Kandinsky – pioneiro no movimento abstracionista

Pioneiro na arte abstracionista, Kandinsky foi um pintor e teórico russo que revolucionou a forma pictórica de expressão ao propor uma arte mais independente e distante da realidade visível. Suas obras compõe uma junção de cores, formas e linhas, elementos puros que não se ligam a nenhum tipo de representação, característica que marcou o abstracionismo, movimento artístico que surgiu no século XX.

Batizado como Wassily Wassilyevich Kandinsky, nasceu em 16 de dezembro de 1866 em Moscou. O contato com a arte e a música se deu após os 5 anos de idade quando ele foi morar com uma tia. Além de aprender piano e violoncelo, também teve aulas de desenho com um professor particular. Até os 30 anos, no entanto, Kandisnky vivia uma vida confortável em seu país natal, colhendo os frutos de uma bem sucedida carreira na área do Direito.

O ponto de virada para Kandinsky ocorreu em 1895, após o russo visitar uma exposição impressionista em Moscou. Enxergando ali uma arte que não se limitava apenas à imitação da natureza, no ano seguinte Kandinky decidiu recusar um cargo na Univerdade de Tartu e partir para a cidade alemã Munique com a esposa, Anya Ticheyeva, uma prima com quem se casara em 1892.

Estabelecido na Alemanha, Kandinsky dedicou tempo integral ao estudo de arte, primeiro em uma escola privada e depois na Academia de Belas Artes de Munique. Além de se formar como pintor, também adquire o título de teórico de artes. Assim ele deu início a uma vasta produção de obras, primeiramente com representações de paisagens, em que é possível distinguir influências do pontilho e fauvismo. Porém o artista foi evoluindo profissionalmente até abandonar os elementos figurativos.

Em 1901 juntou-se a outros jovens artistas e fundou a Sociedade Artística Phalanx que tinha como principal objetivo o de oposição ao conservadorismo. A partir de então conquistou alguns seguidores e alunos para os quais lecionava arte, além de publicar algumas de suas teorias sobre arte.

O abstracionismo começa a se tornar uma realidade em suas produções. Em 1910 Kandinsky publica a obra Do espiritual na Arte em que fala sobre a possibilidade de expressão sem se preocupar com a representação de objetos e outros elementos figurativos. Além disso, é notável uma grande influência da música na composição de suas pinturas.

A eclosão da Primeira Guerra Mundial o levou a retornar à Rússia em 1914 e dois anos depois o artista se estabelece na Suécia por cerca de um ano. Nos anos seguintes, de volta à Rússia, dedicou-se ao magistério e ao ativismo político, auxiliando na reforma de museus e na educação artística do país.

Em 1922, no entanto, retornou à Munique, onde lecionou na Bauhaus à convite de Walter Gropius, fundador da escola. Suas ideias que mesclam as cores com elementos da psicologia passam a ser bastante difundidas e o artista dedica-se cada vez mais ao estudo das formas e linhas, o que resulta na publicação de mais um livro teórico (Ponto e Linha sobre Plano: contribuição à analise dos elementos da pintura). Kandinsky também foi um dos Quatro Azuis, associação que era composta por Paul Klee, Lyonel Feininger e Alexej von Jawlensky.

Entre os principais quadros de Kandinsky se destacam Parque de Achityrka (1901), Composições, Improvisações e Impressões (Série realizada entre 1910-1914), No Quadrado Negro (1923) e Alan Tempéré (1944). Além dos livros teóricos, Kandinsky também compôs alguns poemas de temática abstracionista.

Após o fechamento de Bauhaus pelos nazistas em 1933, Kandinsky se estabeleceu em Paris, e embora não tenha sido um dos períodos mais favoráveis na vida do pintor russo, ele viveu na cidade francesa até o fim de sua vida, em 1944.


