Jan van Eyck – o mestre da pintura flamenga no século XV

As inovações de Jan van Eyck na pintura de paisagens e retratos, o tornaram um dos mais célebres pintores flamengos do século XV. Considerado o mestre do estilo gótico e precursor da escola realista flamenga, tornou-se influência para muitos artistas que vieram posteriormente. 

Não se sabe com precisão a data e local de nascimento de Jan van Eyck, porém estima-se que tenha sido por volta de 1390, na cidade Maaseik, Bélgica. Também se especula que o primeiro contato de Van Eyck com a arte tenha se dado através de seu irmão mais velho, o pintor Hubert van Eyck. Já as principais influências artísticas do pintor flamengo foram os escultores Klaus Sluter e Melchior Broederlam 

Em 1420, Van Eyck estabeleceu-se como principal pintor na Flandres, região proeminente dos Países Baixos. Foi por volta dessa época que ele e o irmão receberam a encomenda para pintar um políptico. Desse trabalho nasceu uma de suas obras mais célebres o Retábulo de Ghent (1420-1432). Composta por 20 painéis fixos e móveis, mostra diferentes cenas e figuras bíblicas.  

A obra, no entanto, demorou mais de uma década para ser finalizada, uma vez que Van Eyck, em 1425, foi nomeado o principal pintor da corte do duque Filipe III da Borgonha, o Bom. Essa proximidade com membros da corte lhe permitiu participar de importantes missões diplomáticas pela Europa. 

Após a morte de seu irmão, Hubert, em 1426, Van Eyck continuou sozinho a composição do Retábulo de Ghent. Porém a obra teve que ser pausada novamente quando participou da comitiva enviada a Portugal em 1428 para pedir a mão da Princesa Isabel, filha do Rei João I.  

Retornou para Bruges em 1429 e pode finalmente terminar os painéis em 1432, mesmo ano em que comprou uma residência naquela região. É desta época também que nasceram pinturas como O homem do turbante vermelho (1433), que muitos historiadores julgam ser um autorretrato do artista e também o óleo sobre tela O casal Arnolfini (1434), uma das mais intrigantes e famosas pinturas de Van Eyck. 

A riqueza de detalhes, a precisão luminosa, o uso da perspectiva e o cuidado na escolha das cores para se aproximar o máximo possível da realidade foram características que fizeram o nome de Jan van Eyck despontar entre os artistas flamengos. Além disso, a sua principal técnica foi o uso do óleo sobre a madeira que resultavam em belíssimos painéis. 

Jan Van Eyck foi um artista inovador principalmente por ter aprimorado a técnica de pintura a óleo. O artista desenvolveu uma nova preparação de tintas que incluía o uso do óleo na diluição dos pigmentos ao invés do ovo (têmpera), produzindo assim cores mais lustrosas e que não secavam com tanta rapidez. Essa descoberta foi a chave do sucesso do seu trabalho, pois permitia que ele trabalhasse mais devagar e de maneira minuciosa. 

Seus quadros revelam os costumes da nata da burguesia, como também o desenvolvimento social e urbano europeu do final da Idade Média. Há também, como mandava a época, o intenso uso de motivos religiosos em seus trabalhos como pode ser observado em A virgem na Igreja (1430), Crucificação: o julgamento final (1430), A virgem do Chanceler Rolin (1435) e A Anunciação (1436).


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O simbolismo dourado do austríaco Gustav Klimt

Klimt é um dos pintores mais revolucionários da arte austríaca que compreende a virada do século XIX para o XX. Conhecido por sua aparência quase exótica, dedicou-se à art nouveau e ajudou a fundar o movimento de jovens artistas denominado Secessão de Viena. As obras mais famosas de Klimt são os quadros Retrato de Adele Bloch-Bauer I e O Beijo, ambas da aclamada fase dourada do pintor. 

Gustav Klimt nasceu em 14 de julho de 1862, na cidade de Baumgarten, Viena, em uma época de grande eclosão cultural, conhecida como “modernidade vienense” e que produziu diversos pensadores e artistas importantes, tais como o psicanalista Sigmund Freud e o escritor Karl Kraus. 

Klimt era um dos sete filhos do gravador Ernst Klimt e de Anna Klimt. Aos 14 anos ingressou na Escola de Artes Decorativas, onde praticou o desenho ornamental, estilo, perspectiva, entre outros. Seguiu a sua especialização em pintura com Ferdinand Laufberger e depois, Julius Vicktor Berger. 

Seus primeiros trabalhos foram realizados ao lado de seu irmão Ernst (que carregava o mesmo nome de seu pai) e do pintor Franz Matsch com quem ele fundou a Companhia dos Artistas. Devido ao boom de construções, as primeiras encomendas eram vitrais e murais para locais importantes como Museu de História da Arte de Viena, ligado à Escola de Artes Decorativas. 

