O Pequeno Príncipe – Há décadas cativando crianças e adultos

Com uma narrativa poética, leve e cheia de trechos reflexivos, O Pequeno Príncipe, livro escrito pelo francês Antoine de Saint-Exupéry, vem há décadas cativando o coração de pessoas ao redor do mundo. Tendo sido ele próprio um aviador, Saint-Exupéry ainda ilustrou em aquarela alguns trechos da obra.

Publicado pela primeira vez em 1943, o livro narra em primeira pessoa o conto de um solitário aviador que em uma de suas expedições aterrissou no deserto do Saara, após uma pane de sua aeronave e ali encontrou um rapazinho encantador: o Pequeno Príncipe. Vindo de um planeta longínquo, o jovem Príncipe relata a sua história cativante com uma flor caprichosa e que o levou a abandonar o seu planeta e assim percorrer outros tantos, até chegar à Terra.

Frustrado com as suas tentativas de se tornar um pintor ainda criança, o Aviador é desafiado a resgatar a paixão pelo desenho quando o Pequeno Príncipe lhe pede que desenhe um carneiro. Em troca, o Pequeno Príncipe conta a sua saga que envolve uma infestação de baobás, um rei sem súditos, um homem que colecionava estrelas, um bêbado e um geógrafo, além é claro, de uma rosa e seus quatro espinhos.

Mas o que une um solitário aviador e um pequeno príncipe de um asteroide praticamente desconhecido? Entre algumas reflexões pessoais, ambos não conseguem compreender com precisão o mundo sério e fundamentado em números dos adultos, que deixam de apreciar a beleza e simplicidade de um desenho infantil. Compartilham assim de uma jornada de autoconhecimento e que se desenvolve em uma bela amizade. Escrita inicialmente para o público infantil, a obra apresenta questionamentos que são essenciais para que os adultos não esqueçam da criança que um dia eles foram.

Credito Imagens:
Thais Slaski
Quadro Jabuticabeira - Thais Slaski - https://youtu.be/5gWUgLFpqhI

Das Savanas às Florestas Tropicais – Conheça quatro animais importantes de diferentes biomas

Lobo-Guará – Símbolo da Conservação dos Cerrados

O Cerrado corresponde ao segundo maior domínio brasileiro, com alta biodiversidade, clima quente, períodos de chuva e seca. A vegetação é constituída de gramíneas, arbustos e árvores esparsas. É neste cenário que se encontram uma ampla variedade de espécies de animais, entre elas, o elegante lobo-guará.

Animal típico do Cerrado, o lobo-guará atinge entre 20 e 30 kg e é o maior canídeo das Savanas sul-americanas, possui pernas longas e finas e característica pelagem avermelhada. Além do Brasil, pode ser encontrado no Paraguai, Argentina, Bolívia e Uruguai. De hábitos solitários e crepusculares, os lobos-guarás são onívoros, ou seja, possuem capacidade para digerir diferentes grupos alimentares. Além disso, exercem um papel importante na disseminação de sementes e frutos do cerrado, por isso, a preservação da espécie é muito importante para a conservação deste bioma.

Bicho-Preguiça – Um dos animais mais simpáticos da Mata-Atlântica

A Mata Atlântica localiza-se na costa leste, sudeste e sul do Brasil e pertence ao bioma de floresta tropical. Curiosamente é onde reside cerca de 70% da população brasileira, corroborando para um acentuado desmatamento da área. Calcula-se que atualmente exista apenas 15,3% de área natural onde é possível encontrar cerca de 20 mil espécies vegetais, 850 espécies de aves, 370 de anfíbios, 200 de répteis, 270 de mamíferos e 350 de peixes.

É neste ambiente de rica biodiversidade que se encontra a Folivora, popularmente conhecida como bicho-preguiça. O nome popular decorre de seu metabolismo lento, responsável pelos igualmente lentos movimentos. Aparentando estar sempre com um sorriso faceiro, as preguiças são animais herbívoros e inofensivos que dormem por cerca de 14 horas por dia e preferem viver nas copas das árvores de onde descem apenas a cada sete dias para fazer as suas necessidades fisiológicas. Possuem pelagem longa, responsável por uma eficiente camuflagem, e garras longas que ajudam a se fixar nas árvores.

Onça-Pintada – O terceiro maior felino do mundo

Predominantemente encontrada no Pantanal, a onça-pintada tem ocorrência também na Amazônia e Mata Atlântica e em tamanho só perde para o tigre e o leão. Pertence à família Felidae e apresenta padrão característico de pintas em sua curta pelagem, seu peso varia de 56 a 92 kg, mas pode chegar a 158 kg com 1,12 a 1,85 m de comprimento. Mamífero carnívoro, possui hábitos predatórios com grande preferência por animais herbívoros. Carrega também um papel importante no equilíbrio dos ecossistemas e regulação das espécies de presas dos seus habitats.

