O Brasil do início do século XX através da obra de Castelnau

Castelnau se destaca com uma das obras mais ricas e representativas das expedições promovidas não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina no século XX. Munido de tinta e papel, o explorador se dedicou em traçar um registro detalhado da zoologia, geologia, botânica, ornitologia e mapas de um Brasil recém-independente de Portugal.

François Louis Nompar de Caumont Laporte nasceu em 25 de dezembro de 1810, em Londres. Estudou história natural em Paris e aos 27 anos embarcou em sua primeira expedição científica em terras canadenses que durou 4 anos. Além de estudar a fauna dos lagos canadenses, também compôs um perfil dos sistemas políticos do Canadá e Estados Unidos.

Dois anos depois, em 17 de junho de 1843, Castelnau desembarcou no Rio de Janeiro junto com dois botânicos e um taxidermista em missão que tinha por objetivo estudar as possibilidades de comunicação através das águas da bacia do Rio Amazonas.

Durante os 4 meses em que passou no Rio de Janeiro teve a oportunidade de fazer observações meteorológicas e pesquisar sobre o magnetismo terrestre. Dali a expedição partiu para Minas Gerais, depois Cuiabá e sul do Mato Grosso de onde seguiu para solo paraguaio, passando por Assunção, subindo pela Bolívia e Peru até Lima. Assim, o explorador e seus companheiros cruzaram todo o continente sul-americano.

Uma parte da viagem pelo Rio Amazonas foi marcada pelo abandono de seus guias em terras de selvagens que habitavam a região, além disso, um dos integrantes da expedição saiu em busca de socorro e foi assassinado pelos índios que lhe guiavam. No entanto, mesmo com as diversas intempéries, Castenal concluiu a viagem 5 anos depois no Pará com vários esboços sobre suas observações meteorológicas, zoologia e diversas notas cedidas por seus colegas de expedição que utilizou na composição de sua obra.

Em suas obras são retratados tribos indígenas até então desconhecidas, com suas particularidades de organização social e cultura. Castelnau foi um dos primeiros a trazer em suas gravuras o interior de uma cabana indígena brasileira e até mesmo chegou a desmistificar algumas superstições que acompanham algumas das tribos. Além de trazer particularidades de locais que até hoje continuam pouco acessíveis.

Castenau ganhou destaque em terras brasileiras e chegou a ser nomeado cônsul francês na Bahia. Também realizou expedições pela África do Sul e pela Ásia entre 1856 e 1858. Entretanto estabeleceu-se na Austrália em 1862 e ali viveu até o fim de sua vida, em 1880.

Crédito Imagens:
https://pt.wikipedia.org/
https://commons.wikimedia.org/

A arquitetura moderna e surpreendente de Gaudí

Famoso arquiteto catalão, Antonio Gaudí é um dos artistas expoentes do modernismo espanhol que tomou força a partir do final do século XIX e se estendeu até os primeiros anos do século XX. Sua obra reflete um homem de grande religiosidade, detalhista e inovador, que buscava na natureza as suas fontes de inspiração, além de empregar diferentes técnicas de tratamento dos materiais utilizados em seus trabalhos. Teve 7 de suas obras tombadas pela UNESCO, além disso, o templo Sagrada Família é um dos pontos turísticos mais visitados da Espanha.

Antoni Gaudí i Cornet nasceu na província de Tarragona, situada na região da Catalunha, em 25 de junho de 1852. Oriundo de uma família humilde, Gaudí se interessou desde cedo por arquitetura. Ingressou em 1869 na Escola Superior de Arquitetura de Barcelona, entretanto levou 8 anos para concluir o curso, devido ao serviço militar, entre outras intempéries.

Os primeiros trabalhos de Gaudí refletem a influência da arquitetura gótica e do revivalismo do século XIX, movimento que buscava resgatar um pouco da tradição cultural espanhola. Outra grande influência na obra de Gaudí foi o arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc, que também aderiu ao revivalismo na França. Além disso, a obra de Gaudí também traz elementos da Art Nouveau caracterizada pelo estilo mais geométrico e modernista.