Já nessa época, Klimt busca romper com o tradicionalismo da arte e, junto com outros artistas, funda Associação Austríaca de Artistas Figurativos que tem como missão se opor à conservadora Sociedade dos Artistas Vienenses. Suas obras, dotadas de um forte estilo decorativo, começam a ganhar enorme visibilidade, caindo na graça da burguesia judaica. 

A primeira grande virada artística na vida de Gustav Klimt ocorreu em 1894 quando foi incumbido de pintar três grandes painéis para o teto do auditório da Universidade de Viena. As ousadas pinturas mostravam corpos femininos nus em posições provocadoras e foram alvo de grande escândalo. 

Nos primeiros anos de 1900, o artista entrou na sua chamada fase dourada em que se utilizou de folhas de ouro para compor retratos principalmente de mulheres. Nas telas também é possível ver pequenos objetos e símbolos geométricos que adornam e contrastam com as figuras principais concebidas de maneira extremamente realista. O processo para a concepção destas artes era muito demorado e minucioso. É também deste período a obra Danae (1907-8). 

O fim dessa fase marcou um período de envolvimento do artista com os preceitos do Expressionismo. Além disso, em uma viagem à Paris em 1909, o artista teve contato com as obras de Toulouse-Lautrec e com o fauvismo. Klimt então passa a usar cenários mais simples, como pode ser observado nas telas O Chapéu de Plumas Negras (1910), A Vida e a Morte (1916) e A Virgem (1913). 

Nos anos seguintes ele se dedica a pinturas de paisagens com certa influência cubista, além de se dedicar a uma arte de cunho mais erótico, ainda tendo a figura feminino como principal representação. Sua paleta ganha tons mais sombrios a partir de 1915, quando o artista perdeu a sua mãe. Já em 1918, Gustav Klimt faleceu vítima de um ataque apoplético.


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Os retratos e as paisagens realistas de Antonio López Torres

Antonio López foi um dos mais habilidosos e sensíveis artistas da região de Tomelloso, na Espanha. Destacou-se por explorar a pintura ao ar livre, retratando com maestria as peculiaridades da luz que incidia sobre as paisagens campestres de sua cidade natal.  O pintor espanhol foi fonte de inspiração para diversos artistas conterrâneos. 

Foi em Tomelloso, município situado na região da província espanhola de Ciudad Real, que nasceu Antonio López Torres, em 21 de julho de 1902. Proveniente de uma família de ricos fazendeiros, López Torres cresceu rodeado por uma natureza abundante e que desde cedo foi tema de seus desenhos quando ele ainda nem sonhava em ser pintor. 

Porém o seu talento precoce não passou despercebido aos olhos de um de seus professores primários, mas o pai do jovem tentou afastá-lo de seu dom inato e mandou-o aos 13 anos para trabalhar na vinha da família. 

Contudo, o efeito provocado em López Torres foi o contrário de que seu pai esperava. A experiência no campo permitiu que ele se conectasse ainda mais com a natureza e passasse a reinterpretá-la em suas obras de uma forma totalmente particular.  

Ele ainda não tinha uma formação artística e tudo que criava era de maneira autodidata. Mas já em suas primeiras pinturas, há o destaque para luz, característica que viria se aprofundar ainda mais e pela qual seu nome ficou conhecido.  

A guinada em sua carreira artística veio em 1924 quando um renomado pintor chamado Ángel Andrade Blázquez selecionou as obras de López Torres para a mostra de Belas Artes em Tomelloso. Apenas depois deste episódio o pai de López Torres finalmente se convenceu de que o filho deveria seguir a própria vocação. 

Assim, López Torres pode finalmente ingressar na educação artística formal que se iniciou na Escola de Artes e Ofícios de Ciudad Real, onde se aprofundou em anatomia humana, desenho, retratos e arriscou algumas naturezas mortas. Posteriormente foi para a Escola de Belas Artes de San Francisco, em Madrid, experiência que permitiu um melhor desenvolvimento técnico e uso das cores. Costumava visitar o Museu do Prado para estudar os grandes mestres da pintura como Goya, Ticiano ou Rubens, porém nutria uma profunda admiração por Diego Velázquez. 

Retornou para a sua cidade natal em 1931, após se formar. Aos poucos foi desenvolvendo ainda mais o uso da luz, perspectiva e um exímio domínio cromático que lhe permitiam explorar tudo o que havia aprendido na academia e assim atingir a sua maturidade artística. Tornou-se professor em Tomelloso e apenas em 1936 realizou a sua primeira exposição individual. 

Outra grande evolução artística em sua carreira foi notada em 1948, quando sua obra ganhou nuances mais suaves e líricas. Entre os anos de 1967 a 1972, ele optou em testar novas técnicas de desenhos a óleo, até a sua aposentadoria no final daquele ano. No ano de 1978 doou todo o seu legado artístico para a cidade de Tomelloso e faleceu quase uma década depois, em 1987, vítima de uma trombose. 

