As paisagens brasileiras nas pinturas de Frans Post

Ao lado de alguns nomes expressivos da arte paisagista, Frans Post foi responsável pelos primeiros registros do Brasil em meados do século XVII. Integrando a comitiva do conde Maurício de Nassau, desembarcou no nordeste brasileiro, onde passou a documentar a topografia, arquitetura militar e civil, cenas de batalhas navais e terrestres.

Originário dos Países Baixos, Frans Janszoon Post nasceu em 1612 na cidade de Leyden. Post criou-se em Harleem, cidade próspera onde obteve uma boa formação artística, sendo um dos seus primeiros mestres o seu irmão mais velho, Pieter Post, que veio a se tornar um arquiteto renomado. Pieter Post foi o responsável por apresentar o irmão mais novo ao conde de Nassau, dando início a um dos mais importantes capítulos na vida artística de Frans Post.

Assim, Post chegou ao Brasil aos 25 anos de idade e no Novo Mundo ficou por volta de 8 anos. Durante a longa estadia encheu diversos cadernos com esboços das paisagens que observou e sob encomenda de Nassau pintou 18 telas em grandes dimensões, das quais apenas 7 se tem o atual paradeiro. Entre estes trabalhos destacam-se Vista da Ilha de Itamaracá (1637), Vista dos Arredores de Porto Calvo (1639) ou Forte Hendrik (1640).

Contudo, foi de volta ao seu país natal que Post produziu as obras mais significativas de sua carreira, inspirando-se nos esboços concebidos nos anos pregressos. Entre elas, destacam-se as ilustrações para o livro escrito por Gaspar Barléu e publicado a mando de Nassau para celebrar os anos em que passaram no Brasil.

A obra de Frans Post é considerada de grande importância para entender o Brasil do século XVII e é marcada por desenhos simplificados, porém detalhados que se mesclam em reproduções com clara influência do que era produzido pelos artistas holandeses na época. As cores, longe de chegarem aos tons reais, se apresentam delicadamente em tons rebaixados e homogêneos.

Os temas brasileiros se repetiriam ao longo de toda a vida artística de Post, atingindo o seu auge e maturidade entre 1660 e 1669. Sem a preocupação documental, o pintor dá vazão à sua criatividade e domínio da técnica artística. Post faleceu em Haarlem em 1680.


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As pinturas realistas e figurativas de Lee Price

Lee Price é uma artista americana que se dedica ao estilo realista figurativo de pintura. Suas obras procuram retratar a complexa relação entre as mulheres e os alimentos de uma maneira intimista, repleto de sentimentos como culpa, desejo e busca pela alegria. A figura feminina em suas pinturas sempre se encontra em momentos íntimos, cotidianos e solitários, retratada de um ponto de vista aéreo.

Lee cresceu em uma pequena cidade chamada Elmira, no interior de Nova York. Sua mãe era professora de arte do ensino médio e, por isso, Lee Price se interessou por arte desde o jardim de infância. Ela iniciou o curso de arte na Moore College of Art de Filadélfia com foco em ilustração, posteriormente mudou para pintura.

As pinturas de Lee são autorretratos em que mostram determinadas compulsões, muitas vezes alimentares, que surgem como uma tentativa de fugir à realidade através de momentos efêmeros de prazer. Assim, suas telas trazem toda a atmosfera anestésica dos subterfúgios que utilizamos para lidar com alguns aspectos do cotidiano. Além de tudo isso, os quadros trazem a mensagem do exagero, do desperdício.

É por este motivo, que a mulher, figura central de sua obra, aparece desnudando toda a repressão que sofreu da sociedade e da família ao serem criadas apenas para se doar. Nas telas de Lee Price a mulher abre as portas de seus segredos e apetites. A vista aérea por sua vez, proporciona a sensação de uma experiência extracorpórea ou mesmo voyeurista.