Apesar de ter se juntado ao Movimento Nacionalista da Catalunha durante a juventude, logo Gaudí tornou-se um homem de forte religiosidade, dedicando boa parte de sua vida e trabalho à igreja católica. Inclusive, a sua obra-prima, O Templo Expiatório da Sagrada Família, foi um projeto ao qual o arquiteto se dedicou durante os últimos 40 anos de sua vida. Gaudí, inclusive, faleceu sem ter concluído esta obra, que possui previsão de conclusão para o ano de 2026.

As obras de Gaudí se destacam pela escolha ousada de formas, texturas e cores, compondo uma unidade orgânica e que não passam despercebidos até ao olhar menos atento. Entre os projetos de maior destaque do artista catalão estão o Parque Guell, que reflete a fase mais naturalista de Gaudí, a Casa Batlló, edifício modernista que contou com a participação dos arquitetos Josep Maria Jujol e Joan Rubió i Bellversituado e a Casa Milà, edifício que aparenta ser um grande bloco de pedra e que por este motivo também é conhecido como La Pedrera.


Crédito imagens:
https://www.tes.com
https://pt.wikipedia.org/

Almeida Junior – o regionalismo na arte brasileira

Pioneiro na utilização do tema regionalista em suas telas, o artista plástico brasileiro Almeida Junior é dono de uma obra aclamada pela originalidade. Em seus trabalhos a cultura caipira ganhou espaço com personagens anônimos, porém que representavam com fidelidade os costumes principalmente do interior paulista.

Oriundo da cidade de Itu, interior do estado de São Paulo, José Ferraz de Almeida Junior nasceu em 8 de maio de 1850. De família humilde, o jovem recebeu ajuda do pároco Miguel Correia Pacheco, para quem produziu algumas obras sacras, para viajar ao Rio de Janeiro em 1869 e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes.

Durante o curso foi aluno de pintores renomados como Pedro Américo, Jules Le Chevrel e Victor Meireles. O talento de Almeida Junior começou então a chamar a atenção, rendendo-lhe algumas premiações como a medalha de ouro em 1874 na Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial, com a obra A Ressurreição.

Findado os seus estudados na Academia, Almeida Junior retornou à sua cidade natal onde abriu o seu próprio ateliê. O ano era 1876 e coincidiu com uma visita do Imperador Dom Pedro II ao interior paulista. Admirado com o trabalho do jovem artista, o imperador custeou o estudo de Almeida Junior em Paris.

Dessa maneira, no final de 1876, Almeida Junior se matriculou na École National Supérieure des Beaux-Arts onde aperfeiçoou o desenho anatômico e de ornamentos. Entre 1879 e 1882 participou de quatro exposições no Salão de Paris. Já em viagem à Itália em 1882, conheceu os irmãos e artistas naturalizados brasileiros Rodolpho e Henrique Bernadelli.

A primeira exposição de destaque de Almeida Junior no Brasil ocorreu após o seu retorno em 1882. Na ocasião o pintor brasileiro expôs a sua produção parisiense na Academia Imperial de Belas Artes. Posteriormente o artista mudou-se para São Paulo onde abriu um ateliê na Rua da Glória. Ali começou promover vernissages para imprensa e potenciais compradores, o que ajudou a garantir um lugar de destaque no cenário artístico brasileiro.

Em 1884 o governo imperial lhe concedeu o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa. Sua obra até então fora construída em sua maior parte com temática religiosa e histórica, porém em sua última fase, Almeida Junior passa a explorar o regionalismo em seus quadros, trazendo algumas inovações artísticas como a escolha de uma paleta mais luminosa e traços mais gestuais que reproduziam de forma lírica a simplicidade e os costumes da vida interiorana.

Entre suas obras de maior destaque estão Caipira Picando Fumo (1893), A Partida da Monção (1897), Caipiras Negaceando (1888), O Descanso do Modelo (1882), Leitura (1892), Saudade (1899), A Pintura (Alegoria) (1892), A Fuga para o Egito (1881). Almeida Junior faleceu aos 49 anos, vítima de um crime passional.

Crédito Imagens:
https://www.wikiart.org/

A arte experimentalista de Man Ray

A vanguarda artística do século XX revelou movimentos e nomes importantes para a história da arte mundial, entre os quais se destaca o pintor, fotógrafo e cineasta norte-americano Man Ray. O artista foi um dos líderes do movimento dadaísta e também responsável por inovações na fotografia.