Entre as principais obras de López Torres destacam-se La abuela Alejandra fazendo tricô (1924), Venus de Milo (1926), Bodegón con mascarilla (1927), Llanuras de La Mancha (1932), Vista de Palma de Mallorca (1941), Niño bebiendo agua de un cubo (1946) e Paisaje de vendimia en la Garza (1969). 


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A precisão luminosa das obras de Joaquín Sorolla

Sorolla é conhecido por suas obras de singular luminosidade, muitas vezes retratando praias ensolaradas da Espanha com personagens que parecem brincar aos olhos dos espectadores, eternizados através de rápidas pinceladas que lhes imprimiam movimento e leveza, além de cores harmoniosas. O pintor foi ainda mais notável ao expressar a sua sensibilidade artística em obras que se voltam para questões históricas e sociais análogas principalmente à pobreza. 

Joaquín Sorolla y Bastida nasceu em 27 de fevereiro de 1863, em Valência na Espanha. Era o primeiro filho de um pobre casal de comerciantes, porém com apenas dois anos de idade o jovem Joaquín ficou órfão. Ele e sua irmã mais nova tiveram os cuidados delegados a um casal de tios maternos e aos 9 anos de idade iniciou sua educação artística. 

O talento precoce de Sorolla o levou, aos 15 anos de idade, a ingressar na Academia de San Carlos, localizada em sua cidade natal. Já aos 18 anos teve a oportunidade de viajar para Madri, onde estudou os grandes mestres expostos no Museu do Prado. Após prestar o serviço militar obrigatório, aos 22 anos, partiu para a italiana Roma com o intuito de aprender pintura, após ganhar uma bolsa de estudos. Teve ainda a oportunidade de passar uma temporada em Paris, onde teve contato com a arte vanguardista. 

Sorolla estabeleceu-se em Madri dois anos após de casar-se com Clotilde García del Castillo com quem teve três filhos: Maria, Joaquín e Elena. Suas obras, naquela época, focavam-se sobretudo no orientalismo, temas mitológicos, históricos e sociais. Nessa altura ele já havia desenvolvido o estilo pictórico marcante de suas obras denominado Luminismo e o que tornaram reconhecido como o Pintor da Luz. 

Apenas em 1892 conseguiu certa projeção artística com a tela “Outra Margarita!” que ganhou medalha de ouro na Exposição Nacional de Madri. Com essa mesma obra o pintor espanhol conquistou o primeiro lugar na Exposição Internacional de Chicago, cunhando assim fama internacional.  

Entretanto foi com a aclamada obra Triste Herança (1899) em que retrata crianças aleijadas tomando banho no mar de Valência, em que o pintor realmente teve uma virada em sua carreira. A obra lhe rendeu o Gran Prix, uma medalha de honra na Exposição Universal de Paris (1900) e outra medalha de honra na Exposição Nacional de Madri (1901). Porém, foi a partir desse trabalho que Sorolla passou a se distanciar dos temas sociais. 

Outras das importantes obras de Sorolla são “E ainda dizem que peixe é caro” (1894), o “Retrato do Dr. Simarro ao Microscópio” (1897), uma união entre arte e ciência e que viria a retornar na tela “Uma Investigação”, Menina (1904), Passeio à beira-mar (1909), Correndo ao longo da praia (1908) e Meninos na Praia (1910). 

Ao olhar para uma obra de Sorolla é quase possível sentir a brisa que desmancha as vestes e bagunça os cabelos ou sentir a cálida luz solar que ilumina a paisagem e a pele de seus modelos, sobretudo em suas paisagens à beira mar. A influência do artista sobre a arte espanhola foi tanta que muitos adeptos de suas técnicas passaram a ser conhecidos como “sorollistas”. Sorolla faleceu em 10 de agosto de 1923, em Madri.


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Gala – Além da musa inspiradora de Dalí

O nome de Gala Éluard Dalí é muitas vezes associado à esposa e musa inspiradora de Salvador Dalí, mas muitas pessoas talvez desconheçam que por trás da figura constantemente retratada nas obras do pintor espanhol havia uma mulher à frente de seu tempo e grande parceira de seu trabalho.

Gala contribuiu ativamente para que Dalí se tornasse o grande nome do surrealismo e, não à toa, em determinado momento de sua carreira ele passou a assinar o seu nome e o dela em diversas pinturas, dando pistas de que a criação era conjunta. 

De origem russa, Gala nasceu Elena Ivanovna Diakonova, na cidade de Kazan, em 7 de setembro de 1894, em uma família de intelectuais.

Passou boa parte de sua infância em Moscou, era uma aluna brilhante e por isso completou os seus estudos na renomada academia para moças MG Brukhonenko. Posteriormente, a jovem obteve licença para se tornar professora primária.  