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Ingres – entre o Neoclassicismo e o Romantismo francês

Representante da transição do neoclassicismo para o romantismo, Ingres destacou-se como pintor e desenhista francês. Teve como mestre Jacques-Louis David, importante pintor neoclassicista da corte de Napoleão Nonaparte. Ingres tinha quase que uma obsessão pela figura feminina e ao longo de sua carreira realizou diversos estudos de nu. O artista francês também foi responsável por fazer um retrato interessante dos costumes da burguesia da época, além de trazer para as suas pinturas cenas mitológicas.

Foi na comuna francesa de Montauban que nasceu Jean-Auguste Dominique Ingres, em 29 de agosto de 1780. A mãe de Ingres tinha pouca instrução, porém o seu pai dedicava-se a diversas artes como pintura, escultura e até música e foi ele que incentivou o jovem a ingressar na vida artística.

Com seis anos, Ingres ingressou na Ecole des Frères de l’Education Chrétienne porém o estudo foi interrompido devido à eclosão da Revolução Francesa.  Por volta dos 11 anos passou a frequentar a academia de arte de Toulouse onde teve o seu primeiro contato com as obras de Rafael. Ingres também herdou o apreço de seu pai pela música, apresentando-se como violinista com apenas 14 anos no Teatro Municipal de Toulouse.

Optando em focar-se na pintura, obteve o primeiro prêmio em desenho na academia provincial e em 1796 foi para Paris onde ingressou no ateliê de Jacques-Louis David com quem estudou por quatro anos. Pelos anos seguintes ele seguiria o estilo neoclassicista de seu mestre até encontrar o seu estilo pessoal, tornando-se um pintor individualista ao preferir os temas gregos aos romanos.

Em 1801 pintou Os Emissários de Agamenon que lhe rendeu o Prêmio Roma. Neste quadro fica evidente a influência do mestre David em sua composição. No ano seguinte fez a sua estreia no Salão de Paris com uma obra que se perdeu, já em 1803 recebeu a primeira encomenda de pintar Napoleão Bonaparte.

Em 1806 expôs diversas obras no Salão de Roma que receberam críticas não muito favoráveis que lhe causaram grande indignação. Recusando-se a retornar à Paris, Ingres instalou um ateliê na Vila Medici, continuando os seus estudos e retratos. Em 1808 pintou Édipo e a Esfinge e a Banhista Valpinçon, obras que apesar da maestria dos detalhes de seus nus, também não lhe rendeu boas críticas. O mesmo se sucedeu com a obra Júpiter e Tétis (1811).

Porém mesmo com as críticas ferrenhas em cima de sua arte, Ingres continuou recebendo algumas encomendas importantes de famílias nobres italianas. O artista mudou-se para Florença em 1820 e apenas no Salão de Paris de 1824 obteve êxito ao expor suas obras e finalmente passou a ser reconhecido como pintor. Aclamado pela crítica nas décadas seguintes, Ingres recebeu diversos estudantes em seu ateliê.

Exímio desenhista, Ingres optava por usar em seus esboços lápis de grafite duro e papel liso e macio, sem fibras aparentes. Concebendo seus desenhos com modelos em sessões de 4 horas. Suas pinturas não tinham as gradações de cor e luz típicas do romantismo e, sim o uso de meios-tons e uma técnica que buscava se aproximar da realidade com toques que foram considerados por alguns estudiosos como precursores da arte moderna.  A obra de Ingres exerceu influência em artistas como Degas, Picasso, Matisse, entre outros.

Outras obras importantes do pintor são A grande odalisca (1814), A apoteose de Homero (1827), A Fonte (1856) e Madame Moitessier, sentada (1856). O artista francês faleceu aos 86 anos vítima de uma pneumonia.


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Diego Velázquez – O Barroco espanhol

Conhecido como um dos mais importantes retratistas espanhóis e representantes do Barroco Europeu, Diego Velázquez foi o principal pintor da corte espanhola do Rei Filipe IV. Suas obras retratam membros da corte, temas religiosos, mitológicos e cenas históricas, todos concebidos com um realismo impressionante, foco nas expressões individuais e notável uso do contraste entre o claro e escuro.

