Carybé – um novo olhar para a cultura baiana

Famoso por seu retrato singular da cultura, arquitetura e belezas naturais baianas, além da capoeira e dos rituais afro-americanos, Carybé foi um artista versátil e se destacou como pintor, gravador, desenhista, ilustrador, escultor, muralista, pesquisador, historiador e jornalista.

Carybé é o nome artístico de Hector Julio Páride Bernabó, nascido em 7 de fevereiro de 1911 na província argentina de Lanús. Quinto filho do casal Enea Bernabó e Constantina González de Bernabó que tinham origem, respectivamente, italiana e brasileira. Como o casal costumava viajar com frequência, tiveram o filho primogênito no Brasil, as filhas Zora e Delia, no Paraguai e os caçulas Roberto e Hector, na Argentina.

Assim, aos 6 meses de vida, Hector mudou-se com a família para a Itália, onde viveu até 1919, até que embarcaram para o Brasil, devido à difícil situação pós-guerra no continente europeu.

Contudo, a vida no Brasil mostrou-se igualmente difícil, o pai de Hector demorou a conseguir emprego, por isso, a mulher teve que ensinar suas artes aos filhos para que estes pudessem ajudar no sustento da família. O jovem Hector tornou-se escoteiro do Clube de Regatas do Flamengo que costumava dar nome de peixes aos escoteiros, foi então que assumiu o nome de Carybé, pequeno peixe amazônico.

Ademais, Carybé começou a trabalhar cedo em uma farmácia, depois se tornou ajudante no ateliê de cerâmica do irmão Arnaldo Bernabó. Em 1928 iniciou os estudos na Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, que frequentou por dois anos.

No ano seguinte, o irmão de Carybé, Roberto, conseguiu um contrato para fazer as decorações de carnaval dos hotéis Glória e Copacana Palace e o dinheiro que recebeu possibilitou que a família viajasse para a Argentina.

Porém, em seu país natal Carybé e a família encontraram novamente dificuldades financeiras, desta feita, por conta da crise econômica mundial. Por isso, Carybé começou a desenvolver trabalhos como desenhista publicitário, chargista e ilustrador em jornais.

Então, foi contratado pelo jornal Él Pregon que lhe permitiu viajar o mundo desenhando e escrevendo reportagens sobre cada porto que visitava. Ao desembarcar na Bahia, entretanto, recebeu a notícia de que o jornal havia falido. Encantado com a cultura baiana, Carybé se descobriu verdadeiramente pintor.

Nesse período também trabalhou como ilustrador de obras literárias, traduziu para o espanhol o livro Macunaíma de Mario de Andrade e recebeu o Primeiro Prêmio da Câmara Argentina del Libro por sua ilustração do livro Juvenília, de Miguel Cané.

Em 1950 foi morar definitivamente na Bahia, onde desenvolveu uma forte relação com as manifestações culturais locais e trouxe elementos do candomblé, capoeira e samba de roda para os seus trabalhos. Ao lado de artistas como Jenner Augusto, Mário Cravo e Genaro Carvalho teve papel fundamental na renovação das artes plásticas do estado.

Ainda na década de 1950 naturalizou-se brasileiro e também recebeu o prêmio de melhor desenhista na III Bienal de São Paulo. Já nos anos 1970 conquistou o título de honra do Candomblé, o obá de Xangô. Atualmente parte de sua obra encontra-se no Museu Afro-Brasileiro de Salvador, que abrangem 27 painéis que simbolizam os orixás baianos esculpidos em cedro.

Nesse ínterim, destacam-se entre os seus trabalhos mais expressivos o conjunto de painéis “Os povos afros”, os “Ibéricos” e “Libertadores” de 1988 que se encontram no Museu da América Latina, em São Paulo, além de murais no Aeroporto de Miami. O artista continuou em plena atividade até meados dos anos 1990. Carybé faleceu em 1997, aos 86 anos, na cidade de Salvador.