O Pantanal é um bioma praticamente exclusivo do Brasil, situado no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Caracterize-se por um terreno plano e pouco permeável, que é acometido por inundações de longa duração, clima quente e úmido. Apresenta por volta de 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos sendo 2 endêmicas.

Sofre influência também da Amazônia, o maior bioma brasileiro e a maior reserva de biodiversidade, de onde provém 20% da água doce do mundo. Ocupa quase metade do território nacional e cobre os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima. Com clima quente e úmido, chuvas torrenciais, rios com fluxo intenso e vegetação onde predominam árvores altas.

Chimpanzé – Semelhança genética de 99% com os humanos

Oriundo das Florestas da África Central e Ocidental, o chimpanzé é um primata que pertence à família Hominidae. Medem entre 75 cm e 95 cm, com peso entre 30 e 55 kg, sua força equivale de 2 a 3 vezes mais a de um homem adulto. São animais de dieta variada em que predomina o consumo de frutas, possuem hábitos diurnos e arborícolas.

Vivem em grupos de cinco até mais de cem indivíduos, com um macho dominante, nas florestas e matas secas de savana e nas florestas tropicais em áreas baixas e até montanhosas no continente africano. São dotados de inteligência comparada a de uma criança humana de 3 anos, além de possuírem ótima memória, em alguns estudos realizados por cientistas chegaram a aprender até mesmo a linguagem dos surdos.

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Michelangelo, Rafael e Da Vinci – Sanguínea, a técnica de desenho usada por grandes mestres do Renascimento

Técnica de desenho bastante utilizada no período Renascentista, a sanguínea é um material de dureza semelhante ao giz e está presente em trabalhos dos aclamados pintores Michelangelo, Leonardo e Rafael. Embora tenha caído um pouco em desuso, atualmente é comum que a técnica sanguínea seja explorada por artistas iniciantes.

A sanguínea data do Paleolítico e consiste em utilizar para desenhos uma mistura de caulim e hematita sob forma de lápis de madeira e varas que proporcionam um tom de sangue seco – de onde advém o seu nome. É encontrada também em outras tonalidades como marrom, laranja, cobre e bege. Sua aplicação é indicada em papel com textura, pois estes “seguram” mais o pigmento da sanguínea, contudo em muitos casos o uso moderado de um material fixador é indicado após a finalização do desenho.

Durante o Renascimento, a sanguínea servia como um material de transição para a pintura, sendo encontrada também em esboços e estudos de anatomia realizados por Leonardo da Vinci. O uso dessa técnica pode ser claramente observado no desenho Feto no Útero, em que Leonardo explora a sua veia científica ao mostrar um útero durante a gravidez.

Michelangelo, assim como Leonardo, também aderiu ao uso da sanguínea em seus desenhos – a maioria esboços em que ele treinava e desenvolvia as suas habilidades artísticas incansavelmente. A precisão de seus traços, pode ser conferida em Estudo para o Adão da Capela Sistina, um dos poucos trabalhos dessa espécie que foram conservados ao longo do tempo, uma vez que muitos foram queimados pelo próprio artista.

Rafael, outro famoso pintor renascentista ao usar a técnica sanguínea, se consagrou pela perfeição e suavidade de suas pinturas. Para chegar ao tão aclamado efeito de suas obras, utilizava a sanguínea para esboçar as suas telas. Um exemplo é o desenho Retrato de um Jovem que deu origem ao quadro homônimo.


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Leonardo Da Vinci e o Sfumato – A técnica por trás de um dos sorrisos mais famosos da história da arte

A incontestável versatilidade da mente genial de Leonardo da Vinci foi responsável por criar e desenvolver estudos em diversas áreas do conhecimento. Suas técnicas artísticas atravessaram os séculos e continuam inspirando gerações de artistas. Entre as mais famosas destaca-se o sfumato, efeito que conferiu o impressionante acabamento de algumas de suas mais célebres obras.

A intrigante Mona Lisa de Leonardo foi a obra que deu origem ao sfumato, em 1503. Com a técnica, Leonardo da Vinci queria criar um efeito mais próximo à realidade em suas pinturas, nas palavras do próprio artista “sem limites ou bordas, à maneira da fumaça”. Desta forma, o sfumato gera graduações entre as tonalidades, principalmente entre as passagens de luz para a sombra, proporcionando uma maior sensação de volume. No quadro Mona Lisa, as pinceladas são quase imperceptíveis. O mesmo ocorre na bruma que envolve as figuras centrais da obra Virgem dos Rochedos e nos detalhes do retrato de Cecília Gallerani, intitulado Dama com Arminho.

Influenciado pelas técnicas de Leonardo, Rafael outro grande nome do Alto Renascimento, empregou com maestria o sfumato em suas pinturas. A técnica pode ser observada em diversos dos seus quadros, como em A Sagrada Família Canigiani.  Outros nomes expressivos da história da arte a empregar o sfumato foram Correggio e Giorgione.

