A arquitetura moderna e surpreendente de Gaudí

Famoso arquiteto catalão, Antonio Gaudí é um dos artistas expoentes do modernismo espanhol que tomou força a partir do final do século XIX e se estendeu até os primeiros anos do século XX. Sua obra reflete um homem de grande religiosidade, detalhista e inovador, que buscava na natureza as suas fontes de inspiração, além de empregar diferentes técnicas de tratamento dos materiais utilizados em seus trabalhos. Teve 7 de suas obras tombadas pela UNESCO, além disso, o templo Sagrada Família é um dos pontos turísticos mais visitados da Espanha.

Antoni Gaudí i Cornet nasceu na província de Tarragona, situada na região da Catalunha, em 25 de junho de 1852. Oriundo de uma família humilde, Gaudí se interessou desde cedo por arquitetura. Ingressou em 1869 na Escola Superior de Arquitetura de Barcelona, entretanto levou 8 anos para concluir o curso, devido ao serviço militar, entre outras intempéries.

Os primeiros trabalhos de Gaudí refletem a influência da arquitetura gótica e do revivalismo do século XIX, movimento que buscava resgatar um pouco da tradição cultural espanhola. Outra grande influência na obra de Gaudí foi o arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc, que também aderiu ao revivalismo na França. Além disso, a obra de Gaudí também traz elementos da Art Nouveau caracterizada pelo estilo mais geométrico e modernista.

Apesar de ter se juntado ao Movimento Nacionalista da Catalunha durante a juventude, logo Gaudí tornou-se um homem de forte religiosidade, dedicando boa parte de sua vida e trabalho à igreja católica. Inclusive, a sua obra-prima, O Templo Expiatório da Sagrada Família, foi um projeto ao qual o arquiteto se dedicou durante os últimos 40 anos de sua vida. Gaudí, inclusive, faleceu sem ter concluído esta obra, que possui previsão de conclusão para o ano de 2026.

As obras de Gaudí se destacam pela escolha ousada de formas, texturas e cores, compondo uma unidade orgânica e que não passam despercebidos até ao olhar menos atento. Entre os projetos de maior destaque do artista catalão estão o Parque Guell, que reflete a fase mais naturalista de Gaudí, a Casa Batlló, edifício modernista que contou com a participação dos arquitetos Josep Maria Jujol e Joan Rubió i Bellversituado e a Casa Milà, edifício que aparenta ser um grande bloco de pedra e que por este motivo também é conhecido como La Pedrera.


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Almeida Junior – o regionalismo na arte brasileira

Pioneiro na utilização do tema regionalista em suas telas, o artista plástico brasileiro Almeida Junior é dono de uma obra aclamada pela originalidade. Em seus trabalhos a cultura caipira ganhou espaço com personagens anônimos, porém que representavam com fidelidade os costumes principalmente do interior paulista.

Oriundo da cidade de Itu, interior do estado de São Paulo, José Ferraz de Almeida Junior nasceu em 8 de maio de 1850. De família humilde, o jovem recebeu ajuda do pároco Miguel Correia Pacheco, para quem produziu algumas obras sacras, para viajar ao Rio de Janeiro em 1869 e ingressar na Academia Imperial de Belas Artes.

Durante o curso foi aluno de pintores renomados como Pedro Américo, Jules Le Chevrel e Victor Meireles. O talento de Almeida Junior começou então a chamar a atenção, rendendo-lhe algumas premiações como a medalha de ouro em 1874 na Exposição Geral de Belas Artes da Academia Imperial, com a obra A Ressurreição.

Findado os seus estudados na Academia, Almeida Junior retornou à sua cidade natal onde abriu o seu próprio ateliê. O ano era 1876 e coincidiu com uma visita do Imperador Dom Pedro II ao interior paulista. Admirado com o trabalho do jovem artista, o imperador custeou o estudo de Almeida Junior em Paris.

Dessa maneira, no final de 1876, Almeida Junior se matriculou na École National Supérieure des Beaux-Arts onde aperfeiçoou o desenho anatômico e de ornamentos. Entre 1879 e 1882 participou de quatro exposições no Salão de Paris. Já em viagem à Itália em 1882, conheceu os irmãos e artistas naturalizados brasileiros Rodolpho e Henrique Bernadelli.

