Marco Somà – vencedor do Prêmio Andersen 2019 de melhor ilustrador

Com um traço que transborda sensibilidade, Marco Somá é um artista italiano que em 2019 conquistou o prêmio Andersen Award de melhor ilustrador, uma das mais expressivas premiações da área. Suas ilustrações mesclam contos populares com um toque de poesia e criatividade que convidam o leitor a viajar e sonhar através de sua arte.

Marci Somà nasceu em Cuneo, na Itália, em 1983. Graduou-se em Pintura na Academia de Arte de sua cidade natal e após a conclusão do curso, decidiu se aprofundar no campo da ilustração e se inscreveu no mestrado da Escola de Ilustração Ars In Fábula, localizada na província de Macerata.

O primeiro livro infantil que publicou com suas ilustrações foi A galinha vermelha (em tradução livre) em que adaptou um conto popular e pode expressar suas habilidades técnicas, rica imaginação e capacidade de representar os elementos de maneira delicada e poética.

Sua paixão por animais e natureza fica evidente em suas publicações divididas entre as principais editoras italianas como EL, Rizzoli, Il Castoro, Kite Edizioni e Kalandra. Seu processo artístico muitas vezes demora em torno de 4 a 5 dias e consiste em anotar as frases e passagens que mais lhe impressionam ao ler e reler as histórias que vai ilustrar.

Inicia os desenhos com lápis, utilizando-se da técnica do claro e escuro e somente após digitalizar a imagem, o ilustrador italiano começa a colorir.  Entretanto o processo de coloração não é digital, pois prepara fundos em aquarela ou tinta acrílica, sobrepondo-os ao lápis. A técnica mesclada com papéis coloridos e texturas resulta em incríveis efeitos tridimensionais.

Somà atualmente trabalha como ilustrador freelancer para livros infantis e ministra oficinas de Técnicas de Pintura e Quadrinhos na Academia de Arte de Cuneo. Suas ilustrações já foram selecionadas em diversas competições internacionais com obras como Robot, O chamado do pântano e A rainha das rãs não pode molhar os pés (publicado no Brasil em 2015 pela Editora Pulo do Gato).

Em 2019, Somà além de conquistar o Prêmio Andersen, também ganhou o segundo prêmio do XV Concurso de Ilustradores do Prêmio Ragazzi di Cento de Literatura com O Vendedor de Felicidade.


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Von Martius – Desvendando as riquezas naturais do Brasil do século XIX

Renomado médico, botânico e antropólogo, Von Martius foi também um pintor naturalista e um dos responsáveis por catalogar as riquezas naturais brasileiras à partir de uma expedição que se iniciou em 1817 e durou cerca de 3 anos. Seus estudos e descobertas, além de classificar os biomas brasileiros tal qual os conhecemos hoje, também registrou mais 22 mil espécies de plantas. Seus desenhos resultaram em importantes publicações sobre o território, cultura e costumes da sociedade brasileira do século XIX.

Carl Friedrich Philipp von Martius nasceu em 17 de abril de 1794 na cidade de Erlangen, no estado da Baviera, Alemanha. Seu pai era do ramo farmacêutico, o que influenciou na escolha de Von Martius por estudar medicina. Seu interesse por botânica emergiu ainda na faculdade, sendo tema do seu trabalho de conclusão de curso.

A amizade com o cientista e zoólogo Johann Baptist von Spix lhe permitiu ingressar na Academia de Ciências da Baviera, porta de entrada para a missão que seria a mais importante da sua vida e que o trouxe ao Brasil em uma expedição científica.

No século XIX o Brasil já despertava interesse mundial, principalmente dos países do Velho Mundo. Muito do seu território e oportunidades eram uma incógnita e as expedições com o intuito de desbravá-lo poderia colocar qualquer país em vantagem sobre os demais. Assim pensando, o Estado Bávaro uniu forças com a Áustria.

Aproveitando a comitiva que levava a arquiduquesa austríaca Leopoldina para o seu casamento com o futuro imperador brasileiro, o príncipe Pedro I, Von Spix e Von Martius embarcaram a caminho das terras brasileiras com o intuito de desvendar o máximo possível sobre as suas inexploradas riquezas. Fazia parte da expedição também o aquarelista Thomas Ender.