Primeiramente, as imagens são capturadas pelo fotógrafo Tom Moore e depois Lee Price as reproduz cuidadosamente com tinta óleo sobre tela de linho. Sempre que há a necessidade, a artista dilui a tinta em óleo de linhaça. Atualmente Lee mora no vale Hudson onde instalou seu estúdio, lugar em que passa mais de 70 horas por semana trabalhando em suas pinturas realistas.


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Francesco Guardi – um novo olhar para as paisagens venezianas

A cidade de Veneza na Itália revelou grandes mestres da pintura clássica, entre eles, destaca-se Francesco Guardi, pintor italiano considerado um dos últimos representantes da Escola Veneziana. De origem nobre, o artista ficou famoso como um dos maiores paisagistas do período Rococó.

Filho do pintor Domenico Guardi, Francesco Lazzaro Guardi nasceu em 5 de outubro de 1712, em Veneza. A família de Guardi era de Trentino e possuía certo renome na cidade. Após a morte do patriarca em 1716, o ateliê dos Guardi ficou sob os cuidados de Gian Antonio, irmão mais velho de Francesco.

Apesar de arte correr em seu sangue desde o berço, Francesco Guardi teve como mestre, além do irmão Gian Antonio, também o artista Canaletto, famoso por suas paisagens urbanas de Veneza e que teve grande influência sobre a linha artística que seu pupilo seguiria alguns anos depois. Posteriormente trabalhou na oficina de Michele Marieschi onde se aprofundou no estilo vedute, tipo de pintura que retratava as paisagens de maneira detalhista.

Apesar de suas primeiras obras remeterem ao estilo de seus mestres, Francesco Guardi logo rumou para o desenvolvimento de seu estilo próprio, bem mais solto. Costumava usar com frequência em suas obras o sfumato e pintura di tocco, técnica que se baseava em pequenas e fortes pinceladas pontuais.

A primeira obra assinada por Francesco Guardi foi Santo adorando a eucaristia (1739). Pintou também por ocasião da eleição do doge Alvise IV Mocenigo em 1763 uma série de 12 telas intitulada Festas do Doge. Já em 1778 recebeu do governo veneziano a encomenda de seis telas para comemorar a visita dos arquiduques à cidade e mais duas telas para a visita do Papa Pio VI. Destacam-se também entre as suas telas um olhar diferenciado sobre Veneza. Nestas, o artista italiano faz uma representação da dissipação da República de Veneza e faz uma breve descrição de sua decadência.

Em 12 de setembro de 1782, Francesco já com quase 70 anos foi admitido como membro da Academia de Belas Artes de Veneza. Seu irmão Gian Antonio faleceu em 1760 e desde então, Francesco ficara responsável pelo ateliê da família. O pintor veneziano faleceu em 1 de janeiro de 1793, porém seu estilo livre de pintura apareceria com força quase 1 século depois com o surgimento do movimento impressionista.


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As flores e fadas de Cicely Mary Barker

Cicely Mary Barker foi uma renomada ilustradora inglesa. É frequentemente lembrada por trazer o mundo mágico e florido das fadas em uma série de ilustrações. A artista era especialista em técnica da aquarela, mas também dominava a pintura a óleo e pastéis. Sua arte foi influenciada por Kate Greenaway e pelos pré-rafaelistas, além disso, era extremamente religiosa e chegou a produzir alguns livros com temática cristã.

Cicely nasceu em 28 de junho de 1895 Croydon, uma grande cidade localizada ao sul de Londres, na Inglaterra. Era a segunda filha do casal Walter Barker e Mary Eleanor Barker. Por ser epilética, Cicely era cuidada em casa e passou um tempo considerável de sua infância na cama, na companhia de livros e materiais de pintura.

Boa parte de sua formação artística foi através de cursos por correspondência, contudo, ela ingressou aos 13 anos na Croydon School of Art onde teve aulas até 1940 e inclusive chegou a lecionar na institução. Foi por volta de 1911 que Cicely começou a comercializar alguns de seus desenhos para Raphael Tuck & Sons que os transformou em cartões postais.

