Anita Malfatti – as revoluções da primeira fase modernista brasileira

Um dos nomes mais importantes da primeira fase do modernismo brasileiro, Anita Malfatti foi uma das peças-chaves na realização da Semana de Arte Moderna de 1922. Ao lado de Tarsila do Amaral, a pintora e desenhista Anita Malfatti ajudou a escrever um novo capítulo para as mulheres na história da arte brasileira. Com seu estilo marcante se dedicava a expressar temas do cotidiano empregando cores puras e vibrantes.

Anita Malfatti nasceu em 02 de dezembro de 1889, em São Paulo. Filha do engenheiro italiano Samuele Malfatti e da norte-americana Eleonora Elizabeth Krug, carregou desde o nascimento uma atrofia no braço e na mão direita. Teve como tutora na infância uma senhora chamada Miss Browne que lhe ajudou a treinar a escrita e o desenho com a mão esquerda.

A jovem recebeu a educação formal de 1897 a 1906, primeiramente no Externato São José, de freiras católicas, posteriormente estudou Escola Americana e no Mackenzie College (atual Universidade Presbiteriana Mackenzie). Formou-se como professora aos 19 anos de idade.

Iniciou os estudos em artes plásticas com sua mãe que após a morte do Sr. Malfatti se viu em dificuldades financeiras e precisou ganhar o sustento da família lecionando aulas particulares de idiomas, desenho e pintura.

Em 1910, Anita teve a oportunidade acompanhar duas amigas que iriam estudar música na Europa e teve a sua viagem financiada pelo tio Jorge Krug. Na Alemanha, frequentou o ateliê de Fritz Burger e a Academia Real de Belas Artes de Berlim, onde teve contato com a pintura expressionista.

Retornou ao Brasil em 1914 com o intuito de conseguir uma bolsa de estudos, porém seus tiveram que ser adiados devido a Primeira Guerra Mundial. No mesmo ano fez a sua primeira exposição individual na Casa Mappin, ocasião em que apresentou os seus estudos de pintura expressionista.

Em 1915, viajou novamente com a ajuda de seu tio, dessa vez para estudar na Art Students League, nos Estados Unidos, e recebeu aulas do artista plástico Homer Boos. Quando retornou ao Brasil em 1917 realizou uma exposição com 53 quadros que causaram grande furor entre a crítica e os conservadores da época.

A mais ferrenha das críticas que Anita recebeu partiu de Monteiro Lobato que na época escrevia para o jornal Estado de São Paulo. Como resultado, outras publicações a atacaram também e quadros da exposição que foram vendidos começaram a ser devolvidos. Por conta da repercussão negativa, a artista ficou um ano sem pintar.

Contudo, no ano de 1919 conhece Tarsila do Amaral. As duas artistas tinham aulas com Pedro Alexandrino, que ajudava Anita a vender seus trabalhos, e George Fisher Elpons. Anita integrou o Grupo dos Cinco, composto por Tarsila, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade e participou da Semana de Arte Moderna, no ano de 1922, com 22 trabalhos.

De 1923 a 1928, Anita retornou à Europa para estudar com uma bolsa do Pensionato e realizou exposições em Berlim, Paris e Nova York. De volta ao Brasil em 1929, encontrou um ambiente muito mais favorável para quem se dedicava às artes, o que a fez se estabelecer definitivamente em São Paulo. Além de criar seu próprio ateliê, onde criava e dava aulas, também trabalhou como professora no Mackenzie College. Em 1942 foi nomeada presidente do Sindicato dos Artistas de São Paulo.

O estilo de Tarsila é facilmente reconhecido por sua liberdade de composição, pinceladas livres que valorizam os tons fortes e uma técnica de luz que foge ao clássico claro e escuro. A figura central e o fundo da tela ganham um destaque dinâmico e tenso que não passam despercebidos ao observador.

Entre as principais obras de Tarsila do Amaral são Burrinho Correndo (1909), O Farol (1915), A Estudante Russa (1915), O Homem das Sete Cores (1916), A Boba (1915-16) e A Onda (1917). A artista faleceu em 6 de novembro de 1964, em São Paulo.

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Alfredo Volpi – a segunda fase do modernismo no Brasil

Conhecido principalmente por suas representações de bandeirinhas de festa junina e casarios, o pintor ítalo-brasileiro Alfredo Volpi destacou-se na segunda fase do modernismo no Brasil. Participou das três primeiras Bienais Internacionais de São Paulo, dividindo com Di Cavacalti o prêmio de Melhor Pintor Nacional de 1953.

Alfredo Volpi nasceu em 14 de abril de 1896, em Lucca, na Itália. Um ano após o seu nascimento, seus pais decidiram imigrar para o Brasil, estabelecendo-se na cidade de São Paulo. Ainda criança, Volpi estudou na Escola Profissional Masculina do Brás (atual Escola Técnica Estadual Getúlio Vargas) especializada no ensino das artes e ofícios, e que tinha como principal objetivo qualificar as camadas populares para o trabalho na indústria e no comércio.