 

Crédito imagens:
https://www.escritoriodearte.com/
http://g1.globo.com/
https://acervo.oglobo.globo.com/
http://gshow.globo.com/
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/

Athos Bulcão – a arte que engrandece a arquitetura de Brasília

A obra de Athos Bulcão não foi concebida para os olhos acostumados aos museus e galerias, mas sim, para o olhar atento que percorre as ruas de Brasília, seja a caminho do trabalho, escola ou em mero passeio. O artista brasileiro consagrou-se como pintor, escultor e desenhista, especialmente por seus painéis que engrandecem o concreto da capital brasileira.

Nascido no Catete, Rio de Janeiro, em 2 de julho de 1918, Athos Bulcão da Silva Pinto Neto, passou a infância em Teresópolis. Perdeu a mãe antes dos 5 anos e, por isso, foi criado por seu pai Fortunato Bulcão, amigo e sócio de Monteiro Lobato.

Assim, Bulcão cresceu um menino tímido e cheio de imaginação em uma família com muito interesse por arte. Suas irmãs mais velhas costumavam levá-lo em óperas, teatros museus e galerias. Além disso, na juventude contou com a amizade de importantes artistas do cenário brasileiro moderno como Burle Marx, Fernando Sabino, Vinicius de Moraes, Manuel Bandeira, entre outros.

Aos 21 anos, desistiu do curso de medicina para se dedicar às artes visuais. Por influência de amigos, Bulcão conheceu Candido Portinari, tornando-se aprendiz e ajudante do artista plástico. Teve a oportunidade, em 1945, de participar da criação do Mural de São Francisco de Assis na Pampulha, Belo Horizonte. Dessa maneira, com Portinari aprendeu sobre desenhos e cores, criando o hábito de planejar meticulosamente as cores que usaria antes de iniciar seus trabalhos.

Em seguida, Athos Bulcão mudou-se para Paris e viveu na cidade entre os anos de 1945 e 1949 com bolsa de estudos concedida pelo governo francês. Estudou desenho na Académie de La Grande Chaumière e litografia no ateliê de Jean Pons.

De volta ao Brasil, trabalhou como funcionário do Ministério da Educação e Cultura e fez ilustrações de catálogos e livros, incluindo O Encontro Marcado e A Cidade Vazia, de Fernando Sabino. Também desenhou capas para a revista Brasil Arquitetura Contemporânea e Módulo de Arquitetura.

Na década de 1950, Bulcão realiza fotomontagens com imagens captadas por ele.  Já em 1955 participa do projeto de transferência da capital para Brasília. Nesse viés, trabalha juntamente com Oscar Niemeyer na Campanha Urbanizadora da Nova Capital, tornando-se um dos principais artistas a desenvolver uma obra integrada à arquitetura. Foram criados murais, painéis e relevos para os edifícios do Congresso Nacional, Câmara dos Deputados, Teatro Nacional Claudio Santoro, Palácio do Itamaraty, Palácio do Jaburu, Memorial Juscelino Kubitschek, Capela do Palácio da Alvorada, Hospital Sarah Kubistchek e outros.

Equilibrando arte e arquitetura, Bulcão criou em seus azulejos modulações e grafismos com base nas formas geométricas. Há também um aproveitamento e integração da natureza com os efeitos da incidência da luz solar. Tudo desenvolvido para apreciação do público em geral.

O artista também estabeleceu parceria com o arquiteto João Figueiras Limas, na década de 1960 e na década seguinte voltou a trabalhar com Niemeyer, desta vez em projetos na França, Itália e Argélia.

Em 1992, foi criada em Brasília a Fundação Athos Bulcão com o intuito de preservar e divulgar a obra do artista como também tonar acessível à comunidade a educação, arte e bens culturais. Athos Bulcão faleceu aos 90 anos, devido á complicações de Parkinson.