Foi na região de Sevilha, em 6 de julho de 1599, que nasceu Diego Rodriguez de Silva Y Velázquez. De ascendência portuguesa, já demonstrava com apenas 10 anos de idade sua vocação para a pintura. Seu primeiro tutor artístico foi Francisco Herrera, importante pintor sevilhano e fundador da Escola de Sevilha. Pouco tempo depois foi enviado ao estúdio de Francisco Pacheco como aprendiz, onde obteve uma sólida formação teórica durante seis anos.

Em 1617 Velázquez atingiu a mais alta e importante titulação como mestre-pintor de ícones religiosos. E ainda naquele ano criou o seu próprio ateliê em sua cidade natal. No ano seguinte casou-se com Juana Pacheco, filha de Francisco Pacheco. Suas pinturas dessa época trazem principalmente temas religiosos, como é o caso de Imaculada Conceição e Adoração dos Magos, ambas obras de 1619.
Já em 1622 viajou pela primeira vez a Madri e após realizar um retrato do rei Filipe IV, conquistou o posto de pintor da câmara real. Com o ingresso na corte teve acesso ao acervo de diversas obras primas, além da oportunidade de conhecer pessoalmente, em 1629, o famoso pintor barroco Rubens e cuja obra exerceu grande influência em seu estilo. Ainda naquele ano viajou para Itália onde pode estudar as obras do Renascimento.

Entre as principais obras de Velázquez estão São João em Patmos (1619), O almoço (1620), Isabella de Bourbon (1625), Vênus ao Espelho (1647), além do quadro A Família de Felipe IV (As Meninas), que serviu de inspiração para diversos pintores décadas e décadas depois, como é o caso de Picasso que o representou em uma série de pinturas nomeada como As Meninas em 1957.

Além de famílias da nobreza espanhola, Velázquez também chegou a retratar privadamente anões e bobos da corte. Em seus retratos há um maior enfoque nas expressões faciais, além de trazer elementos do tenebrismo (técnica usada principalmente por Caravaggio) e realismo. Velázquez faleceu em 6 de agosto de 1660, na cidade de Madrid. Conquistou ao longo de sua vida diversos cargos importantes como Aposentador Real, foi condecorado com a Ordem de Santiago e viajou pela Itália como embaixador e artista espanhol.


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Marco Somà – vencedor do Prêmio Andersen 2019 de melhor ilustrador

Com um traço que transborda sensibilidade, Marco Somá é um artista italiano que em 2019 conquistou o prêmio Andersen Award de melhor ilustrador, uma das mais expressivas premiações da área. Suas ilustrações mesclam contos populares com um toque de poesia e criatividade que convidam o leitor a viajar e sonhar através de sua arte.

Marci Somà nasceu em Cuneo, na Itália, em 1983. Graduou-se em Pintura na Academia de Arte de sua cidade natal e após a conclusão do curso, decidiu se aprofundar no campo da ilustração e se inscreveu no mestrado da Escola de Ilustração Ars In Fábula, localizada na província de Macerata.

O primeiro livro infantil que publicou com suas ilustrações foi A galinha vermelha (em tradução livre) em que adaptou um conto popular e pode expressar suas habilidades técnicas, rica imaginação e capacidade de representar os elementos de maneira delicada e poética.

Sua paixão por animais e natureza fica evidente em suas publicações divididas entre as principais editoras italianas como EL, Rizzoli, Il Castoro, Kite Edizioni e Kalandra. Seu processo artístico muitas vezes demora em torno de 4 a 5 dias e consiste em anotar as frases e passagens que mais lhe impressionam ao ler e reler as histórias que vai ilustrar.

Inicia os desenhos com lápis, utilizando-se da técnica do claro e escuro e somente após digitalizar a imagem, o ilustrador italiano começa a colorir.  Entretanto o processo de coloração não é digital, pois prepara fundos em aquarela ou tinta acrílica, sobrepondo-os ao lápis. A técnica mesclada com papéis coloridos e texturas resulta em incríveis efeitos tridimensionais.

