Dotado de um estilo singular, o artista brasileiro Ismael Nery teve a sua obra dividida em três fases em que se destacam as influências do expressionismo, cubimos e surrealismo. Ao longo de sua carreira, encurtada pela doença, Nery dedicou-se aos ofícios de pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo e filósofo.
Ismael Nery nasceu em Belém do Pará em 9 de outubro de 1900. Por volta dos nove anos de idade mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Interessado em arte desde a adolescência, o brasileiro frequentou durante quase um ano a Escola Nacional de Belas Artes, porém não se adaptou ao academicismo que predominava em seu curso.
Por isso, cerca de 3 anos depois, o artista partiu rumo ao velho continente para aprender mais sobre arte e é onde tem contato com o modernismo e cubismo de artistas como Pablo Picasso. Em Paris frequentou durante três meses a Academia Julian, onde começou a desenvolver suas obras já sob a influência do expressionismo.
O artista havia desenvolvido interesse pela figura humana pouco tempo antes ao realizar cópias em gesso de esculturas da antiguidade greco-romana. Em breve passagem pela Itália conhece também as obras dos mestres do Renascimento e alguns artistas modernistas.
De volta ao Brasil, em 1921, passa a exercer o cargo de desenhista na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, órgão que pertencia ao Ministério da Fazenda. Nesse momento, Nery conhece o poeta Murilo Mendes que se torna seu amigo. Já em 1922 casou-se com a poetisa Adalgisa (Ferreira) Nery.
Cinco anos depois retorna à Europa, onde conhece artistas e obras surrealistas. Suas obras já dotadas de uma dramaticidade muito característica se voltam para a figura humana e basicamente compreende retratos, autorretratos e nus. Diferentemente de outros artistas de sua época ele não se interessava por temas nacionais, indígenas e afro-brasileiros.
Algumas de suas obras mais lembradas são Autorretrato (1930), Namorados (1927) e Figura (1927). Foi em 1929, após uma viagem à Argentina que Nery foi diagnosticado com tuberculose. Após dois anos de internação no Sanatório de Correas, em Petrópolis, saiu de lá se sentindo curado. Contudo, a doença voltou em 1933. Ele continuou sua produção artística mesmo doente e por este motivo as figuras que retratava se tornaram mais viscerais e mutiladas.
Nery faleceu em 6 de abril de 1934, sem ter experimentado a fama que só viria alguns anos após a sua morte e o colocaram ao lado de nomes importantes do modernismo brasileiro como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.
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