A primeira exposição de destaque de Almeida Junior no Brasil ocorreu após o seu retorno em 1882. Na ocasião o pintor brasileiro expôs a sua produção parisiense na Academia Imperial de Belas Artes. Posteriormente o artista mudou-se para São Paulo onde abriu um ateliê na Rua da Glória. Ali começou promover vernissages para imprensa e potenciais compradores, o que ajudou a garantir um lugar de destaque no cenário artístico brasileiro.

Em 1884 o governo imperial lhe concedeu o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa. Sua obra até então fora construída em sua maior parte com temática religiosa e histórica, porém em sua última fase, Almeida Junior passa a explorar o regionalismo em seus quadros, trazendo algumas inovações artísticas como a escolha de uma paleta mais luminosa e traços mais gestuais que reproduziam de forma lírica a simplicidade e os costumes da vida interiorana.

Entre suas obras de maior destaque estão Caipira Picando Fumo (1893), A Partida da Monção (1897), Caipiras Negaceando (1888), O Descanso do Modelo (1882), Leitura (1892), Saudade (1899), A Pintura (Alegoria) (1892), A Fuga para o Egito (1881). Almeida Junior faleceu aos 49 anos, vítima de um crime passional.

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A arte experimentalista de Man Ray

A vanguarda artística do século XX revelou movimentos e nomes importantes para a história da arte mundial, entre os quais se destaca o pintor, fotógrafo e cineasta norte-americano Man Ray. O artista foi um dos líderes do movimento dadaísta e também responsável por inovações na fotografia.

Man Ray é o pseudônimo de Emanuel Radnitzky, nascido em 27 de agosto de 1890 na Filadélfia, Estados Unidos. O jovem interessou-se por arte desde pequeno, por isso, estudou arquitetura, engenharia e artes plásticas. Seus primeiros experimentos na pintura tendiam para o estilo cubista.

Por volta dos 25 anos, Ray conheceu o artista Marcel Duchamp com quem fundou o movimento dadá novaiorquinho que propunha uma arte que chocasse a sociedade, principalmente a burguesia, utilizando-se de objetos de pouco valor que assumiam uma posição de desconstrução da arte tradicional. Em 1915 o artista fundou, escreveu e ilustrou a primeira revista dadaísta: The Ridgefield Gazook.

Ray mudou-se para Paris em 1921, após se separar da poeta belga Adon Lacroix. Além de integrar o movimento dadaísta francês, o artista norte-americano ainda teve contato com o surrealismo. Experimentalista, começou a usar objetos do cotidiano para compor suas obras, como também tinta spray em suas pinturas e passou a desenvolver novos métodos de fotografia. Nessa época, tanto suas obras pictóricas, como fotográficas receberam influências do surrealismo.

Pioneiro na arte de desconstruir a imagem fotográfica, suas produções são marcadas pelo uso de diferentes técnicas. Entre elas, destacam-se o uso da solarização, em que o tom da imagem é invertido parcialmente; a raiografia, em que objetos são dispostos sobre o papel fotográfico em um quarto escuro e expostos à luz sem utilização de câmera, obtendo imagens abstratas. Posteriormente retratou em suas fotografias estrelas de cinema como Marylin Monroe e Catherine Deneuve.

Entre as principais obras de Man Ray estão The enigma of Isidore Ducasse (1920), The Gift (1921), O Beijo (1922), Ingre’s Violin (1924), Black and White (1926) e Glass tears (1932). No cinema, destaca-se a produção do curta surrealista L’Étoile de Mer (1928).

O reconhecimento pela arte experimentalista de Man Ray, no entanto, só veio em 1961 quando conquistou a Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia de Veneza. O artista faleceu em 18 de novembro de 1978 em Paris.

 

 

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André Breton e o movimento surrealista

Destacado poeta e escritor francês do século XX, André Breton exerceu grande contribuição artística e cultural ajudando a disseminar o surrealismo através de seus manifestos e teorias sobre o movimento. Foi um dos primeiros escritores a desenvolver a técnica de escrita automática, fundamentado principalmente nas teorias de Freud.

Nascido em 19 de fevereiro de 1896, na comuna de Tinchebray, em uma modesta família francesa, André Breton teve uma educação rígida, porém rica culturalmente. Pressionado pela família, o jovem iniciou os estudos em Medicina, e em 1916 foi convocado para servir no exército francês como enfermeiro na cidade Nantes.

O que poderia tê-lo afastado da vida artística, na verdade o aproximou ainda mais. Breton conheceu nesta época Jacques Vaché, jovem que rejeitava radicalmente o convencionalismo, encarando a vida de maneira sarcástica e cética. Viveu apenas até os 24 anos, porém de maneira intensa, como se fosse o personagem de um livro de ficção, legando diversas cartas e desenhos que compuseram o que pode ser considerado como sua obra.