Encarregado da seção de botânica, Von Martius desembarcou em 15 de julho de 1817 no Rio de Janeiro onde iniciou as suas expedições, depois seguiu para São Paulo e Minas Gerais. Após desbravar a região sudeste, esteve em Goiás e Bahia, atravessando posteriormente os sertões de Pernambuco, Piauí e Maranhão, parte da viagem que se revelou absolutamente desafiadora e perigosa. Por fim, percorreram durante 8 meses a região da bacia do Rio Amazonas até alcançar a fronteira com a Colômbia.

Uma doença acometeu Von Spix, chefe de zoologia da expedição, o que fez o grupo antecipar o retorno à Alemanha. De volta ao seu país natal, em 1820, Von Martius dedicou-se em compilar seus estudos e transformá-los em valiosas publicações e que são referências até hoje sobre o Brasil. Uma destas publicações é o livro Viagem ao Brasil, concebido em conjunto com Von Spix. Porém foi Flora Brasiliensis, a obra mais importante de Von Martius e que alçou o seu nome internacionalmente. Dividida em 40 volumes, conta com 20.733 páginas escritas ao longo de 66 anos, por isso, Von Martius não viu a sua conclusão.

Martius faleceu em Munique, Alemanha, em 13 de dezembro de 1868.  Ao longo de sua vida, Von Martius somou mais de 200 publicações, onde reuniu dados não apenas sobre a vegetação brasileira, mas também sobre os seus costumes e formação da identidade nacional do Brasil. A divisão dos biomas brasileiros em Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga, Cerrado e Pampa foi proposta por Von Martius à partir de seus estudos e persiste até os dias atuais.

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O Brasil do início do século XX através da obra de Castelnau

Castelnau se destaca com uma das obras mais ricas e representativas das expedições promovidas não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina no século XX. Munido de tinta e papel, o explorador se dedicou em traçar um registro detalhado da zoologia, geologia, botânica, ornitologia e mapas de um Brasil recém-independente de Portugal.

François Louis Nompar de Caumont Laporte nasceu em 25 de dezembro de 1810, em Londres. Estudou história natural em Paris e aos 27 anos embarcou em sua primeira expedição científica em terras canadenses que durou 4 anos. Além de estudar a fauna dos lagos canadenses, também compôs um perfil dos sistemas políticos do Canadá e Estados Unidos.

Dois anos depois, em 17 de junho de 1843, Castelnau desembarcou no Rio de Janeiro junto com dois botânicos e um taxidermista em missão que tinha por objetivo estudar as possibilidades de comunicação através das águas da bacia do Rio Amazonas.

Durante os 4 meses em que passou no Rio de Janeiro teve a oportunidade de fazer observações meteorológicas e pesquisar sobre o magnetismo terrestre. Dali a expedição partiu para Minas Gerais, depois Cuiabá e sul do Mato Grosso de onde seguiu para solo paraguaio, passando por Assunção, subindo pela Bolívia e Peru até Lima. Assim, o explorador e seus companheiros cruzaram todo o continente sul-americano.

Uma parte da viagem pelo Rio Amazonas foi marcada pelo abandono de seus guias em terras de selvagens que habitavam a região, além disso, um dos integrantes da expedição saiu em busca de socorro e foi assassinado pelos índios que lhe guiavam. No entanto, mesmo com as diversas intempéries, Castenal concluiu a viagem 5 anos depois no Pará com vários esboços sobre suas observações meteorológicas, zoologia e diversas notas cedidas por seus colegas de expedição que utilizou na composição de sua obra.

Em suas obras são retratados tribos indígenas até então desconhecidas, com suas particularidades de organização social e cultura. Castelnau foi um dos primeiros a trazer em suas gravuras o interior de uma cabana indígena brasileira e até mesmo chegou a desmistificar algumas superstições que acompanham algumas das tribos. Além de trazer particularidades de locais que até hoje continuam pouco acessíveis.

Castenau ganhou destaque em terras brasileiras e chegou a ser nomeado cônsul francês na Bahia. Também realizou expedições pela África do Sul e pela Ásia entre 1856 e 1858. Entretanto estabeleceu-se na Austrália em 1862 e ali viveu até o fim de sua vida, em 1880.

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