e arquitetura, Bulcão criou em seus azulejos modulações e grafismos com base nas formas geométricas. Há também um aproveitamento e integração da natureza com os efeitos da incidência da luz solar. Tudo desenvolvido para apreciação do público em geral.

O artista também estabeleceu parceria com o arquiteto João Figueiras Limas, na década de 1960 e na década seguinte voltou a trabalhar com Niemeyer, desta vez em projetos na França, Itália e Argélia.

Em 1992, foi criada em Brasília a Fundação Athos Bulcão com o intuito de preservar e divulgar a obra do artista como também tonar acessível à comunidade a educação, arte e bens culturais. Athos Bulcão faleceu aos 90 anos, devido á complicações de Parkinson.

Ainda em vida recebeu diversos prêmios, inclusive foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural em 1995, pelo Ministério da Cultura. Já em 2016, foi homenageado durante a abertura dos Jogos Olímpicos no Rio. Além disso, na ocasião do centenário de seu nascimento o Google prestou homenagem ao artista através de um Doodle com azulejos coloridos.


Acesse a galeria para admirar mais a obra de Athos Bulcão no Pinterest: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-mat%C3%A9rias-do-site/athos-bulc%C3%A3o/


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Lygia Clark – as obras interativas de uma “não artista”

Com uma arte atemporal e que foge de classificações, a artista plástica Lygia Clark conquistou um lugar de destaque no cenário artístico brasileiro. Sua obra não é algo estático, pelo contrário, transmite ao expectador um mundo de possibilidades e de transformação.

Lygia Clark é o pseudônimo de Lygia Pimentel Lins, nascida em 23 de outubro de 1920, em Belo Horizonte. Proveniente de uma família tradicional de juristas, era a terceira dos quatro filhos de Jair Pereira Lins e Ruth Mendes Pimentel.

Lygia iniciou os seus estudos em artes quando já estava com 27 anos, casada e mãe de três filhos. Tornou-se então aprendiz e aluna de Roberto Burle Marx. Já aos 30 anos, viajou para Paris, onde estudou com Arpad Szènes, Dobrinsky e Léger. Dois anos depois, realizou a sua primeira exposição individual no Institut Endoplastique. De volta ao Brasil, expôs no Ministério da Educação e Cultura.

Em 1954 participou da criação do Grupo Frente, marco histórico do movimento construtivo brasileiro, dedicando-se ao estudo do espaço e da materialidade do ritmo. Ainda naquele ano participou da Bienal de Veneza com a série Composições. Lygia também trabalhou com instalações e body art, além de dedicar-se a pesquisas da linha orgânica.

O preto e branco é incorporado aos seus trabalhos entre 1957 e 1959, utilizando para isto placas de madeira justapostas, recobertas com tinta industrial aplicada com pistola.

Assim, em 1959 assinou o Manifesto Neoconcreto em parceria com Amílcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis. Propõs uma ruptura com os suportes tradicionais na pintura. Na década de 1960 utiliza em suas criações materiais como metal e borracha, abandonando a dureza de materiais como a madeira.

Lygia encarava a arte como terapia e por este motivo se intitulava como “não artista”. Pregava fortemente a desmistificação da arte e do artista, cabendo ao expectador uma espécie de partilha na criação da obra. A psicanálise também foi elemento de grande influência para a obra de Lygia.

A artista levou tinta às molduras de alguns de seus quadros com o intuito de quebrar paradigmas. A proposta pode ser observada, por exemplo, na obra Unidades de 1959. Entre os anos de 1960 e 1964 cria a obra Bichos, em que propõe a participação do público. Lygia elaborou diversas esculturas de bichos em alumínios que o expectador poderia manipular e descobrir seus formatos. Por este trabalho, em 1961, a artista recebeu o prêmio de melhor escultora na Bienal Internacional de São Paulo.

Destacam-se também entre as principais produções de Lygia Clark, Obra Mole (1964), Nostalgia do Corpo: Diálogo (1968) e Babá Antropofágica (1973). Estes exemplos se caracterizam pela exploração sensorial do púbico, uso de diversas matérias-primas como metal, madeira e borracha, compondo objetos tridimensionais. A artista faleceu em 25 de abril de 1988, no Rio de Janeiro.

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Paul Cézanne – uma nova perspectiva na pintura pós-impressionista

O pintor francês Paul Cézanne revolucionou a história da arte ao introduzir uma visão única para as suas composições, destacando-se entre os pintores pós-impressionistas pelo uso de distorções formais e alterações de perspectiva. O artista já explorava em seus trabalhos figuras levemente geométricas, o que o alçou como uma ponte entre o impressionismo do século XIX e o cubismo do início do século XX.

Paul Cézanne nasceu em 19 de janeiro de 1839, em Aix-en-Provence, comuna localizada no sul da França. Era herdeiro de um cofundador de uma firma bancária, o que lhe proporcionou uma vida sem preocupações financeiras. Aos 10 anos começou a estudar desenho na Escola São Jose, em sua cidade natal. Já em 1852 conheceu o consagrado escritor francês Émile Zola, ambos estudavam no Colégio Bourbon e se tornaram amigos.

Seis anos depois, realizando um desejo de seu pai, Cézanne ingressou na escola de Direito da Universidade de Aix, porém continuou recebendo aulas de desenho. Contrariando sua família, em 1861, Cézanne foi buscar desenvolvimento artístico em Paris, influenciado pelo amigo Zola que já se estabelecera na cidade. Na cidade parisiense conheceu o impressionista Camille Pissarro que assumiu um papel de mestre e mentor de Paul Cézanne.

