Ingres – entre o Neoclassicismo e o Romantismo francês

Representante da transição do neoclassicismo para o romantismo, Ingres destacou-se como pintor e desenhista francês. Teve como mestre Jacques-Louis David, importante pintor neoclassicista da corte de Napoleão Nonaparte. Ingres tinha quase que uma obsessão pela figura feminina e ao longo de sua carreira realizou diversos estudos de nu. O artista francês também foi responsável por fazer um retrato interessante dos costumes da burguesia da época, além de trazer para as suas pinturas cenas mitológicas.

Foi na comuna francesa de Montauban que nasceu Jean-Auguste Dominique Ingres, em 29 de agosto de 1780. A mãe de Ingres tinha pouca instrução, porém o seu pai dedicava-se a diversas artes como pintura, escultura e até música e foi ele que incentivou o jovem a ingressar na vida artística.

Com seis anos, Ingres ingressou na Ecole des Frères de l’Education Chrétienne porém o estudo foi interrompido devido à eclosão da Revolução Francesa.  Por volta dos 11 anos passou a frequentar a academia de arte de Toulouse onde teve o seu primeiro contato com as obras de Rafael. Ingres também herdou o apreço de seu pai pela música, apresentando-se como violinista com apenas 14 anos no Teatro Municipal de Toulouse.

Optando em focar-se na pintura, obteve o primeiro prêmio em desenho na academia provincial e em 1796 foi para Paris onde ingressou no ateliê de Jacques-Louis David com quem estudou por quatro anos. Pelos anos seguintes ele seguiria o estilo neoclassicista de seu mestre até encontrar o seu estilo pessoal, tornando-se um pintor individualista ao preferir os temas gregos aos romanos.

Em 1801 pintou Os Emissários de Agamenon que lhe rendeu o Prêmio Roma. Neste quadro fica evidente a influência do mestre David em sua composição. No ano seguinte fez a sua estreia no Salão de Paris com uma obra que se perdeu, já em 1803 recebeu a primeira encomenda de pintar Napoleão Bonaparte.

Em 1806 expôs diversas obras no Salão de Roma que receberam críticas não muito favoráveis que lhe causaram grande indignação. Recusando-se a retornar à Paris, Ingres instalou um ateliê na Vila Medici, continuando os seus estudos e retratos. Em 1808 pintou Édipo e a Esfinge e a Banhista Valpinçon, obras que apesar da maestria dos detalhes de seus nus, também não lhe rendeu boas críticas. O mesmo se sucedeu com a obra Júpiter e Tétis (1811).

Porém mesmo com as críticas ferrenhas em cima de sua arte, Ingres continuou recebendo algumas encomendas importantes de famílias nobres italianas. O artista mudou-se para Florença em 1820 e apenas no Salão de Paris de 1824 obteve êxito ao expor suas obras e finalmente passou a ser reconhecido como pintor. Aclamado pela crítica nas décadas seguintes, Ingres recebeu diversos estudantes em seu ateliê.

Exímio desenhista, Ingres optava por usar em seus esboços lápis de grafite duro e papel liso e macio, sem fibras aparentes. Concebendo seus desenhos com modelos em sessões de 4 horas. Suas pinturas não tinham as gradações de cor e luz típicas do romantismo e, sim o uso de meios-tons e uma técnica que buscava se aproximar da realidade com toques que foram considerados por alguns estudiosos como precursores da arte moderna.  A obra de Ingres exerceu influência em artistas como Degas, Picasso, Matisse, entre outros.

Outras obras importantes do pintor são A grande odalisca (1814), A apoteose de Homero (1827), A Fonte (1856) e Madame Moitessier, sentada (1856). O artista francês faleceu aos 86 anos vítima de uma pneumonia.


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Os retratistas na história da arte

Gênero importante na história da arte, o retrato na pintura era utilizado pelas academias e escolas de artes como uma maneira de desenvolver as habilidades e técnicas artísticas. O gênero evoluiu conforme surgiam os movimentos e estilos artísticos ao longo dos séculos, desta forma, artistas renomados e de diversas gerações se destacaram utilizando o recurso em suas pinturas.

O retrato pictórico, por definição, é a representação de um sujeito, seja por observação, memória ou fotografia através da pintura. Acredita-se que suas raízes advêm do período pré-histórico. Do Egito Antigo sobreviveram registros de representações de divindades e governantes, a maioria de perfil, gravados sobre pedra, argila, gesso, entre outros materiais rígidos. Já as primeiras pinturas remontam da China de 1000 a. C., porém, não se conservaram trabalhos da época.

É por volta de 1300 que o gênero ganha força, ao ser utilizado para representação de personagens bíblicos, em obras como as de Giotto. No século XV, o pintor flamengo Jan Van Eyck desenvolve a técnica de pintar retratos com tinta a óleo, no lugar da têmpera que foi amplamente utilizada no século anterior. Destaca-se desse período a obra O casal Arnolfini, de Eyck.

No Renascimento o retrato se projetou através das encomendas que eram realizadas por famílias da nobreza e do alto escalão social, como uma forma de eternizar ou presentear a figura retratada, tornando-se um verdadeiro objeto de status. Desta época, destacam-se retratistas como Lorenzo Lotto e Botticelli, na Itália. Outros grandes mestres da pintura também se dedicaram ao retrato como Leonardo, Michelangelo e Rafael. A Mona Lisa, de Leonardo, por exemplo, é um dos retratos que elevaram as técnicas de pintura do gênero.

Conforme os movimentos estéticos e as técnicas artísticas evoluíam, era esperado que o retratista conseguisse copiar a essência do retratado em sua tela. No renascimento, passa-se a utilizar as expressões faciais na pintura para caracterização das diferentes emoções. Ticiano, por sua vez, propõe o retrato psicológico, ampliando as possibilidades de poses. Já nos séculos XVI e XVII, período Barroco e Rococó, nomes como os de Rubens e Van Dick dão continuidade ao estilo, e nos séculos XVIII e XIX, destacam-se os pintores franceses Jacques-Louis David e Jean Auguste Dominique Ingres. Goya, na Espanha, dedica-se dar um tom ousado e provocativo ao retrato com suas majas.

Os impressionistas, como Renoir, Degas e Monet dão novas nuances e cores ao estilo, servindo como porta de entrada para os trabalhos de Gauguin e Van Gogh. No século XX, o advento da fotografia ajudou os artistas na composição de seus retratos, principalmente numa reprodução mais fiel da figura retratada. Porém foi neste mesmo século que o gênero declinou na arte, por volta dos anos 40 e 50, ressurgindo com certa força nas produções dos ingleses Lucian Freud e Francis Bacon, nos anos 60 e 70. Artistas contemporâneos como Andy Warhol, Alex Katz e Chuck Close, também chegaram a explorar o retrato em suas obras, com novas técnicas, cores e interpretações.

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