Man Ray é o pseudônimo de Emanuel Radnitzky, nascido em 27 de agosto de 1890 na Filadélfia, Estados Unidos. O jovem interessou-se por arte desde pequeno, por isso, estudou arquitetura, engenharia e artes plásticas. Seus primeiros experimentos na pintura tendiam para o estilo cubista.

Por volta dos 25 anos, Ray conheceu o artista Marcel Duchamp com quem fundou o movimento dadá novaiorquinho que propunha uma arte que chocasse a sociedade, principalmente a burguesia, utilizando-se de objetos de pouco valor que assumiam uma posição de desconstrução da arte tradicional. Em 1915 o artista fundou, escreveu e ilustrou a primeira revista dadaísta: The Ridgefield Gazook.

Ray mudou-se para Paris em 1921, após se separar da poeta belga Adon Lacroix. Além de integrar o movimento dadaísta francês, o artista norte-americano ainda teve contato com o surrealismo. Experimentalista, começou a usar objetos do cotidiano para compor suas obras, como também tinta spray em suas pinturas e passou a desenvolver novos métodos de fotografia. Nessa época, tanto suas obras pictóricas, como fotográficas receberam influências do surrealismo.

Pioneiro na arte de desconstruir a imagem fotográfica, suas produções são marcadas pelo uso de diferentes técnicas. Entre elas, destacam-se o uso da solarização, em que o tom da imagem é invertido parcialmente; a raiografia, em que objetos são dispostos sobre o papel fotográfico em um quarto escuro e expostos à luz sem utilização de câmera, obtendo imagens abstratas. Posteriormente retratou em suas fotografias estrelas de cinema como Marylin Monroe e Catherine Deneuve.

Entre as principais obras de Man Ray estão The enigma of Isidore Ducasse (1920), The Gift (1921), O Beijo (1922), Ingre’s Violin (1924), Black and White (1926) e Glass tears (1932). No cinema, destaca-se a produção do curta surrealista L’Étoile de Mer (1928).

O reconhecimento pela arte experimentalista de Man Ray, no entanto, só veio em 1961 quando conquistou a Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia de Veneza. O artista faleceu em 18 de novembro de 1978 em Paris.

 

 

Crédito imagens:
https://www.wikiart.org/

André Breton e o movimento surrealista

Destacado poeta e escritor francês do século XX, André Breton exerceu grande contribuição artística e cultural ajudando a disseminar o surrealismo através de seus manifestos e teorias sobre o movimento. Foi um dos primeiros escritores a desenvolver a técnica de escrita automática, fundamentado principalmente nas teorias de Freud.

Nascido em 19 de fevereiro de 1896, na comuna de Tinchebray, em uma modesta família francesa, André Breton teve uma educação rígida, porém rica culturalmente. Pressionado pela família, o jovem iniciou os estudos em Medicina, e em 1916 foi convocado para servir no exército francês como enfermeiro na cidade Nantes.

O que poderia tê-lo afastado da vida artística, na verdade o aproximou ainda mais. Breton conheceu nesta época Jacques Vaché, jovem que rejeitava radicalmente o convencionalismo, encarando a vida de maneira sarcástica e cética. Viveu apenas até os 24 anos, porém de maneira intensa, como se fosse o personagem de um livro de ficção, legando diversas cartas e desenhos que compuseram o que pode ser considerado como sua obra.

A influência de Vaché determinou o humor com o qual Breton desenvolveria seus trabalhos, já a técnica se fundamentou através das teorias freudianas das associações espontâneas, como também o contato que o artista teve com os fundadores do movimento dadaísta e nas teorias de automatismo psíquico de Jean-Martin Charcot e Sigmundo Freud.

Em 1919, ao lado dos poetas Louis Aragon e Philippe Soupault, fundou a revista Littérature sobre o surrealismo. Ainda naquele ano, lançou uma coletânea de poemas intitulada Mont-de-Pieté e o livro Campos Magnéticos, junto com Soupault. Cinco anos depois escreve uma das suas obras mais famosas O Manifesto do Surrealismo (1924) em que discorre sobre as principais características do movimento. Para Breton, o amor, a liberdade e a poesias eram a principal base do surrealismo.