Após o falecimento de seu pai, Cicely Baker passou a enviar seu trabalho para diversas revistas ao mesmo tempo em que sua irmã abriu um jardim de infância na casa da família, um dos motivos que levou a artista a querer desenvolver trabalhos para o público infantil.

Entretanto, foi apenas em 1918 que o fantasioso mundo das fadas começou a integrar o seu trabalho através de uma série de postais que incluía também duendes. Cinco anos depois, a artista publicou ilustrações de fadas acompanhadas de versos e poemas e também a obra Flower Fairies of the Spring. Curiosamente suas personagens tinham como inspiração os alunos de sua irmã e as crianças da cidade.

A técnica artística usada por Cicely Barker era basicamente caneta e tinta, mas também continha óleo e pastéis. Frequentemente era vista com um caderno desenho onde capturava os traços de crianças que encontrava. Embora fosse influenciada pela famosa artista Kate Greenaway, as crianças de suas ilustrações eram menos melancólicas e com traço menos plano.

Cicely conquistou reconhecimento por seu trabalho com a série das fadas que persiste até os dias atuais. Contudo no final da década de 1920 ela decidiu contribuir para a comunidade religiosa criando obras de cunho sagrado. Sua irmã encerrou as atividades do jardim de infância em 1940 e em 1954 faleceu de ataque cardíaco. Após a morte da mãe, em 1960, a saúde da artista começou a deteriorar até o seu falecimento em 1973, aos 77 anos.

Muitos de seus esboços, pinturas e desenhos de crianças foram convertidos em doações para instituições de caridade quando a artista ainda estava viva. Os direitos da série Flower Fairies foi adquirido por uma divisão da Penguin Books e algumas de suas obras foram publicadas postumamente, como A Little Book of Prayers and Hymns (1994) e A Flower Fairies Treasury (1997).


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As pinturas hiper-realistas do austríaco Gottfried Helnwein

Gottfried Helnwein é um artista austríaco que ficou famoso por suas pinturas perturbadoramente hiper-realistas através das quais expõe os horrores que muitas vezes são tratados como tabus na sociedade, como guerras e violências diversas, especialmente a crueldade humana nestas situações.

Gottfried Helnwein nasceu em 08 de outubro de 1948 em Favoriten, um distrito de Viena, na Áustria. O jovem Helnwein cresceu sob o pesado clima que rodeava a sua cidade após o fim da Segunda Guerra Mundial. Todas as pessoas que conhecia estavam tentando passar a borracha sobre os aterradores acontecimentos vividos durante a guerra, o que despertava a curiosidade do jovem, justamente porque nunca tinha os seus questionamentos respondidos.

Foi assim, que cansado de não obter respostas, Helnwein decidiu se expressar por meio da arte. Em suas telas começou a dar vazão a todas as atrocidades que tinha conhecimento como também à ansiedade psicológica e sociológica. Um de seus primeiros trabalhos Life not Worth living (1979) foi inspirado em uma barbárie cometida durante o regime nazista. Também conseguiu ser aceito na Academia de Belas Artes de Viena ao submeter uma pintura em que mostrava um ato de violência.

Nesta época passou a fazer algumas performances pelas ruas de Viena em que saía envolto por bandagens que simulavam estar ensanguentadas. Como também passou a fotografar crianças igualmente enroladas em bandagens. O tema surgiu posteriormente em suas pinturas a óleo e acrílico, já no estilo hiper-realista, e ajudaram a alçar o seu nome internacionalmente.

De seus autorretratos e performances na década de 1980 resultaram em parcerias na área musical como a capa do álbum Blackout (1982) da banda Scorpions. Posteriormente contribuiu com uma sessão de fotos da banda Rammstein em 1997 e também na coleção The Golden Edge (2003) em que fotografou o músico Marylin Mason e sua esposa na época, Dita Von Teese.