Por volta dos 15 anos contraiu tuberculose e foi enviada a um sanatório na Suíça para fazer o tratamento. Foi em sua estadia na Suíça que ela conheceu o jovem Eugène Grindel que, por conta do incentivo de Gala, ganhou projeção artística como poeta e assumiu o nome Paul Éluard. O poeta francês se tornou o seu primeiro marido em 1917 e com ele teve a única filha Cécile, em 1918.  

Através do trabalho de Éluard, Gala passou a ter contato com famosos intelectuais da época, entre eles o teórico do surrealismo André Breton e alguns pintores surrealistas. Ela, então, passou a modelar e se tornou inspiração para diversos escritores e artistas como Louis Aragon, Max Ernst e, posteriormente, Man Ray 

Foi apenas em 1929 que Gala e Dalí se conheceram – o jovem e promissor pintor espanhol era 10 anos mais novo do que ela. Ainda naquele ano, Gala rompeu o casamento com Éluard e foi morar com Dalí.

Iniciou-se então um período de grande colaboração artística entre ambos. Dalí inclusive foi quem lhe deu o apelido Gala, inspirado pelo romance do alemão Wilhelm Jensen, intitulado “Gradiva”, palavra em latim para “aquela que avança”. O livro serviu de base para o estudo de Freud “O delírio e os sonhos na ‘Gradiva‘ de W. Jensen”, obra aclamada por muitos artistas surrealistas. 

Para Dalí, Gala foi a sua verdadeira redenção e possibilitou que ele avançasse na carreira artística. Além de posar para os trabalhos do marido, ela delineava exatamente a sua autoimagem e como o pintor deveria retratá-la.

Da intensa colaboração que culminou na arte e na imagem pública que se tornou Salvador Dalí, nasceu obras como: Comienzo automático de un retrato de Gala (1939), Galarina (1945), La madona de Portlligat (1949), Gala Placidia (1952), Máxima velocidad de la Madona de Rafael (1954) e El Pie de Gala (1975‐76).  

Gala e Dalí formavam uma intrínseca aliança e quando se analisa a fundo esboços e textos do próprio pintor, há que se reconhecer o importante papel desempenhado por ela nos mais audaciosos projetos que alçaram Dalí à fama internacional.  

De suas criações individuais, sabia-se que costumava escrever bastante e desenhava as suas próprias roupas. O que restaram foram poucos objetos surrealistas e algumas páginas de diário que serviram de base para uma tentativa de desvendar a figura misteriosa e genial por trás da mulher que desafiou tanto os costumes de uma época. Reunidos, esses itens fizeram parte de uma inédita exposição no Museu Nacional de Arte da Catalunha em 2018, nomeada Gala Salvador Dalí. 

Gala, portanto, não era apenas o corpo ou rosto que aparecia em muitas das pinturas de Dalí, pelo contrário, ela tinha voz ativa sobre a obra, aconselhava, incentivava, liderava a administração financeira do ateliê e contribuía com muitas ideias. Os dois estiveram juntos por 53 anos, até a morte de Gala, em 1982. Ela foi fundamental para o desenvolvimento de Dalí e peça-chave para o que se conhece de mais marcante da obra do pintor, considerado um dos maiores artistas do século XX.  


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Entrevista com Joana Penna – ilustradora dos livros Diário de Pilar

Joana Penna é uma renomada artista brasileira que ficou conhecida especialmente pela sua colaboração como ilustradora na série de livros infanto-juvenis Diário de Pilar, escrito pela Flávia Lins e Silva e publicado pela editora Zahar. A série vem conquistando crianças em diversos países onde foi publicada como França, Alemanha, México, Argentina, Espanha, China e Polônia.

Natural do Rio de Janeiro, Joana Penna graduou-se em Design Gráfico na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1997 e neste mesmo ano partiu para Barcelona onde estudou design, caligrafia e ilustração na EINA Design School. Posteriormente, mudou-se para Londres, onde se dedicou mais um ano e meio em estudos na Central Saint Martins e na Camberwell School of Arts.

Joana passou uma temporada de quatro anos na Ásia desbravando o Sri Lanka, onde assumiu cargos em duas empresas e também registrou suas impressões sobre os países que conheceu em alguns diários. Apaixonada por viagens, ela rumou para os EUA e retomou os seus estudos em artes e também a carreira como ilustradora. Em Nova York, estudou na School of Visual Arts e fez aulas de encadernação no Center for Book Arts.

Além de ilustradora, Joana leciona aula de artes para crianças em New Jersey, onde mora atualmente, e trabalha desde 2017 para a Globo News criando animações para programa Manhattan Connection. Além da série Diários de Pilar, Joana Penna contribuiu como ilustradora em outros livros infantis publicados por editoras brasileiras. Recentemente, Joana também começou a trabalhar em um projeto incrível que tem a premissa da “arte como terapia de cura” e é desenvolvido pela fundação Artworks, The Naomi Cohain Foundation, que busca artistas para darem aulas de artes para pacientes pediátricos em hospitais.