Para se obter efeito de sfumato, pode-se esfregar o dedo pela superfície do desenho até chegar ao degradê desejado. Muitos artistas também utilizam o esfuminho, material semelhante a um lápis, porém feito com papel jornal compacto enrolado que serve para esfumar as áreas de contorno do desenho, criando sombreados. Também é possível encontrar esfuminhos de feltro e couro.

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A Origem da Festa Junina – De Celebração Pagã à Festa dos Santos Populares

O Sol, como astro supremo, desde que se tem registro foi cultuado por diversas civilizações ao longo da história da humanidade. O que muita gente não sabe, é que uma das mais famosas e tradicionais celebrações, a Festa Junina, tem suas raízes em decorrência do Solstício de Verão (no hemisfério norte). Incorporada pelo cristianismo como celebração a São João, a Festa Junina ganhou o mundo. No Brasil, desembarcou durante a colonização e o festejo recebeu influências dos povos indígenas, africanos e europeus.

O dia mais longo do ano recebe o nome astronômico de Solstício de Verão e no Hemisfério Norte ocorre por volta do dia 21 de junho, quando o Sol atinge a maior declinação em latitude em relação à linha do Equador, já no Hemisfério Sul, o mesmo ocorre por volta do dia 21 de dezembro. Na Idade Média, uma das celebrações dos povos pagãos europeus, ocorria durante esta passagem da primavera para o verão através de rituais que exaltavam a fertilidade e uma colheita próspera. Entretanto, durante a consolidação da Igreja Católica na Europa, o feriado pagão foi convertido, entre outros, na homenagem ao nascimento de São João Batista, no dia 24 de junho.

Comemorada durante todo o mês de junho, a Festa Junina no Brasil foi trazida pelos portugueses e a base de sua celebração deriva das Festas dos Santos Populares, sendo estas em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, respectivamente nos dias 13, 23 e 29 de junho. Cada detalhe da festa remete à sua herança multicultural, como por exemplo, a quadrilha que deriva de uma dança francesa de salão, a música típica e seus mais populares instrumentos como a sanfona que foram trazidos também pelos europeus e hoje é um dos sons característicos do forró nordestino.

O ato de pular fogueira na festa junina também é oriundo das celebrações pagãs. Durante os rituais era comum acender fogueiras para limpezas energéticas, atrair prosperidade e fertilidade para o campo. O catolicismo, contudo, recorreu mais uma vez ao nascimento de São João para explicar a presença da fogueira. Segundo as escrituras sagradas, Isabel, mãe de São João, teria acendido uma fogueira para avisar Maria, mãe de Jesus, sobre o nascimento de seu filho. Um detalhe curioso das comemorações atuais é que a fogueira de cada santo possui um formato diferente, sendo a de São João, redonda, a de Santo Antônio, quadrada e a de São Pedro, triangular.

Independentemente de sua origem, é fato que a festa junina já se incorporou às tradições brasileiras, trazendo elementos do folclore popular, comidas típicas e com um colorido característico que a tornam um dos festejos mais animados do ano.

Picasso & Lump – O registro da amizade entre o pintor e seu cão feito pelo fotógrafo David Douglas Duncan

Se engana quem acha que o artista deve estar sempre rodeado de elementos sérios e intrinsecamente artísticos em seu ateliê ou estúdio para que o processo criativo flua. Um exemplo de como a arte pode se desenvolver em ambiente descontraído, em meio a crianças e até animais, é a amizade que o pintor espanhol Pablo Picasso cultivou com um simpático cachorro da raça Dachshund chamado Lump e que foi registrada pelo fotojornalista David Douglas Duncan.

Famoso por seus registros de combates de guerra e da vida íntima do amigo Pablo Picasso, David Douglas Duncan era também apaixonado por animais. Lump era um dos seus animais de estimação, mas em uma visita de Picasso à caso do amigo, surgiu uma conexão tão grande entre o pintor e o cão salsicha que o fotojornalista decidiu deixá-lo com Picasso. Daí surgiu uma parceria inusitada entre pintor e cão e que foi fielmente captada pelas lentes do próprio Duncan ao longo dos anos e resultou no fotolivro Picasso & Lump: O cachorro que comeu um Picasso, em tradução livre.

As fotos de Duncan trazem Picasso e seu cachorro em situações cotidianas e descontraídas. Segundo relatos, o artista espanhol costumava pintar sozinho, sendo Lump o único que podia acompanhá-lo. Para Pablo Picasso, Lump “não era um cachorro, mas sim um homem pequeno”.

Lump viveu ao lado de Picasso durante seis anos, O animal está presente em diversas das obras do co-fundador do cubismo, entre elas, destaca-se a série “Meninas”, em que Lump aparece em 15 das 44 telas que compõem o trabalho inspirado no quadro As meninas do também pintor espanhol Diego Velázquez.

Contudo um problema de coluna que Lump desenvolveu, colocou fim à parceria. Duncan levou o cachorro para ser tratado na Alemanha e o animal não visitou o seu amigo pintor novamente. Lump morreu em 1973 e coincidentemente Picasso faleceu uma semana depois.