Em 1927 é seduzido pelas ideias de Marx e Rimbaud, por isso, ingressa no Partido Comunista. O segundo manifesto surrealista, lançado em 1930, ganha um viés mais político o que ocasiona no afastamento de muitos artistas que até então se identificavam com o movimento. Breton, porém rompe com o Partido em 1935, devido a divergência de ideias.

Em 1941, Breton se refugia nos Estados Unidos, devido a Guerra, retornando apenas em 1946. Até o fim de sua vida, se dedicou a difundir o caráter revolucionário e político de suas ideias, principalmente do surrealismo. Faleceu aos 70 anos, em Paris.

 

Crédito Imagens:
https://cpalexandria.wordpress.com/

Miró – o surrealismo entre cores e curvas

O colorido e a curvas características de suas obras fizeram de Miró um dos nomes mais representativos da arte modernista e especialmente do surrealismo. Influenciado pela arte fauvista e cubista, o espanhol se consagrou como pintor, gravador, escultor e ceramista.

Joan Miró i Ferrà nasceu em 20 de abril de 1893, em Barcelona, Espanha, em uma Europa que colhia os frutos da Belle Époque, período de grande efervescência cultural e intelectual que começou no final do século XIX e durou até o eclodir a Primeira Guerra Mundial.

Envolto neste contexto histórico, Miró demonstrou interesse em arte desde cedo e sua formação artística se deu na Academia de Belas Artes de Barcelona. Já em 1918, realizou a sua primeira exposição individual e no ano seguinte, após se formar, o artista espanhol foi para Paris, onde conheceu Picasso e as tendências modernistas de arte, que viriam a exercer grande influência sobre o seu trabalho.

Em 1920 o pintor conhece o pai do Surrealismo, o teórico e escritor francês André Breton. Suas obras então passam a incorporar elementos oriundos do movimento surrealista e em 1924 e 1925 o artista lança as telas Maternidade e O Carnaval do Arlequim que configuram um verdadeiro marco no desabrochar do estilo artístico de Miró e também uma nova forma de o surrealismo incorporar símbolos sem recorrer às questões psicologicamente profundas que as primeiras obras abordaram.

Ainda em 1925, Miró participa da primeira exposição surrealista. Já em 1928, o artista viaja para a Holanda, onde concebeu mais duas importantes obras: Interiores Holandeses I e Interiores Holandeses II. A chegada dos anos 1930 marca o reconhecimento mundial de Miró que passa a fazer constantes exposições em galerias francesas e americanas.

Nos anos que se seguiram, a guerra passa a influenciar algumas das obras do pintor surrealista. Um exemplo é a tela The Ladder of Escape (1939), concebida nos anos que compreenderam a Guerra Civil Espanhola. Também é desta época o painel O Ceifeiro, obra que foi exposta juntamente com a famosa Guernica, de Picasso, no pavilhão da Exposição Internacional de Paris.

Na década de 40 o pintor espanhol deu início à série Constelações, composta por 23 pinturas pequenas e que compreendem algumas das mais famosas e reconhecidas obras de Joan Miró. Em 1944, o artista se aventura na produção de cerâmicas e esculturas, inovando ao utilizar materiais como sucata.

Miró idealizou através de sua obra um mundo que não podia ser explicado pela lógica, povoado muitas vezes por pássaros, estrelas e escadas que levavam a maneira muito particular de exprimir as suas vivencias e sentimentos. Morreu aos 90 anos, tendo conquistado fama e riqueza através de sua arte.

Crédito Imagens:
https://www.wikiart.org

Mário Zavagli – aquarelas e a busca pela conservação das paisagens históricas

Pintor, aquarelista e professor de artes plásticas, o brasileiro Mario Zavagli é conhecido por retratar paisagens naturais e urbanas que encantam e impressionam na riqueza de detalhes e que também estampam cartões e selos postais. O artista já realizou cerca de 30 exposições individuais e integrou mais de 200 exposições coletivas nacionais e internacionais.