Em entrevista exclusiva com Joana, pudemos conhecer um pouco mais de sua trajetória como ilustradora, de seu processo criativo e de trabalho e também a artista deu dicas valiosíssimas para quem está começando a se aventurar no mundo da arte. Confira abaixo:

PB – Joana, poderia nos contar como você começou a ilustrar?

Joana Penna – Eu cresci vendo a minha mãe pintar. Ela pintava a óleo, uma modalidade que nunca tentei, mas que tenho bastante vontade de aprender algum dia. Minha infância sempre foi acompanhada de materiais de desenho e pintura. Os presentes que eu ganhava em sua maioria eram lápis, canetinhas, blocos de papel. Acho que a questão não é como se começa a pintar, mas sim em qual momento você parou. Eu nunca parei. Afinal toda criança desenha, mas em algum momento, por algum bloqueio ela para. Na minha monografia de conclusão do curso de Design eu pedi para que várias pessoas desenhassem uma joaninha e recebi como resposta que não sabiam desenhar. Algo bem simples, uma bolinha vermelha, com pintinhas pretas, ateninhas e as pessoas diziam que não sabiam pintar. Justamente porque em algum momento elas pararam, criaram essa ideia de que não sabiam desenhar. Eu frequentei quando criança uma escola que tinha um excelente programa artístico, muitas das minhas amigas também desenhavam, mas cada uma seguiu uma profissão diferente. Eu sempre estava desenhando e continuei desenhando até hoje.

PB – Conte um pouco sobre as suas viagens. Você costuma viajar bastante? Como concilia essa rotina?

Joana Penna – Eu amo viajar. Quando era criança brincava que queria ser aeromoça. A época que mais viajei foi na faculdade. Fui para Barcelona estudar, depois mochilei pela Europa. Conheci o meu marido, que é inglês, na Grécia, nos casamos e costumávamos viajar bastante. O ritmo deu uma diminuída quando os meus dois filhos nasceram, o Tom e a Sofia. Agora viajamos em família, as crianças já conheceram mais lugares do que eu conheci com a idade deles.

PB – As viagens te ajudaram na criação das ilustrações dos Diários de Pilar?

Joana Penna – Com certeza. Por mais que a gente encontre referências visuais na internet, a viagem proporciona referências sensoriais e emocionais que nenhuma fotografia é capaz de proporcionar. Quando fui ilustrar Pilar em Machu Pichu, viajei para o Peru, pois ainda não conhecia o destino. Fui atrás destas referências. Também teremos em breve o novo livro Diário de Pilar na Índia. Já tive a oportunidade de viajar para a Índia e o país que tem toda uma impressão sensorial, os cheiros das especiarias.

PB – Você ainda costuma fazer diários de viagem? Possui também um caderno de criatividade?

Joana Penna – Faço ainda diários das minhas viagens e sempre levo na bolsa caderno, papel, lápis e canetinhas. Em 2017 fui a Paris com a minha filha e fiz um diário. Já em uma viagem recente pelo México fiz diversos desenhos, sempre tenho o hábito de desenhar onde eu esteja. Vou guardando estes desenhos e eles podem me servir de referência para algum trabalho. Fomos agora no Natal e Réveillon passado levar nossos filhos para conhecerem o Sri Lanka, e fiz um diário. Encorajo meus filhos a fazer também. Meu filho Tom fez um diário muito legal dessa viagem. No diário, e com desenhos, registramos impressões diferentes do que nas fotos. Anos depois, quando se relê um diário de viagem, há várias informações e impressões que já não nos lembrávamos, e não são resgatadas nas fotos. Por isso, ainda mantenho o hábito de fazer diários de viagens, mas geralmente só à caneta. Não dá tempo de pintar com aquarela depois. Então tenho vários diários que ainda estão em preto e branco! E acho que vai acabar sendo um projeto para quando me aposentar: terminar de pintar meus diários de viagens!

PB – Quais os livros você costumava ler quando era criança?

Joana Penna – Em casa tinha uma coleção linda de livros do Monteiro Lobato em capa dura que foram da minha mãe, então eu costumava lê-los bastante. Também costumava ler uma coleção de livros ilustrados do Eliardo França e Mary França.  Lembro-me de ler Pipi Longstocking, inclusive já me chamaram a atenção sobre o fato de a Pilar lembrar um pouco a Pipi, por causa das tranças. Acaba sendo uma espécie de referência que trago desde criança.

PB – Quais são os artistas que você admira e que de alguma maneira inspiram o seu trabalho?

