A obra de Athos Bulcão não foi concebida para os olhos acostumados aos museus e galerias, mas sim, para o olhar atento que percorre as ruas de Brasília, seja a caminho do trabalho, escola ou em mero passeio. O artista brasileiro consagrou-se como pintor, escultor e desenhista, especialmente por seus painéis que engrandecem o concreto da capital brasileira.
Nascido no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, Athos Bulcão da Silva Pinto Neto, passou a infância em Teresópolis. Perdeu a mãe antes dos 5 anos e, por isso, foi criado por seu pai Fortunato Bulcão, amigo e sócio de Monteiro Lobato.
Assim, Bulcão cresceu um menino tímido e cheio de imaginação em uma família com muito interesse por arte. Suas irmãs mais velhas costumavam levá-lo em óperas, teatros museus e galerias. Além disso, na juventude contou com a amizade de importantes artistas do cenário brasileiro moderno como Burle Marx, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, entre outros.
Aos 21 anos, desistiu do curso de medicina para se dedicar às artes visuais. Por influência de amigos, Bulcão conheceu Candido Portinari, tornando-se aprendiz e ajudante do artista plástico. Teve a oportunidade, em 1945, de participar da criação do Mural de São Francisco de Assis na Pampulha, Belo Horizonte. Dessa maneira, com Portinari aprendeu sobre desenhos e cores, criando o hábito de planejar meticulosamente as cores que usaria antes de iniciar seus trabalhos.
Em seguida, Athos Bulcão mudou-se para Paris e viveu na cidade entre os anos de 1945 e 1949 com bolsa de estudos concedida pelo governo francês. Estudou desenho na Académie de La Grande Chaumière e litografia no ateliê de Jean Pons.
De volta ao Brasil, trabalhou como funcionário do Ministério da Educação e Cultura e fez ilustrações de catálogos e livros, incluindo O Encontro Marcado e A Cidade Vazia, de Fernando Sabino. Também desenhou capas para a revista Brasil Arquitetura Contemporânea e Módulo de Arquitetura.
Na década de 1950, Bulcão realiza fotomontagens com imagens captadas por ele. Já em 1955 participa do projeto de transferência da capital para Brasília. Nesse viés, trabalha juntamente com Oscar Niemeyer na Campanha Urbanizadora da Nova Capital, tornando-se um dos principais artistas a desenvolver uma obra integrada à arquitetura. Foram criados murais, painéis e relevos para os edifícios do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Teatro Nacional Claudio Santoro, Palácio do Itamaraty, Palácio do Jaburu, Memorial Juscelino Kubitschek, Capela do Palácio da Alvorada, Hospital Sarah Kubistchek e outros.
Equilibrando arte e arquitetura, Bulcão criou em seus azulejos modulações e grafismos com base nas formas geométricas. Há também um aproveitamento e integração da natureza com os efeitos da incidência da luz solar. Tudo desenvolvido para apreciação do público em geral.
O artista também estabeleceu parceria com o arquiteto João Figueiras Limas, na década de 1960 e na década seguinte voltou a trabalhar com Niemeyer, desta vez em projetos na França, Itália e Argélia.
Em 1992, foi criada em Brasília a Fundação Athos Bulcão com o intuito de preservar e divulgar a obra do artista como também tonar acessível à comunidade a educação, arte e bens culturais. Athos Bulcão faleceu aos 90 anos, devido á complicações de Parkinson.
Ainda em vida recebeu diversos prêmios, inclusive foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural em 1995, pelo Ministério da Cultura. Já em 2016, foi homenageado durante a abertura dos Jogos Olímpicos no Rio. Além disso, na ocasião do centenário de seu nascimento o Google prestou homenagem ao artista através de um Doodle com azulejos coloridos.
Acesse a galeria para admirar mais a obra de Athos Bulcão no Pinterest: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-mat%C3%A9rias-do-site/athos-bulc%C3%A3o/
Crédito Imagens: https://fundathos.org.br/