Somà atualmente trabalha como ilustrador freelancer para livros infantis e ministra oficinas de Técnicas de Pintura e Quadrinhos na Academia de Arte de Cuneo. Suas ilustrações já foram selecionadas em diversas competições internacionais com obras como Robot, O chamado do pântano e A rainha das rãs não pode molhar os pés (publicado no Brasil em 2015 pela Editora Pulo do Gato).

Em 2019, Somà além de conquistar o Prêmio Andersen, também ganhou o segundo prêmio do XV Concurso de Ilustradores do Prêmio Ragazzi di Cento de Literatura com O Vendedor de Felicidade.


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El Bosco – as pinceladas fantasiosas de um gênio pré-renascentista

Considerado o primeiro artista fantástico, El Bosco foi um pintor holandês que viveu entre os séculos XV e XVI. O artista surpreende com uma obra repleta de simbolismos diversos e que permanece de difícil interpretação até os dias atuais. Os elementos fantasiosos de suas pinturas mesclam-se com pinceladas de um realismo surpreende para a época e acredita-se que o estilo do artista brabantino tenha influenciado, séculos mais tardes, o movimento surrealista.  

Ao longo de sua carreira, Jeroen van Aken recebeu diversos nomes. Entre os mais famosos está o pseudônimo Hieronymus Bosch e El Bosco, como o artista ficou conhecido na Espanha, país que recebeu diversas de suas obras por meio de encomendas. Nascido em 1450, em Hertogenbosch (de onde provém o seu pseudônimo), capital da província de Brabante do Norte, aproveitou a efervescência artística e política que antecedeu o movimento Renascentista. Oriundo de uma família de artistas, aprendeu o ofício da pintura desde cedo.

O casamento com uma jovem de alta estirpe permitiu que El Bosco se dedicasse exclusivamente à pintura. Não demorou a se tornar uma referência artística em seu país e fora dele, principalmente da Espanha. Pouco se sabe de sua personalidade ou trajetória pessoal, porém suas obras descrevem um artista talentoso, refinado e de grande imaginação.

A maioria de suas produções é composta por temas comuns à época como cenas de santos, além do nascimento, paixão e morte de Cristo. De outras, no entanto, saltam paisagens e figuras insólitas rodeadas por elementos de cunho religioso e fantástico e que ao longo dos séculos desafiam pesquisadores e estudiosos da arte de El Bosco que, muitas vezes, divergem ao atribuir significado isolado ou ao conjunto de sua obra.

As mais famosas de suas obras foram em realizadas em tríptico, ou seja, eram constituídas por três painéis, sendo um fixo no meio e outros dois laterais ligados ao primeiro com dobradiças ou gonzos. É o caso dos quadros O Jardim das Delícias, As Tentações de Santo Antão e o Julgamento Final. Nestas telas o artista incorpora as suas habilidades excepcionais como desenhista e colorista para dar vida aos temores, pecados e vícios humanos, que assumem o seu característico tom fantasioso. Outras obras importantes de El Bosco são a Extração da Pedra da Loucura, O Carro de Feno e O Navio dos Loucos.

Para muitos críticos, como o historiador francês Marcel Brion, as obras de El Bosco exerceram grande influência para os artistas surrealistas. Afinal, o conteúdo de sua obra assume em muitos aspectos o tom onírico e obscuro encontrados no surrealismo. No entanto, não há um consenso real sobre isto, visto que os processos criativos de El Bosco e dos surrealistas eram completamente diferentes.

O artista faleceu em 1516 e de sua obra conservam-se cerca de 40 originais espalhados no mundo em museus importantes como o Museu do Prado, em Madri e o Louvre, em Paris. É possível encontrar uma das versões de As Tentações de Santo Antão no MASP, em São Paulo, cuja obra oficial está localizada no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.


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