Joana Penna – Quando era pequena principalmente Picasso e Matisse. Tem uma frase muito legal de Picasso que levo para a minha vida que é “Demorei a vida inteira para desenhar como criança”. E é exatamente isso, no começo você se prende muito à técnica, a desenhar bem, mas com a maturidade você finalmente encontra o seu jeito de se expressar. Também costumava ler bastante Asterix e Tintim, inclusive o traço da Pilar é inspirado em Tintim, como se pode observar pelo formato dos olhos, por exemplo. Eu trouxe muita coisa do traço do Tintim como referência para criar a Pilar. De Asterix aproveitei a ideia da primeira página de introdução que sempre trazia um texto sobre a aldeia. No caso de Pilar, temos um texto introdutório que fala sobre a personagem, explica a escolha de suas roupas e etc. Também gosto de um livro sobre criatividade chamado Roube como um Artista. Admiro muito o trabalho de Quentin Blake (ilustrador dos livros do Road Dahl), da ilustradora Mariana Massarani, Melissa Sweet, Oliver Jeffers, da tcheca Květa Pacovská, da canadense Isabelle Arsenault, do Roger Melo e do Guto Lins, que foi meu professor e hoje é um grande amigo. Gosto de Tim Burton que muitas pessoas conhecem o trabalho como diretor, mas que também é um ilustrador incrível.

PB – Poderia nos falar um pouco sobre seu processo de trabalho? Você costuma criar tudo digitalmente ou de maneira manual?

Joana Penna – Para as animações do Manhatan Conection, que é voltado para um público adulto e muitas vezes têm caricaturas de políticos, as Animações são feitas digitalmente. Já para a ilustração de livros infantis crio tudo manualmente. Após fazer a primeira leitura do texto, começam a surgir as ideias de ilustrações. Então inicio os esboços a lápis no papel, vou fazendo anotações e rascunhos ao lado do texto mesmo, já estruturando as paginações. Vejo se a cada duas páginas, por exemplo, terá ilustração. Em seguida passo os desenhos a lápis para o papel de aquarela com o auxílio de uma mesa de luz. Depois começo a pintá-los com aquarela. Finalizado todo esse processo, escaneio as ilustrações e a fase seguinte é feita no computador. Como já tive muito problema de querer mudar, por exemplo, as posições da Pilar em um cenário e não conseguir, passei a criar todas as partes separadas, ou seja, desenho o fundo e a personagem separadamente e no computador eu faço um processo de colagem das ilustrações. Também é no computador que coloco sombra ou altero a tonalidade. Por fim, com o auxílio do Indesign, finalizo o projeto.

PB – Qual foi o seu maior desafio na criação das ilustrações dos Diários de Pilar?

Joana Penna – O maior desafio no processo de criação da Pilar foi encontrar o traço certo. Algo que eu poderia recriar diversas vezes. Quando fui convidada a ilustrar Os Diários de Pilar, a Flávia Lins e Silva já tinha 3 livros da série publicados, mas cada um com um traço diferente. Conversamos sobre a importância de a personagem ter uma identidade visual. Essa identidade visual é criada não só pelo traço da personagem e a técnica escolhida, mas também pela logo do título do livro, pelo projeto gráfico (fonte, páginas com pauta como um diário, uso de elementos fotografados no livro e não apenas ilustração, listas e anotações da Pilar, etc). Minha formação é de designer, e o visual dos livros da Pilar foram concebidos com o projeto gráfico e ilustrações pensados juntos, ambos feitos por mim. Geralmente esse processo é feito por duas pessoas diferentes. O ilustrador faz apenas as ilustrações, e a editora faz a paginação e design do livro. No caso do Diário de Pilar, eu recebo o texto da Flávia e entrego para a editora o livro todo paginado e ilustrado, pronto para ser impresso. Desenvolvi a Pilar com um traço simples, pensando que ela deveria estar em diferentes situações, poses e transmitir diferentes emoções sem que isso modificasse o traço. Por exemplo, ela tem o olho que é uma bolinha, como eu faria um olhar arregalado para transmitir espanto? Pensei todas essas questões no projeto a longo prazo. O primeiro livro foi lançado há 10 anos e já fizemos 8 livros desde então. Sempre que vou criar ilustrações para um novo livro, coloco os antigos na minha frente, porque o traço da personagem não pode mudar. Além disso, queríamos criar uma personagem original, fofa, que tivesse uma conexão com as crianças, uma personagem com a qual as crianças poderiam se fantasiar. Por esse motivo ela está sempre com a mesma roupa nas histórias, embora apareça com algum ou outro adereço ou roupa diferente, a roupa da Pilar é sempre a mesma. Definimos também que ela teria sempre a mesma idade e embora os leitores fiquem mais velhos, sempre vão surgindo novos leitores com a mesma idade da Pilar.

PB – Qual dica você daria para quem está começando a desenhar, ilustrar ou criar algum tipo de arte?