Após não passar no exame de admissão da Escola de Belas Artes, o artista retornou para cidade natal e passou a trabalhar com seu pai. Retornou à Paris um ano depois e se matriculou na Academia Suíça com o intuito de se tornar pintor profissional. Nessa época, conhece artistas impressionistas como Manet, Monet e Renoir.

Em seus primeiros trabalhos, Cézanne explorava a figura na paisagem de uma forma romântica e dramática, Seus quadros da época são escuros e o uso acentuado da espátula contribui para um efeito de cores sobrepostas na tela. Já em 1870, influenciado por seus amigos impressionistas, começa a pintar ao ar livre e vai clareando gradativamente sua paleta de cores. Entretanto, é na década seguinte que sua carreira evolui mais ainda, rompe com o amigo Zola, uma vez que se vê representado no personagem principal do livro “A obra” e começa a pintar retratos, natureza-morta e paisagens.

Além de repudiar os preceitos da Academia, tal como seus amigos impressionistas, Cézanne explora como nenhum outro as mudanças de perspectiva, ressaltando as formas, o volume e o peso dos objetos.

Entre as suas principais obras estão Retrato de Louis-Auguste Cézanne, o pai do artista (1866), Autorretrato com um chapéu de palha (1875), A banhista (1885) e Os jogadores de Cartas (1890-95). Em 2011, uma das versões de Os jogadores de Cartas foi vendida para família real do Qatar por cerca de 190 milhões de euros, se tornando a obra de arte mais cara já vendida até então.

Paul Cézanne faleceu em 1906 e em 1907 foi realizada no São Outono uma mostra de grande porte com uma retrospectiva de seu trabalho, o que ajudou a difundir o nome do artista, rendendo-lhe o reconhecimento como um dos pintores mais influentes do século XIX.

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Anita Malfatti – as revoluções da primeira fase modernista brasileira

Um dos nomes mais importantes da primeira fase do modernismo brasileiro, Anita Malfatti foi uma das peças-chaves na realização da Semana de Arte Moderna de 1922. Ao lado de Tarsila do Amaral, a pintora e desenhista Anita Malfatti ajudou a escrever um novo capítulo para as mulheres na história da arte brasileira. Com seu estilo marcante se dedicava a expressar temas do cotidiano empregando cores puras e vibrantes.

Anita Malfatti nasceu em 02 de dezembro de 1889, em São Paulo. Filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e da norte-americana Eleonora Elizabeth Krug, carregou desde o nascimento uma atrofia no braço e na mão direita. Teve como tutora na infância uma senhora chamada Miss Browne que lhe ajudou a treinar a escrita e o desenho com a mão esquerda.

A jovem recebeu a educação formal de 1897 a 1906, primeiramente no Externato São José, de freiras católicas, posteriormente estudou Escola Americana e no Mackenzie College (atual Universidade Presbiteriana Mackenzie). Formou-se como professora aos 19 anos de idade.

Iniciou os estudos em artes plásticas com sua mãe que após a morte do Sr. Malfatti se viu em dificuldades financeiras e precisou ganhar o sustento da família lecionando aulas particulares de idiomas, desenho e pintura.

Em 1910, Anita teve a oportunidade acompanhar duas amigas que iriam estudar música na Europa e teve a sua viagem financiada pelo tio Jorge Krug. Na Alemanha, frequentou o ateliê de Fritz Burger e a Academia Real de Belas Artes de Berlim, onde teve contato com a pintura expressionista.

Retornou ao Brasil em 1914 com o intuito de conseguir uma bolsa de estudos, porém seus tiveram que ser adiados devido a Primeira Guerra Mundial. No mesmo ano fez a sua primeira exposição individual na Casa Mappin, ocasião em que apresentou os seus estudos de pintura expressionista.

Em 1915, viajou novamente com a ajuda de seu tio, dessa vez para estudar na Art Students League, nos Estados Unidos, e recebeu aulas do artista plástico Homer Boos. Quando retornou ao Brasil em 1917 realizou uma exposição com 53 quadros que causaram grande furor entre a crítica e os conservadores da época.

A mais ferrenha das críticas que Anita recebeu partiu de Monteiro Lobato que na época escrevia para o jornal Estado de São Paulo. Como resultado, outras publicações a atacaram também e quadros da exposição que foram vendidos começaram a ser devolvidos. Por conta da repercussão negativa, a artista ficou um ano sem pintar.

Contudo, no ano de 1919 conhece Tarsila do Amaral. As duas artistas tinham aulas com Pedro Alexandrino, que ajudava Anita a vender seus trabalhos, e George Fisher Elpons. Anita integrou o Grupo dos Cinco, composto por Tarsila, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade e participou da Semana de Arte Moderna, no ano de 1922, com 22 trabalhos.

De 1923 a 1928, Anita retornou à Europa para estudar com uma bolsa do Pensionato e realizou exposições em Berlim, Paris e Nova York. De volta ao Brasil em 1929, encontrou um ambiente muito mais favorável para quem se dedicava às artes, o que a fez se estabelecer definitivamente em São Paulo. Além de criar seu próprio ateliê, onde criava e dava aulas, também trabalhou como professora no Mackenzie College. Em 1942 foi nomeada presidente do Sindicato dos Artistas de São Paulo.

O estilo de Tarsila é facilmente reconhecido por sua liberdade de composição, pinceladas livres que valorizam os tons fortes e uma técnica de luz que foge ao clássico claro e escuro. A figura central e o fundo da tela ganham um destaque dinâmico e tenso que não passam despercebidos ao observador.

Entre as principais obras de Tarsila do Amaral são Burrinho Correndo (1909), O Farol (1915), A Estudante Russa (1915), O Homem das Sete Cores (1916), A Boba (1915-16) e A Onda (1917). A artista faleceu em 6 de novembro de 1964, em São Paulo.

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