Neste ínterim, a cultura pop se faz presente na arte de Helnwein através dos quadrinhos. Personagens como Pato Donald e animes japoneses são presenças marcantes em diversas de suas obras. Entre seus trabalhos mais significativos vale citar as séries O Murmúrio dos Inocentes e The Disasters of War.

O artista divide-se atualmente entre Los Angeles, onde instalou seu estúdio e a Irlanda, inclusive recebeu a cidadania irlandesa em 2004. Helnwein tem quatro filhos que também seguiram os passos do pai e se tornaram artistas. Em 2013 o Museu Albertina, em Viena, organizou uma exposição com uma retrospectiva de seu trabalho e recebeu mais de 250 mil visitantes.


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Pauline Baynes – entre mapas e mágicas ilustrações

Conhecida principalmente por suas ilustrações nos aclamados livros de J.R.R. Tolkien e nas Crónicas de Nárnia de C.S. Lewis, Pauline Baynes foi uma famosa desenhista e ilustradora britânica. A artista contribuiu em mais de 100 livros ao longo de sua carreira e seu traço único eternizou milhares de figuras que permeiam até hoje o imaginário de pequenos leitores ao redor do mundo.

Foi na pequena Hove, cidade localizada no condado de East Sussex, na Inglaterra, que nasceu Pauline Diana Baynes, em 9 de setembro de 1922. Os Baynes imigraram para a Índia quando Pauline era ainda um bebê e assim a jovem cresceu cercada de uma cultura e lugares que desenvolveram a sua fértil imaginação. Pauline chegou a ter como animal de estimação um macaco que fora treinado para levar tiffin, uma espécie de refeição servida geralmente na hora do chá, à mesa.

Contudo, a mãe de Pauline decidiu retornar para a Inglaterra com o intuito de proporcionar uma educação melhor para a suas filhas. Quem não gostou muito da decisão, foi Pauline que demorou bastante tempo para superar a separação da terra que amava. Estabelecidas na Inglaterra novamente, Pauline e sua irmã mais velha Angela, foram estudar em um colégio regido por freiras. Na escola, Pauline era alvo constante chacotas por conta de sua imaginação aguçada.

Aos 9 anos foi para Beaufort School onde começou a se interessar por arte e ao 15 anos ingressou Farnham School onde obteve formação técnica em design. Já aos 19 anos foi estudar na prestigiada instituição Slade School of Fine Art. A jovem Pauline teve a oportunidade de estudar os trabalhos de ilustradores como Gustave Doré, Edmund Dulac, Arthur Rackham , Ernest Shepard , RS Sherriffs , Rex Whistler , Jacques-Marie-Gaston Onfroy de Bréville e artistas de manuscritos medievais.

Pauline Baynes iniciou a sua carreira, junto com a irmã ao ingressar no Serviço Voluntário para Mulheres onde foram designadas como modelistas assistentes no Centro de Treinamento e Desenvolvimento de Camuflagem da Royal Engineers e depois foi transferida para o departamento de mapas, onde seu talento natural e precisão artística poderiam ser mais aproveitados. Inclusive, a experiência foi importantíssima para a criação dos mapas da Terra Média de J.R.R Tolkien.

O primeiro livro que Pauline ilustrou foi Question Mark, por meio de uma colega que pertencia a uma empresa familiar que imprimia livros infantis de figuras. Já em 1948 fez a sua estreia como escritora e ilustradora na obra Victoria e o Passaro Dourado. Posteriormente, teve o seu portfólio submetido ao editor George Allen & Unwin que o mostrou a J.R.R. Tolkien. Assim, a artista foi contratada para fazer as ilustrações primeiramente do livro Farmer Giles of Ham. Muito satisfeito com o trabalho de Pauline em suas obras, Tolkien a apresentou ao amigo C.S. Lewis, o que rendeu à artista a tarefa de ilustrar as Crônicas de Nárnia.