Joana Penna – Tenha sempre lápis e papel em mãos. Desenhe bastante, pois o que importa é o processo e não o resultado. Não se sinta frustrado se os desenhos não saírem da forma como você imagina, porque a nossa mão não acompanha mesmo a mente. Por isso, fique de bem com o que você fizer. Simplesmente faça. Se algo der errado, transforme. Nunca apague. Eu não deixo que os meus alunos usem borracha, deixo muito material disponível, porque aquilo que deu errado em determinado momento, pode ser aproveitado depois. Tem um livro muito legal que fala exatamente sobre isso e se chama Beautiful Oops que mostra como um erro pode ser transformado em algo bonito, basta usar a criatividade.


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As divertidas ilustrações do artista britânico Korky Paul

Ilustrador de livros infantis, o britânico Korky Paul ficou conhecido mundialmente pelas ilustrações da série de livros Winnie the witch, escrita por Valerie Thomas, e que narra as divertidas aventuras da bruxa Winnie e seu gato Wilbur. Em 1987 Winnie the witch conquistou o Children’s Book Award e foi publicado em mais de 10 idiomas.

Korky Paul nasceu em 1951 no Zimbabue e seu nome de batismo é Hamish Vigne Christie Paul. Um dos sete filhos de sua família, Paul costumava passar as horas vagas lendo gibis e desenhando as suas próprias histórias em quadrinhos. Em 1972 formou-se na Durban School of Art e foi trabalhar em uma agência de publicidade na Cidade do Cabo.

Quatro anos depois, mudou-se para a Grécia onde foi contratado para ilustrar livros educacionais que ensinavam crianças gregas a falar o inglês britânico. Seu trabalho em agências de publicidade seguiu em Londres e Los Angeles. Nos Estados Unidos, Paul estudou animação de filmes no Instituto de Artes da Califórnia com Jules Engel. Em 1980 publicou o seu primeiro livro, The Crocodile and the Dumper Truck, um pop up que traz a engenharia de papel de Ray Marshall.

A oportunidade de ilustrar Winnie the witch veio em 1986 quando conheceu Ron Heapy, da editora Oxford University Press. Cheio de piadas visuais e detalhes espirituosos, o livro conquistou um ano depois o importante prêmio Children’s Book Award no Reino Unido. Desde então, já foram lançados 15 livros da série, além de ter ganhado uma versão para a televisão que estreou em dezembro de 2016 no Discovery Kids na América Latina e no Milkshake! No Reino Unido.

Paul costuma desenvolver suas ilustrações com aquarela, caneta e tinta. Todo o seu trabalho é concebido manualmente, apenas após a finalização que as ilustrações são digitalizadas. Além da contribuição como ilustrador em diversos livros infantis, o artista possui obras originais expostas na Galeria Mazza Collection, Universidade de Findlay, Findlay, Ohio, EUA. Atualmente vive em Oxford, na Grã-Bretanha com a sua esposa e seus dois filhos.

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O Pequeno Príncipe – Há décadas cativando crianças e adultos

Com uma narrativa poética, leve e cheia de trechos reflexivos, O Pequeno Príncipe, livro escrito pelo francês Antoine de Saint-Exupéry, vem há décadas cativando o coração de pessoas ao redor do mundo. Tendo sido ele próprio um aviador, Saint-Exupéry ainda ilustrou em aquarela alguns trechos da obra.

Publicado pela primeira vez em 1943, o livro narra em primeira pessoa o conto de um solitário aviador que em uma de suas expedições aterrissou no deserto do Saara, após uma pane de sua aeronave e ali encontrou um rapazinho encantador: o Pequeno Príncipe. Vindo de um planeta longínquo, o jovem Príncipe relata a sua história cativante com uma flor caprichosa e que o levou a abandonar o seu planeta e assim percorrer outros tantos, até chegar à Terra.

Frustrado com as suas tentativas de se tornar um pintor ainda criança, o Aviador é desafiado a resgatar a paixão pelo desenho quando o Pequeno Príncipe lhe pede que desenhe um carneiro. Em troca, o Pequeno Príncipe conta a sua saga que envolve uma infestação de baobás, um rei sem súditos, um homem que colecionava estrelas, um bêbado e um geógrafo, além é claro, de uma rosa e seus quatro espinhos.

Mas o que une um solitário aviador e um pequeno príncipe de um asteroide praticamente desconhecido? Entre algumas reflexões pessoais, ambos não conseguem compreender com precisão o mundo sério e fundamentado em números dos adultos, que deixam de apreciar a beleza e simplicidade de um desenho infantil. Compartilham assim de uma jornada de autoconhecimento e que se desenvolve em uma bela amizade. Escrita inicialmente para o público infantil, a obra apresenta questionamentos que são essenciais para que os adultos não esqueçam da criança que um dia eles foram.

Credito Imagens:
Thais Slaski
Quadro Jabuticabeira - Thais Slaski - https://youtu.be/5gWUgLFpqhI

Maria Werneck de Castro – a ilustração botânica brasileira na segunda metade do século XX

Além de importante ilustradora científica, Maria Werneck de Castro desenvolveu um papel ativo na preservação do meio ambiente e principalmente da flora e fauna brasileira. Suas ilustrações ficaram conhecidas pela riqueza de detalhes e a qualidade técnica e artística com a qual eram concebidas.