Após sua formação, o jovem Volpi começou a trabalhar como marceneiro, entalhador e encanador. Já em 1911 iniciou o ofício de pintor decorador, pintando sobre madeiras e telas. Seus principais clientes eram famílias da alta sociedade paulista e durante algum tempo ele dividiu os trabalhos com o amigo Antonio Ponce Paz, pintor e escultor espanhol. Em 1918 realizou a decoração mural do Hospital do Ipiranga, projeto que também teve a participação do pintor Alfredo Tarquínio.

Volpi participou do influente Grupo Santa Helena, que iniciou as suas atividades com os artistas Francisco Rebolo e Mario Zanini, na década de 1930. Também participa da formação do Sindicato dos Artistas Plásticos em 1936 e no ano seguinte, torna-se membro da Família Artística Paulista. Foi nessa ocasião em que realizou a sua primeira exposição individual.

As primeiras obras de Volpi são figurativas, compostas principalmente pela série de marinhas e paisagens urbanas, realizadas em Itanhaém. Uma de suas influências na época era o pintor italiano Ernesto de Fiori que recém-chegado da Itália ensina a importância dos elementos plásticos e formais na pintura, além do uso de cores vivas e foscas. Aprendizado que ajudou Volpi a se tornar um grande colorista.

Contudo, em 1950 Volpi viaja para a Europa e tem passagens por Paris e Veneza e intensifica o seu interesse por pintores pré-renascentistas. Conhece também as obras do pintor renascentista Paolo Uccello e fica maravilhado com os jogos de ilusão que criam um efeito em que a figura se projeta para frente. A obra de Volpi então evolui para um abstracionismo geométrico, destacando-se a série de bandeiras e mastros de festas juninas. Na mesma época, pinta afrescos para a Capela da Nossa de Fátima e alguns quadros com temas religiosos.

Algumas das principais obras de Alfredo Volpi são Mulata (1927), Festa de São João (1953), Grande Fachada Festiva (1950) e Sereia (1960). O artista continuou a sua produção artística até meados dos anos 1980 e é possível ver um gradual amadurecimento em seus trabalhos. Alfredo Volpi faleceu em 1988, aos 92 anos de idade, na cidade de São Paulo.

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O modernismo vibrante e tropical das obras de Di Cavalcanti

Referência quando se trata de arte com temas tipicamente brasileiros, Di Cavalcanti é um dos mais ilustres artistas nacionais modernistas. O artista é reconhecido por suas cores vibrantes, formas sinuosas, representação do carnaval e de mulatas.

Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo nasceu em 6 de setembro de 1897, no Rio de Janeiro. Vindo de uma família tradicional pernambucana, com apenas 11 anos de idade teve aulas com o pintor Gaspar Puga Garcia. Após a morte de seu pai começou a trabalhar fazendo ilustrações para a Fon-Fon, famosa publicação que circulou entre 1907 a 1958, consagrada por suas caricaturas políticas e charges sociais.

Em 1916 Di Cavalcanti foi para São Paulo estudar na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Porém se manteve em contato com a arte, conservando o hábito de pintar e ilustrar. Frequentou o ateliê do artista alemão George Fischer Elpons e conheceu os irmãos Mário e Oswald de Andrade que se tornaram seus amigos.

O ano de 1922 foi de muitas mudanças para Di Cavalcanti, além de largar os estudos de Direito, ajudou a idealizar, organizar e a criar o conteúdo promocional da primeira Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal de São Paulo. Viajou para a Europa em 1923, como correspondente do jornal Correio da Manhã, e lá teve contato com diversos artistas como Pablo Picasso e Matisse. Frequentou a Academia Ranson onde estudou a simplificação do desenho e da cor e também expôs suas obras em Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdã e Paris.

Permaneceu na Europa por cerca de três anos e este período exerceu grande influência sobre a sua produção artística e o desenvolvimento do seu estilo, a qual adaptou temas nacionais. De volta ao Brasil, trabalhou como jornalista e ilustrador do jornal Diário da Noite. Filiou-se ao Partido Comunista em 1928 e passou a se preocupar ainda mais com as questões sociais do país.

Nos anos seguintes ilustrou livros de Jorge Amado, Vinicius de Moraes e também as obras Uma Noite na Taverna e Macário de Álvares de Azevedo. Em 1953 ganhou o prêmio de melhor pintor nacional na IV Bienal de São Paulo, já em 1956 foi premiado na Mostra de Arte Sacra, na Itália.

Em suas obras, Di Cavalcanti costumava retratar cenas carnavalescas, figuras humanas, especialmente mulatas, bordéis, paisagens e natureza morta. O artista usava cores vibrantes, sobretudo tons avermelhados. Destacam-se entre as suas principais obras: Pierrete (1922), Pierrot (1924), Samba (1925), Mangue (1929), Cinco Moças de Guaratinguetá (1930), entre outras.

Ao longo de sua vida Di Cavalcanti foi pintor, desenhista, ilustrador, muralista e caricaturista. Faleceu aos 79 anos, no Rio de Janeiro. Em homenagem ao centenário do seu nascimento, em 1997 foram realizadas algumas exposições com obras de Di Cavalcanti como “As Mulheres de Di” e “Di, meu Brasil Brasileiro”, ambas no Rio de Janeiro.

Para conhecer mais obras do artista acesse a pasta que criamos: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-matérias-do-site/di-cavalcanti/

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