Para desenvolver as suas ilustrações com temática medieval, Pauline se entrega a uma intensa pesquisa de suas vestimentas e costumes, características que lhe rendeu o Prêmio Kate Greenaway pela obra A Dictionary of Chivalry (1968) de Grant Uden que conta com mais 600 ilustrações da artista. Pauline Baynes faleceu em 2008, aos 85 anos, em Dockenfield.


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Lyonel Feininger – a arte expressionista com um toque de cubismo

Apesar de ter começado a trabalhar como artista plástico apenas aos 36 anos, Lyonel Feininger se desenvolveu no ofício com excelência e escreveu o seu nome na história da arte americana como um dos principais expoentes do expressionismo. Ao longo de sua carreira trabalhou também como fotógrafo, ilustrador e desenhista de história em quadrinhos. Lecionou na Bauhaus e ilustrou a capa do manifesto da Escola de 1919.

Lyonel Charles Feininger nasceu em 17 de julho de 1871 em Nova York. Descendente de alemães, aos 16 anos mudou-se para a Alemanha onde começou a estudar arte na Academia Real de Arte de Berlim onde teve aulas com Ernst Hancke. O jovem teve passagem por outras escolas de Berlin e também em Paris. Seu primeiro trabalho na área foi como caricaturista em importantes publicações de seu país na época como a Harper’s Round Table e Harper’s Young People.

Já aos 23 anos ele começou a trabalhar como cartunista para revistas francesas, alemãs e americanas. Em 1906 ilustrou duas histórias em quadrinhos para o Chicago Tribune, The Kin-der-Kids e Wee Willie Winkie World, oportunidade em que pode mostrar seu humor e experimentos gráficos, principalmente do uso naturalista da cor, o que ajudou a difundir o seu nome.

Aos 36 anos passou a se dedicar às artes plásticas e posteriormente ligou-se a importantes associações de artistas, como o Blaue Reiter e Os Quatro Azuis. Em 1911 expôs no Salão Independente de Paris. Além disso, foi o primeiro convidado a lecionar gravura na Bauhaus, quando Walter Gropius fundou a escola em 1919 é de Feininger a arte da capa do primeiro manifesto da Bauhaus, uma catedral em xilogravura.

A composição estética das obras de Feininger passa a ser enquadrada no expressionismo após o artista ter contato com os preceitos do Cubismo. O artista ficou conhecido por suas paisagens marítimas e por uma arquitetura pura e romântica. Sua natureza versátil fez com que ele também realizasse trabalhos como compositor e pianista, assim como o seu pai, o compositor alemão Kark Feininger. De 1928 a 1950, Feininger um grande número de obras fotográficas que ficaram restritas ao seu círculo íntimo de amigos.

O artista americano foi forçado a deixar a Alemanha em 1937, após os nazistas terem considerado a sua arte degeneradora. Assim, Feininger emigrou para Nova York onde permaneceu até a sua morte, em janeiro de 1956.


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As fantásticas e inovadoras ilustrações de Walter Crane

A imaginação foi importante para tornar Walter Crane um dos mais famosos ilustradores de livros infantis. O artista inglês exerceu ao longo de sua vida os ofícios de pintor e designer, contudo foram os seus estudos das cores das xilogravuras japonesas, o fator que o levou a se destacar na criação de ilustrações para uma inovadora série de livros brinquedos. O estilo desenvolvido por Crane vem inspirando diversos artistas, principalmente de histórias em quadrinhos.

Walter Crane nasceu na cidade inglesa Liverpool, em 15 de agosto de 1845. Filho do artista Thomas Crane, pintor de retratos e miniaturista, teve contato com a arte desde o berço. Ainda muito jovem, tornou-se aprendiz de William James Linton, artista com quem aprendeu sobre xilogravura e também teve a oportunidade de estudar os antigos mestres italianos.