Maria Werneck de Castro nasceu na cidade de Vassouras no Rio de Janeiro, porém dos 10 aos 20 anos residiu em Blumenau, onde teve a oportunidade de aprender a técnica do crayon contè com a professora Alice Werner. Com 30 anos e morando novamente no Rio, Maria Werneck foi trabalhar na Caixa Econômica.

Em 1940 foi convidada por uma amiga médica a fazer ilustrações patológicas, em que documentava o passo a passo das incisões a que assistia. Ali ela já mostrava um rigor técnico que surpreendiam, por isso, foi convidada a participar da criação de Brasília, a nova capital brasileira.

Já na casa dos 50 anos, Maria Werneck começou a se dedicar à ilustração botânica. O trabalho fez despertar como nunca o desejo de denunciar o desmatamento e lutar pela preservação ambiental e da biodiversidade brasileira, tornando-a uma das mais potentes vozes nesta causa.

Por este motivo, Maria Werneck especializou-se em retratar espécies em extinção com precisão técnica e detalhes muito fiéis captados com o auxílio de lápis, papel e finalizados em aquarela. Seu trabalho ganhou notoriedade internacional, tendo alguns de seus desenhos expostos Hunt Botanical Library, adquiridos pela Carnegie Mellon University de Pistsburgh, na Pensilvânia. Posteriormente teve a oportunidade de expor seu trabalho no Japão e na África do Sul.

Maria Werneck dedicou-se à ilustração botânica por três décadas nas quais conseguiu reunir um trabalho extraordinário que retrata as riquezas naturais brasileiras ameaçadas de extinção. A artista faleceu em 12 de março de 2000, no Rio de Janeiro, legando um trabalho de grande importância para o país e para o mundo.


Acesse a galeria para admirar mais a obra de Maria Werneck de Castro no Pinterest: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-mat%C3%A9rias-do-site/maria-werneck-de-castro/


Crédito Imagens:
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Ismael Nery – A influência do surrealismo na arte brasileira

Dotado de um estilo singular, o artista brasileiro Ismael Nery teve a sua obra dividida em três fases em que se destacam as influências do expressionismo, cubimos e surrealismo. Ao longo de sua carreira, encurtada pela doença, Nery dedicou-se aos ofícios de pintor, desenhista, arquiteto, cenógrafo e filósofo.

Ismael Nery nasceu em Belém do Pará em 9 de outubro de 1900. Por volta dos nove anos de idade mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Interessado em arte desde a adolescência, o brasileiro frequentou durante quase um ano a Escola Nacional de Belas Artes, porém não se adaptou ao academicismo que predominava em seu curso.

Por isso, cerca de 3 anos depois, o artista partiu rumo ao velho continente para  aprender mais sobre arte e é onde tem contato com o modernismo e cubismo de artistas como Pablo Picasso.  Em Paris frequentou durante três meses a Academia Julian, onde começou a desenvolver suas obras já sob a influência do expressionismo.

O artista havia desenvolvido interesse pela figura humana pouco tempo antes ao realizar cópias em gesso de esculturas da antiguidade greco-romana. Em breve passagem pela Itália conhece também as obras dos mestres do Renascimento e alguns artistas modernistas.

De volta ao Brasil, em 1921, passa a exercer o cargo de desenhista na seção de Arquitetura e Topografia da Diretoria do Patrimônio Nacional, órgão que pertencia ao Ministério da Fazenda. Nesse momento, Nery conhece o poeta Murilo Mendes que se torna seu amigo.  Já em 1922 casou-se com a poetisa Adalgisa (Ferreira) Nery.

Cinco anos depois retorna à Europa, onde conhece artistas e obras surrealistas. Suas obras já dotadas de uma dramaticidade muito característica se voltam para a figura humana e basicamente compreende retratos, autorretratos e nus. Diferentemente de outros artistas de sua época ele não se interessava por temas nacionais, indígenas e afro-brasileiros.

Algumas de suas obras mais lembradas são Autorretrato (1930), Namorados (1927) e Figura (1927). Foi em 1929, após uma viagem à Argentina que Nery foi diagnosticado com tuberculose. Após dois anos de internação no Sanatório de Correas, em Petrópolis, saiu de lá se sentindo curado. Contudo, a doença voltou em 1933. Ele continuou sua produção artística mesmo doente e por este motivo as figuras que retratava se tornaram mais viscerais e mutiladas.

Nery faleceu em 6 de abril de 1934, sem ter experimentado a fama que só viria alguns anos após a sua morte e o colocaram ao lado de nomes importantes do modernismo brasileiro como Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti.


Acesse a galeria para admirar mais a obra de Ismael Nery no Pinterest: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-mat%C3%A9rias-do-site/ismael-nery/

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