Se engana quem acha que o artista deve estar sempre rodeado de elementos sérios e intrinsecamente artísticos em seu ateliê ou estúdio para que o processo criativo flua. Um exemplo de como a arte pode se desenvolver em ambiente descontraído, em meio a crianças e até animais, é a amizade que o pintor espanhol Pablo Picasso cultivou com um simpático cachorro da raça Dachshund chamado Lump e que foi registrada pelo fotojornalista David Douglas Duncan.
Famoso por seus registros de combates de guerra e da vida íntima do amigo Pablo Picasso, David Douglas Duncan era também apaixonado por animais. Lump era um dos seus animais de estimação, mas em uma visita de Picasso à caso do amigo, surgiu uma conexão tão grande entre o pintor e o cão salsicha que o fotojornalista decidiu deixá-lo com Picasso. Daí surgiu uma parceria inusitada entre pintor e cão e que foi fielmente captada pelas lentes do próprio Duncan ao longo dos anos e resultou no fotolivro Picasso & Lump: O cachorro que comeu um Picasso, em tradução livre.
As fotos de Duncan trazem Picasso e seu cachorro em situações cotidianas e descontraídas. Segundo relatos, o artista espanhol costumava pintar sozinho, sendo Lump o único que podia acompanhá-lo. Para Pablo Picasso, Lump “não era um cachorro, mas sim um homem pequeno”.
Lump viveu ao lado de Picasso durante seis anos, O animal está presente em diversas das obras do co-fundador do cubismo, entre elas, destaca-se a série “Meninas”, em que Lump aparece em 15 das 44 telas que compõem o trabalho inspirado no quadro As meninas do também pintor espanhol Diego Velázquez.
Contudo um problema de coluna que Lump desenvolveu, colocou fim à parceria. Duncan levou o cachorro para ser tratado na Alemanha e o animal não visitou o seu amigo pintor novamente. Lump morreu em 1973 e coincidentemente Picasso faleceu uma semana depois.