A influência de Vaché determinou o humor com o qual Breton desenvolveria seus trabalhos, já a técnica se fundamentou através das teorias freudianas das associações espontâneas, como também o contato que o artista teve com os fundadores do movimento dadaísta e nas teorias de automatismo psíquico de Jean-Martin Charcot e Sigmundo Freud.

Em 1919, ao lado dos poetas Louis Aragon e Philippe Soupault, fundou a revista Littérature sobre o surrealismo. Ainda naquele ano, lançou uma coletânea de poemas intitulada Mont-de-Pieté e o livro Campos Magnéticos, junto com Soupault. Cinco anos depois escreve uma das suas obras mais famosas O Manifesto do Surrealismo (1924) em que discorre sobre as principais características do movimento. Para Breton, o amor, a liberdade e a poesias eram a principal base do surrealismo.

Em 1927 é seduzido pelas ideias de Marx e Rimbaud, por isso, ingressa no Partido Comunista. O segundo manifesto surrealista, lançado em 1930, ganha um viés mais político o que ocasiona no afastamento de muitos artistas que até então se identificavam com o movimento. Breton, porém rompe com o Partido em 1935, devido a divergência de ideias.

Em 1941, Breton se refugia nos Estados Unidos, devido a Guerra, retornando apenas em 1946. Até o fim de sua vida, se dedicou a difundir o caráter revolucionário e político de suas ideias, principalmente do surrealismo. Faleceu aos 70 anos, em Paris.

 

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Miró – o surrealismo entre cores e curvas

O colorido e a curvas características de suas obras fizeram de Miró um dos nomes mais representativos da arte modernista e especialmente do surrealismo. Influenciado pela arte fauvista e cubista, o espanhol se consagrou como pintor, gravador, escultor e ceramista.

Joan Miró i Ferrà nasceu em 20 de abril de 1893, em Barcelona, Espanha, em uma Europa que colhia os frutos da Belle Époque, período de grande efervescência cultural e intelectual que começou no final do século XIX e durou até o eclodir a Primeira Guerra Mundial.

Envolto neste contexto histórico, Miró demonstrou interesse em arte desde cedo e sua formação artística se deu na Academia de Belas Artes de Barcelona. Já em 1918, realizou a sua primeira exposição individual e no ano seguinte, após se formar, o artista espanhol foi para Paris, onde conheceu Picasso e as tendências modernistas de arte, que viriam a exercer grande influência sobre o seu trabalho.

Em 1920 o pintor conhece o pai do Surrealismo, o teórico e escritor francês André Breton. Suas obras então passam a incorporar elementos oriundos do movimento surrealista e em 1924 e 1925 o artista lança as telas Maternidade e O Carnaval do Arlequim que configuram um verdadeiro marco no desabrochar do estilo artístico de Miró e também uma nova forma de o surrealismo incorporar símbolos sem recorrer às questões psicologicamente profundas que as primeiras obras abordaram.

Ainda em 1925, Miró participa da primeira exposição surrealista. Já em 1928, o artista viaja para a Holanda, onde concebeu mais duas importantes obras: Interiores Holandeses I e Interiores Holandeses II. A chegada dos anos 1930 marca o reconhecimento mundial de Miró que passa a fazer constantes exposições em galerias francesas e americanas.

Nos anos que se seguiram, a guerra passa a influenciar algumas das obras do pintor surrealista. Um exemplo é a tela The Ladder of Escape (1939), concebida nos anos que compreenderam a Guerra Civil Espanhola. Também é desta época o painel O Ceifeiro, obra que foi exposta juntamente com a famosa Guernica, de Picasso, no pavilhão da Exposição Internacional de Paris.

Na década de 40 o pintor espanhol deu início à série Constelações, composta por 23 pinturas pequenas e que compreendem algumas das mais famosas e reconhecidas obras de Joan Miró. Em 1944, o artista se aventura na produção de cerâmicas e esculturas, inovando ao utilizar materiais como sucata.

Miró idealizou através de sua obra um mundo que não podia ser explicado pela lógica, povoado muitas vezes por pássaros, estrelas e escadas que levavam a maneira muito particular de exprimir as suas vivencias e sentimentos. Morreu aos 90 anos, tendo conquistado fama e riqueza através de sua arte.

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