Os retratos e as paisagens realistas de Antonio López Torres

Antonio López foi um dos mais habilidosos e sensíveis artistas da região de Tomelloso, na Espanha. Destacou-se por explorar a pintura ao ar livre, retratando com maestria as peculiaridades da luz que incidia sobre as paisagens campestres de sua cidade natal.  O pintor espanhol foi fonte de inspiração para diversos artistas conterrâneos. 

Foi em Tomelloso, município situado na região da província espanhola de Ciudad Real, que nasceu Antonio López Torres, em 21 de julho de 1902. Proveniente de uma família de ricos fazendeiros, López Torres cresceu rodeado por uma natureza abundante e que desde cedo foi tema de seus desenhos quando ele ainda nem sonhava em ser pintor. 

Porém o seu talento precoce não passou despercebido aos olhos de um de seus professores primários, mas o pai do jovem tentou afastá-lo de seu dom inato e mandou-o aos 13 anos para trabalhar na vinha da família. 

Contudo, o efeito provocado em López Torres foi o contrário de que seu pai esperava. A experiência no campo permitiu que ele se conectasse ainda mais com a natureza e passasse a reinterpretá-la em suas obras de uma forma totalmente particular.  

Ele ainda não tinha uma formação artística e tudo que criava era de maneira autodidata. Mas já em suas primeiras pinturas, há o destaque para luz, característica que viria se aprofundar ainda mais e pela qual seu nome ficou conhecido.  

A guinada em sua carreira artística veio em 1924 quando um renomado pintor chamado Ángel Andrade Blázquez selecionou as obras de López Torres para a mostra de Belas Artes em Tomelloso. Apenas depois deste episódio o pai de López Torres finalmente se convenceu de que o filho deveria seguir a própria vocação. 

Assim, López Torres pode finalmente ingressar na educação artística formal que se iniciou na Escola de Artes e Ofícios de Ciudad Real, onde se aprofundou em anatomia humana, desenho, retratos e arriscou algumas naturezas mortas. Posteriormente foi para a Escola de Belas Artes de San Francisco, em Madrid, experiência que permitiu um melhor desenvolvimento técnico e uso das cores. Costumava visitar o Museu do Prado para estudar os grandes mestres da pintura como Goya, Ticiano ou Rubens, porém nutria uma profunda admiração por Diego Velázquez. 

Retornou para a sua cidade natal em 1931, após se formar. Aos poucos foi desenvolvendo ainda mais o uso da luz, perspectiva e um exímio domínio cromático que lhe permitiam explorar tudo o que havia aprendido na academia e assim atingir a sua maturidade artística. Tornou-se professor em Tomelloso e apenas em 1936 realizou a sua primeira exposição individual. 

Outra grande evolução artística em sua carreira foi notada em 1948, quando sua obra ganhou nuances mais suaves e líricas. Entre os anos de 1967 a 1972, ele optou em testar novas técnicas de desenhos a óleo, até a sua aposentadoria no final daquele ano. No ano de 1978 doou todo o seu legado artístico para a cidade de Tomelloso e faleceu quase uma década depois, em 1987, vítima de uma trombose. 

Entre as principais obras de López Torres destacam-se La abuela Alejandra fazendo tricô (1924), Venus de Milo (1926), Bodegón con mascarilla (1927), Llanuras de La Mancha (1932), Vista de Palma de Mallorca (1941), Niño bebiendo agua de un cubo (1946) e Paisaje de vendimia en la Garza (1969). 


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As paisagens brasileiras nas pinturas de Frans Post

Ao lado de alguns nomes expressivos da arte paisagista, Frans Post foi responsável pelos primeiros registros do Brasil em meados do século XVII. Integrando a comitiva do conde Maurício de Nassau, desembarcou no nordeste brasileiro, onde passou a documentar a topografia, arquitetura militar e civil, cenas de batalhas navais e terrestres.

Originário dos Países Baixos, Frans Janszoon Post nasceu em 1612 na cidade de Leyden. Post criou-se em Harleem, cidade próspera onde obteve uma boa formação artística, sendo um dos seus primeiros mestres o seu irmão mais velho, Pieter Post, que veio a se tornar um arquiteto renomado. Pieter Post foi o responsável por apresentar o irmão mais novo ao conde de Nassau, dando início a um dos mais importantes capítulos na vida artística de Frans Post.

Assim, Post chegou ao Brasil aos 25 anos de idade e no Novo Mundo ficou por volta de 8 anos. Durante a longa estadia encheu diversos cadernos com esboços das paisagens que observou e sob encomenda de Nassau pintou 18 telas em grandes dimensões, das quais apenas 7 se tem o atual paradeiro. Entre estes trabalhos destacam-se Vista da Ilha de Itamaracá (1637), Vista dos Arredores de Porto Calvo (1639) ou Forte Hendrik (1640).

Contudo, foi de volta ao seu país natal que Post produziu as obras mais significativas de sua carreira, inspirando-se nos esboços concebidos nos anos pregressos. Entre elas, destacam-se as ilustrações para o livro escrito por Gaspar Barléu e publicado a mando de Nassau para celebrar os anos em que passaram no Brasil.

A obra de Frans Post é considerada de grande importância para entender o Brasil do século XVII e é marcada por desenhos simplificados, porém detalhados que se mesclam em reproduções com clara influência do que era produzido pelos artistas holandeses na época. As cores, longe de chegarem aos tons reais, se apresentam delicadamente em tons rebaixados e homogêneos.

Os temas brasileiros se repetiriam ao longo de toda a vida artística de Post, atingindo o seu auge e maturidade entre 1660 e 1669. Sem a preocupação documental, o pintor dá vazão à sua criatividade e domínio da técnica artística. Post faleceu em Haarlem em 1680.


Acesse a galeria para admirar mais a obra de Frans Post no Pinterest: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-mat%C3%A9rias-do-site/frans-post/


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