Nascido em 1956, em Guaxupé, Minas Gerais, Mário Lucio Zavagli atuou como professor de pintura e desenho da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais entre os anos de 1976 e 1989. No ano de 1985 o artista mineiro foi destacado como Artista do Ano pelo Jornal do Estado de Minas Gerais. Já em 1987, além de receber o Prêmio Destaques da Arte 1986 concedido pela Cemig, também se tornou membro da Comissão de Artes Plásticas da Fundação Clóvis Salgado.

Uma das inspirações para o trabalho do aquarelista brasileiro remete ao século XIX. Nos anos que compreenderam este século eram realizadas diversas missões diplomáticas e científicas que tinham como objetivo desbravar as terras brasileiras. As expedições traziam, além de pesquisadores, desenhistas especializados na técnica de aquarela para documentar o máximo possível dos espécimes que eram encontrados na fauna e flora brasileira e apresentá-los ao velho mundo.

Com a popularização da técnica litográfica, desenvolvida por Alois Senefelder, as imagens criadas por artistas como Debret e Thomas Ender puderam ser multiplicadas e espalhadas mundo a fora. Seguindo nesse estilo, Mario Zavagli produziu algumas obras em aquarela com o tema de árvores e arbustos e que foram reproduzidas com a técnica de giclée print que representa uma evolução da litografia.

Durante três anos na década de 1980, Mário Zavagli excursionou por Belo Horizonte registrando em fotografia as particularidades da arquitetura da capital mineira. Para sua surpresa, ao retornar aos mesmos locais, estes não mais existiam. As fotografias resultaram em uma exposição realizada no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo e convidam à reflexão sobre a destruição do patrimônio histórico.

As paisagens naturais brasileiras são exploradas pelo olhar meticuloso de Zavagli na série em aquarela sobre a cidade de Diamantina. Com o nome “Morte Sorridente”, o artista mais uma vez traz a reflexão sobre o resgate do patrimônio histório que se perdeu com o passar do tempo. Assim como os naturalistas do século XIX, busca representar as características de cada cidade que visita por meio de uma construção e desconstrução pictórica muito particular do artista.

Crédito Imagens:
http://centroculturalminastc.com.br

Rafael – a busca da perfeição renascentista

Mestre do Renascimento italiano, Rafael é um dos nomes mais representativos da escola de Florença e se destacou na pintura e arquitetura com suas obras que beiram a perfeição. O artista italiano é reconhecido como um dos gênios da arte renascentista, ao lado de Michelangelo e Leonardo Da Vinci.

Muitas vezes mencionado como Rafael Sanzio, segundo nome que provavelmente se referia ao local de seu nascimento, foi batizado como Raffaelo Santi e nasceu em 6 de abril de 1463, em Urbino na Italia. A paixão pela arte veio de seu pai, homem culto e que também era pintor, embora pouco reconhecido.

Nos anos que antecederam ao nascimento de Rafael, Urbino havia se tornado um verdadeiro centro cultural, graças ao duque Federico de Montefeltro que apreciava todas as formas artísticas. O pai de Rafael, Giovanni Santi, dirigia um estúdio de pintura e assim pode ensinar o ofício ao seu filho, como também apresentá-lo às obras de Paolo        Uccello, Luca Signorerelli e Melozzo da Forti. Assim, antes dos 18 anos Rafael já havia se tornado referência artística em Urbino e requisitado para produzir algumas encomendas artísticas.

Discípulo de Pietro Perugino, Rafael aprendeu com o mestre as técnicas de afresco e pintura mural. Já em 1504 o artista italiano se muda para Siena e depois para Florença onde tem contato com os trabalhos de Leonardo Da Vince e Michelangelo. Influenciado por estes dois artistas inicia a produção de uma série de madonas. É de 1504 a obra mais famosa da primeira fase artística de Rafael O Casamento da Virgem.

Em seus trabalhos são empregadas técnicas desenvolvidas por Da Vinci, como o chiaroscuro e o sfumato, além do cuidado com os detalhes da anatomia humana, especialmente encontrado na obra de Michelangelo. O pintor também recorre em suas pinturas às referências da Antiguidade Clássica, como também da natureza.