Bastante preocupado com as questões sociais, Crane era constantemente requisitado para ilustrar publicações de caráter político. Mesmo sendo um artista versátil, as ilustrações de livros infantis eram a sua verdadeira vocação e com a qual ganhava a vida. Walter Crane ilustrou para diversas idades, principalmente livros de alfabetos, rimas, fábulas e livros educativos para a primeira infância. O artista acreditava que através das imagens as crianças também poderiam adquirir conhecimento.

Em suas produções é possível notar a forte influência do Ukyio-e japonês e das gravuras medievais. Crane também costumava integrar em suas ilustrações os textos narrativos, técnica que permitiu o desenvolvimento das histórias em quadrinhos da forma que as conhecemos atualmente.

As ilustrações de Crane são dotadas de uma beleza e vivacidade sem igual. Com detalhes surpreendes e composições espirituosas que convidam o leitor a expandir a sua imaginação através das páginas dos livros. Entre as suas obras mais conhecidas, estão ilustrações para Rainha das Fadas (1895-1897) e The Shepheardes Calender (1897), ambos escritos por Edmund Spencer. Crane faleceu em 14 de março de 1915.


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Eugène Delacroix – a revolução do romantismo francês

Delacroix é um dos nomes mais fortes e icônicos do romantismo francês. O artista costumava ousar em seus experimentos pictóricos e assim obteve fama com quadros que expressavam com intensidade as cenas de paixão e violência, tudo isso com um característico toque de sensualidade. Influenciado pelo Iluminismo, Delacroix valorizava a cor ao ar livre e isto se refletia na maneira como retratava as paisagens e o colorido das vestes dos personagens de seus quadros.

Ferdinand Victor Eugène Delacroix nasceu na comuna francesa Saint Maurice em 26 de abril de 1798. Embora de origem abastada, a infância de Delacroix foi marcada por diversos acidentes que quase lhe tiraram a vida e aos 7 anos seu pai, que ocupara importante posição no governo francês, faleceu. Já adolescente, perdeu também a mãe e foi obrigado a morar com a sua irmã mais velha. Isto, no entanto, não impediu que seus estudos fossem em importantes instituições francesas.

O artista obteve formação em música no Conservatório e em artes na Escola de Belas Artes de Paris. Desde cedo teve a oportunidade de estudar as grandes obras expostas no Museu do Louvre e também foi aprendiz no atelier do renomado pintor Pierre-Narcise Guérin. Desenvolveu uma grande amizade com o pintor Theodóre Géricault que influenciou bastante no estilo dramático e na forma como trabalhava as cores em suas pinturas. Como também foi fundamental na escolha de temas políticos e atuais.

Culto e bem relacionado na sociedade parisiense, Delacroix foi amigo íntimo do compositor Frédéric Chopin e da escritora George Sand. O que o ajudou a se tornar popular entre a vanguarda artística. Uma de suas primeiras telas, A Barca de Dante, foi inspirada na obra do escritor italiano Dante Alighieri. Foi influenciado também pelos poemas de Lord Byron e pelo estilo extravagante de Rubens.

Em 1822, Delacroix expôs A Barca de Dante no Salão de Paris que lhe rendeu tanto críticas positivas quanto negativas, mas que foram o suficiente para propagar ainda mais o seu nome no meio artístico. Dois anos depois, no mesmo Salão, expôs os horrores da guerra travada entre Turquia e Grécia em seu quadro O Massacre de Quios (1824). Já em 1827 foi a vez de mostrar a polêmica tela A morte de Sardanápalo (1827), inspirada na peça Sardanápalo, de Byron.

Contudo, foi em 1930 que Delacroix concebeu uma de suas pinturas mais famosas: A Liberdade Guiando o povo, obra que se tornou o símbolo da Revolução Francesa e foi prontamente adquirida pelo governo francês por uma quantia bastante relevante para a época.