Ainda em vida recebeu diversos prêmios, inclusive foi condecorado com a Ordem do Mérito Cultural em 1995, pelo Ministério da Cultura. Já em 2016, foi homenageado durante a abertura dos Jogos Olímpicos no Rio. Além disso, na ocasião do centenário de seu nascimento o Google prestou homenagem ao artista através de um Doodle com azulejos coloridos.


Acesse a galeria para admirar mais a obra de Athos Bulcão no Pinterest: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-mat%C3%A9rias-do-site/athos-bulc%C3%A3o/


Crédito Imagens:
https://fundathos.org.br/

Lygia Clark – as obras interativas de uma “não artista”

Com uma arte atemporal e que foge de classificações, a artista plástica Lygia Clark conquistou um lugar de destaque no cenário artístico brasileiro. Sua obra não é algo estático, pelo contrário, transmite ao expectador um mundo de possibilidades e de transformação.

Lygia Clark é o pseudônimo de Lygia Pimentel Lins, nascida em 23 de outubro de 1920, em Belo Horizonte. Proveniente de uma família tradicional de juristas, era a terceira dos quatro filhos de Jair Pereira Lins e Ruth Mendes Pimentel.

Lygia iniciou os seus estudos em artes quando já estava com 27 anos, casada e mãe de três filhos. Tornou-se então aprendiz e aluna de Roberto Burle Marx. Já aos 30 anos, viajou para Paris, onde estudou com Arpad Szènes, Dobrinsky e Léger. Dois anos depois, realizou a sua primeira exposição individual no Institut Endoplastique. De volta ao Brasil, expôs no Ministério da Educação e Cultura.

Em 1954 participou da criação do Grupo Frente, marco histórico do movimento construtivo brasileiro, dedicando-se ao estudo do espaço e da materialidade do ritmo. Ainda naquele ano participou da Bienal de Veneza com a série Composições. Lygia também trabalhou com instalações e body art, além de dedicar-se a pesquisas da linha orgânica.

O preto e branco é incorporado aos seus trabalhos entre 1957 e 1959, utilizando para isto placas de madeira justapostas, recobertas com tinta industrial aplicada com pistola.

Assim, em 1959 assinou o Manifesto Neoconcreto em parceria com Amílcar de Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanudis. Propõs uma ruptura com os suportes tradicionais na pintura. Na década de 1960 utiliza em suas criações materiais como metal e borracha, abandonando a dureza de materiais como a madeira.

Lygia encarava a arte como terapia e por este motivo se intitulava como “não artista”. Pregava fortemente a desmistificação da arte e do artista, cabendo ao expectador uma espécie de partilha na criação da obra. A psicanálise também foi elemento de grande influência para a obra de Lygia.

A artista levou tinta às molduras de alguns de seus quadros com o intuito de quebrar paradigmas. A proposta pode ser observada, por exemplo, na obra Unidades de 1959. Entre os anos de 1960 e 1964 cria a obra Bichos, em que propõe a participação do público. Lygia elaborou diversas esculturas de bichos em alumínios que o expectador poderia manipular e descobrir seus formatos. Por este trabalho, em 1961, a artista recebeu o prêmio de melhor escultora na Bienal Internacional de São Paulo.

Destacam-se também entre as principais produções de Lygia Clark, Obra Mole (1964), Nostalgia do Corpo: Diálogo (1968) e Babá Antropofágica (1973). Estes exemplos se caracterizam pela exploração sensorial do púbico, uso de diversas matérias-primas como metal, madeira e borracha, compondo objetos tridimensionais. A artista faleceu em 25 de abril de 1988, no Rio de Janeiro.

Crédito Imagens:

https://www.wikiart.org/

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Para ler a matéria, acesse: http://www.thaisslaski.com.br/sfumato-a-tecnica-por-tras-de-um-dos-sorrisos-mais-famosos-da-historia-da-arte/

PASTA DE EXERCÍCIO PINTEREST- CARAVAGGIO

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PASTA EXERCÍCIOS PINTEREST – Pintura a Óleo: OS CAIPIRAS

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