Em 1508, Rafael muda-se para Roma e conquista a atenção da Igreja comandada à época pelo Papa Júlio II. Contratado como pintor, é incumbido de decorar diversos apartamentos do Vaticano, e não demorou a ser chamado de o Príncipe dos Pintores. É desta época uma de suas pinturas mais famosas Escola de Atenas que tem como tema a Filosofia e marca com clareza a evolução artística de Rafael.

Rafael continuou como principal pintor do Vaticano quando Leão X assumiu o posto de papa após a morte de Júlio II, contudo o artista não deixou de se dedicar à pintura, retratos, cenografias, decorações sacras, cartões para tapeçarias e projetos arquitetônicos. Em 1514 Rafael foi nomeado arquiteto do Vaticano, ficando responsável principalmente pelas obras da Basílica de São Pedro.

Artista intensamente dedicado, Rafael fez o seu nome conquistando exatamente o lugar de destaque que almejou: ao lado de Michelangelo e Da Vinci, formou a tríade do renascimento italiano. Outras de suas obras famosas são Madona e o Menino Entronados com Santos (1504), Virgem do Prado (1505-1506), A deposição (1507), A Sagrada Família Canigiani (1507-1508) e Transfiguração (1518-20), esta última ficou inacabada e foi concluída por Giulio Romano, a obra também acompanhou o cortejo fúnebre de Rafael que faleceu precocemente no mesmo dia de seu aniversário de 37 anos, acometido por uma febre.

Crédito Imagens: 
https://pt.wikipedia.org/

Debret – a pintura documentando o Brasil colonial e o início como Nação independente

Importante pintor e desenhista francês, Debret retratou em suas telas o cotidiano da sociedade brasileira do século XIX, seus aspectos exóticos e naturais, como também acontecimentos históricos que antecederam e sucederam à independência do país. Debret ainda foi o criador da primeira bandeira do Brasil.

Oriundo de uma tradicional família francesa, Jean-Baptiste Debret nasceu em 18 de abril de 1768, em Paris. Iniciou o seu estudo de arte na Escola de Belas Artes de Paris, na classe de seu primo Jacques-Louis David, importante pintor neoclassicista. Também cursou engenharia no Institut France. Em 1791 conquistou o segundo prêmio de Roma com a tela Régulus voltando ao Cartago.

Seus primeiros trabalhos eram de cunho religioso, bélicos e relacionados ao imperador francês Napoleão Bonaparte. Após se formar, Debret atuou como desenhista e posteriormente professor de desenho da École centrale des Travaux Publics. Dedicando-se ainda à pintura expôs no salon de 1798, onde expôs quatro figuras em tamanho natural.

Após a queda de Napoleão Bonaparte e tendo passado pela trágica morte de seu único filho de dezenove anos, Debret decide integrar a Missão Artística Francesa que desembarcou no Brasil em 1816, e que tinha o objetivo de criar uma Academia de Belas Artes, e no país ficou por 15 anos. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde criou um ateliê e começou dar aulas de pintura em 1817, tendo como aluno Simplício de Sá.

Seu primeiro trabalho ao chegar ao Brasil foi retratar o funeral da Rainha de Portugal, D. Maria I e a nomeação do novo monarca da Corte, o que lhe deu a oportunidade de frequentar a corte brasileira e projetar o seu nome. Debret, em 1825, realiza águas-fortes, localizada na Seção de Estampas da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e nos 5 anos subsequentes atua como professor de pintura histórica da Academia Imperial de Belas Artes.

Os 15 anos que passou no Brasil rendeu além de diversas pinturas que dão um panorama de como vivia a sociedade brasileira, a escravidão, arquitetura, a flora e a fauna nativas retratadas em estudos em aquarela, também serviu de material para o livro Viagem Pitoresca e História ao Brasil, editado entre os anos de 1834 e 1839 e lançado em três volumes ilustrados.

Seu olhar de viajante buscou retratar os aspectos de uma nação que estava surgindo, trazendo em suas aquarelas cores vivas que eternizaram as emoções e os sentimentos daquela sociedade. Para as belezas naturais brasileiras, Debret dedicou um tom mais documental, dedicando-se com afinco em retratar os seus objetos de estudos com o máximo de detalhes.