Numa tentativa de romper com os paradigmas da pintura neoclassicista, Delacroix se empenhava em diversos experimentos para obter tons e efeitos cromáticos diversos. Assim, o artista francês costumava sobrepor cores para ampliar a vivacidade e riqueza de suas telas, além disso, deixou de lado a clássica técnica de sfumato que ditava o sombreado dos movimentos anteriores, como o renascentista. Suas inovações artísticas influenciaram os simbolistas e os impressionistas.

Delacroix teve uma produção artística intensa, somando mais de 800 pinturas, 1500 pasteis e 6 mil desenhos. É autor de outros quadros famosos como O Sultão  de Marrocos (1845) e Retrato de Frédéric Chopin (1838). Faleceu em 13 de agosto de 1863, aos 65 anos em Paris.


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Rembrandt – a genialidade do barroco holandês

Rembrandt foi um dos mais importantes artistas barrocos que viveram na época de ouro dos Países Baixos. Considerado o nome mais importante da história da arte holandesa, Rembrandt destacou-se como pintor e gravador. A maioria de sua obra é composta de retratos, autorretratos e cenas bíblicas que transmitem a técnica impecável e o artista de extrema sensibilidade que ele era. Embora tenha alcançado fama em vida, que lhe proporcionou certa riqueza, o artista morreu afundado em dívidas e sua genialidade só foi reconhecida alguns séculos depois.

Oitavo filho da família encabeçada pelo moleiro Harmen Gerritszoon van Rijn, Rembrandt Harmenszoon van Rijn nasceu em 15 de julho de 1606, em Leida, Holanda. Desde muito jovem mostrava talento para a pintura. Chegou a matricular-se na Universidade de Leida e a frequentou apenas nove meses, abandonando os estudos para passar uma temporada de aprendizagem de seis meses sob a tutoria de Pieter Lastman, em Amsterdã.

Com apenas 21 anos de idade abriu um estúdio em Leida e dividiu o espaço com o amigo e também pintor Jan Lievens. No estúdio, Rembrandt passou a lecionar aulas de pintura e conseguiu criar fama como artista a partir disso. Somente aos 25 anos teve a sua primeira encomenda de um retrato do rico comerciante, Nicolaes Ruts. A partir de então, começou a ser bastante requisitado pela burguesia holandesa.

No período de apenas 1 ano ele produziu cerca de 50 retratos e sua agenda seguia lotada de pedidos de burguesas que desejam ter um retrato seu pintado pelo o artista em ascensão. Em 1634 o artista casou-se e da união resultou quatro filhos. Sua mulher, no entanto, faleceu pouco depois do último parto e de seus filhos, apenas um chegou à idade adulta.

Conforme apurava sua técnica, Rembrandt passou a ser menos procurado pela burguesia que não queria ver seus rostos retratados de maneira tão sincera e real. Começava então uma fase difícil financeiramente para o artista que viu seus bens que incluíam uma grande mansão e refinadas obras de artes serem tomadas por credores. O artista foi à falência aos 50 anos e faleceu aos 63 anos em Amsterdã.

Entre as mais famosas obras de Rembrandt estão A lição de Anatomia do Dr. Tulp (1632), A Ronda Noturna (1642), Autorretrato (1640) e Os Síndicos da Corporação de Tecelões de Amsterdã” (1661-62). Ao longo de sua vida e carreira, o pintor holandês produziu diversos autorretratos que juntos compõe uma singular biografia, mostrando não apenas a passagem de tempo e consequente envelhecimento, mas também como as tragédias pessoais afetaram seu semblante.

A maioria de seus quadros é marcada por uma forte iluminação frontal que tinha por intuito destacar exatamente o elemento principal da pintura. Rescindia de suas telas uma forte dramaticidade e um intenso realismo. Com sua técnica refinada recriou cenas religiosas, cotidianas, paisagens e temas mitológicos.


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