Ao longo de sua vida, Debret se dedicou aos ofícios de desenhista, decorador, gravador, professor francês, cenógrafo e pintor renomado. Entre as principais obras de Debret destacam-se Desembarque de Dona Leopoldina no Brasil (1917), O Jantar (1820), Coroação de D. Pedro I (1828), Caçador de Escravos (1830) e Aclamação de D. Pedro II (1831). O artista francês faleceu em 18 de abril de 1768, aos 80 anos, em Paris.

Crédito imagens:
https://pt.wikipedia.org/
https://commons.wikimedia.org/

Jackson Pollock – o pai do expressionismo abstrato norte-americano

Durante toda a sua vida, Jackson Pollock valorizou a espontaneidade artística. O pintor norte-americano desenvolveu a técnica do gotejamento ou dripping na pintura, que originalmente foi criada por Marx Ernst, e durante um de seus bloqueios criativos deu início ao movimento do Expressionismo Abstrato.

Batizado como Paul Jackson Pollock, nasceu em 28 de janeiro de 1912, na cidade de Cody, nos Estados Unidos. Pollock viveu grande parte da sua juventude na Califórnia, porém aos 18 anos mudou-se para Nova York onde estudou na Art Students League com o pintor regionalista Thomas Hart Benton.

Nesse viés, os primeiros experimentos artísticos de Pollock foram desenvolvidos no estilo regionalista e tinham certa influência do Surrealismo, além de inspiração nos muralistas mexicanos Diego Rivera e David Alfaro Siqueiros. Outra grande influência foi a pintura ritualística dos índios norte-americanos que viam na arte a materialização do mundo espiritual através do homem e costumavam pintar com areia e também em uma espécie de transe. Também era possível encontrar nos seus primeiros trabalhos inspirações nas obras de Picasso, Matisse e Miró.

Já em 1936 Pollock, estudou em uma oficina experimental, onde começou a fazer experiências com tinta líquida. Por isso, seus primeiros quadros abstratos foram concebidos com uma técnica de improvisação que posteriormente evoluiu para a utilização da Action painting ou pintura em ação (em tradução livre), em que o pintor registrava o seu estado emocional fazendo respingos semi-aleatórios sobre a tela.

Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra Mundial houve uma verdadeira mudança na forma de sentir e registrar a arte. Preocupados em transmitir a irracionalidade e vulnerabilidade humana e todo o sentimento que permeava aquele clima de incertezas, surgiu o Expressionismo Abstrato.

Inserido neste contexto, Jackson Pollock, precursor da arte expressionista abstrata, passou a criar os seus quadros sem a utilização de pincéis ou cavaletes, dispondo suas imensas telas sobre o chão e deixando que respingos de tinta escorressem pela superfície e a partir disto dava vida às suas obras e aos sentimentos que tinha no momento. Para criar profundidade ou outros efeitos pela tela, usava facas, colheres de pedreiro ou gravetos.

Um verdadeiro marco artístico na obra de Pollocok ocorreu quando Peggy Guggenheim, uma das colecionadoras de arte mais importantes do século XX, encomendou-lhe um trabalho. Seis meses se passaram sem que o artista sequer começasse a criar algo, até que foi pressionado por sua contratante e em apenas uma sessão de pintura venceu um severo bloqueio artístico e criou o Mural (1943-44), obra que serviu como porta de entrada para o Expressionismo Abstrato.

Entre os anos de 1947 e 1950, o artista norte-americano elaborou as suas produções mais famosas utilizando-se do dripping, destacando-se Catedral (1947), Verão: número 9A (1948), Composição (1948), Número 5 (1948), Número 1 (1950), Um: número 31 (1950).

A partir de 1951, Pollock passa a usar cores mais escuras, deixando um pouco de lado a técnica de dripping. Nesse processo, o artista tentava mesclar representações e abstrações e chegou a elaborar uma série de obras pintadas em preto e branco.

Jackson Pollock recebeu bastante reconhecimento e notoriedade ainda em vida, porém seu temperamento inconstante lhe rendeu um vício em álcool e dificuldades no casamento com a também artista, Lee Krasner. Pollock faleceu prematuramente, aos 44 anos, em um acidente de automóvel provocado por dirigir alcoolizado.

Créditos imagens:
https://www.wikiart.org/